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Cruzeiro pede rescisão contratual com a Minas Arena e cogita usar datas do estado no Mineirão

Clube celeste entende que operadora do estádio já deve cerca de R$ 25 milhões

postado em 25/05/2016 13:13 / atualizado em 25/05/2016 19:30

Ramon Lisboa/EM D.A Press

O Cruzeiro confirmou nesta quarta-feira que enviou à 32ª Vara Cível de Belo Horizonte o pedido de rescisão contratual com a Minas Arena, empresa concessionária do Mineirão. São vários os motivos responsáveis por levar o clube a solicitar o encerramento do vínculo, como a indisponibilidade de todas as vagas de estacionamento nos dias de jogos, os eventos simultâneos às partidas da Raposa, a venda de ingressos da gestora abaixo do preço mínimo estabelecido em contrato entre as partes e as mais de 400 ações movidas por torcedores por causa de incidentes operacionais na reabertura do estádio, no clássico contra o Atlético em fevereiro de 2013. Responsável por representar o Cruzeiro, o advogado Felipe Cândido deu detalhes em contato com a reportagem do Superesportes.

“A Minas Arena, há cerca de 30 dias, entrou com ação dizendo que o Cruzeiro lhe devia R$ 8 milhões. O Cruzeiro foi citado, fez sua defesa entendendo que não deve nada e, por decisão de sua diretoria, pediu, em reconvenção, a rescisão do contrato e uma indenização da Minas Arena”. Na reconvenção (ação contra o autor) protocolada nesta quarta-feira e com possibilidade de ser aceita pela Justiça na próxima semana, logo depois do feriado prolongado, o Cruzeiro cobra R$ 25 milhões da gestora do Gigante da Pampulha. Em shows como os de Paul McCartney e Elton John, o clube entende que deveria receber multa de R$ 2,5 milhões por evento.

Outro motivo que gerou descontentamento por parte do Cruzeiro foi o fato de o alto-falante do estádio ter tocado o hino do Atlético em um jogo com mando de campo azul. Felipe Cândido lamentou o fato e criticou todos os problemas envolvendo a concessionária. “A Minas Arena, não se sabe o por quê, declarou guerra ao Cruzeiro, que deveria ser tratado a pão-de-ló, mas é visto como inimigo”.

De acordo com o advogado, a rescisão do contrato com a Minas Arena não impedirá o Cruzeiro de jogar no Mineirão. Isso porque, segundo ele, o estado reserva 66 datas por ano para que os três clubes interessados possam utilizar a arena. “O Mineirão é um bem público que foi alvo de licitação vencida pela Minas Arena, que se tornou concessionária por 27 anos. O estado reservou para si 66 datas de eventos de futebol ao longo de um ano. Quaisquer agremiações, como Cruzeiro, Atlético e América, podem fazer uso, com direito a 54,2 mil ingressos, 100% de estacionamento e placas de publicidade. Ou seja, mesmo sem o contrato de fidelidade, o clube pode continuar jogando no Mineirão”, ressaltou Felipe Cândido.

“O Cruzeiro perderia alguns benefícios, mas não pagaria despesa para usar o estádio. Assim como ocorreu com o Atlético na final da Copa Libertadores de 2013, quando o clube jogou sem o pagamento de despesas. O Cruzeiro julgou que deveria ser tratado de maneira igual e por isso entrou na justiça”, acrescentou.

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Minas Arena disse não ter sido informada sobre o assunto. Há pouco mais de dois meses, a empresa havia acionado o Cruzeiro na Justiça (leia aqui).

Cadeira cativa

Na manhã desta quarta-feira, por meio de seu perfil no Twitter, a Minas Arena anunciou venda de cadeira cativa a R$ 50 mensais, sem dar muitos detalhes de como funcionará a comercialização. O Cruzeiro contesta esse valor inferior ao custo dos ingressos por partida.

“A Minas Arena, nessa guerra que declarou ao Cruzeiro, está anunciando a comercialização da cadeira cativa do Mineirão, que, supostamente, o torcedor teria direito a assistir a todos os jogos. O valor é inferior e o torcedor tem que ficar atento. Nós pedimos para que o torcedor tome muito cuidado com a aquisição do ingresso. Primeiro porque nós temos que trabalhar com a hipótese, ainda que seja muito remota, de o Cruzeiro ter que procurar outro estádio para jogar. Aí o torcedor pagaria por algo que ele não usufruiria. Segundo que, comprando esse ingresso da Minas Arena, o cruzeirense deixa de contribuir para as receitas do clube”

Cândido ainda cogitou a possibilidade de a Raposa mandar seus jogos no Independência. “A BWA tem procurado o Cruzeiro de maneira insistente para fechar acordo para algumas partidas”, concluiu.

Dívida

Felipe Cândido afirmou que o Cruzeiro tem conhecimento do pedido da Minas Arena à Justiça para que a clube pague 25% da renda líquida das partidas da equipe como mandante no Mineirão em juízo. Esse débito é referente à dívida de cerca de R$ 9 milhões da Raposa por não pagar as despesas do estádio em dias de jogos do time. A diretoria celeste deixou de efetuar o pagamento das taxas depois da partida final da Copa Libertadores de 2013, entre Atlético e Olimpia. Na ocasião, o Galo fez um acordo mais vantajoso e conseguiu benefícios que o clube celeste não desfrutava.

“O Cruzeiro sabe, informalmente, que tem algo em relação a isso (pedido da Minas Arena à Justiça) por esses 25% da renda líquida das partidas no Mineirão. Porém, não sabemos ainda se foi deferido ou não. Não foi publicado essa decisão ainda e nem fomos avisados sobre isso no momento”, disse.

Alguns argumentos do Cruzeiro para pedir rescisão com a Minas Arena:

- Indisponibilidade de utilizar todas as vagas do estacionamento nos jogos;
- Venda de ingressos por preço inferior ao mínimo estabelecido em contrato entre as partes;
- Reprodução do hino do Atlético em jogo com mando de campo do Cruzeiro;
- Ações movidas contra o Cruzeiro após os incidentes operacionais na reabertura do estádio, em fevereiro de 2013;
- Pagamento de multa de R$ 2,5 milhões por parte da Minas Arena ao Cruzeiro em virtude de realizações de outros eventos;
- Isenção de despesas operacionais, conforme ocorrido com o Atlético na utilização do estádio em partidas importantes;

Em nota enviada à imprensa às 19h10, a Minas Arena se posicionou:

Com relação à informação veiculada na imprensa no dia de hoje, sobre a defesa apresentada na Justiça pelo Cruzeiro Esporte Clube, a concessionária que administra o Mineirão informa que não foi intimada oficialmente. A concessionária sempre lidou com o clube e sua torcida de forma transparente e foi surpreendida pelo pedido de rescisão contratual noticiado pela imprensa após acionar o Cruzeiro judicialmente solicitando cobrança da dívida referente ao reembolso de parte dos custos das partidas.

Vale lembrar que a Justiça concedeu decisão favorável à concessionária, referente à causa movida pela empresa em março/16, no qual foi determinado bloqueio e o depósito em juízo do valor correspondente a 25% da receita líquida das próximas partidas realizadas sob o mando do Cruzeiro Esporte Clube, para ressarcimento da dívida do clube.

A concessionária afirma ainda que cumpre rigorosamente as cláusulas contratuais vigentes, inclusive em pontos levantados pelo clube em entrevistas à imprensa, e informa que não foi notificada pelo Cruzeiro com relação aos temas abordados.

Importante ressaltar que o Mineirão não cobra do clube por aluguel ou cessão de espaço, e sim, por reembolso dos valores referentes às despesas com terceiros, tais como segurança, limpeza, brigadistas, sinalização, água e luz.

A concessionária reafirma que está aberta ao diálogo com o clube e que o estádio estará sempre de portas abertas para o Cruzeiro e todos os clubes mineiros.

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