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Jogo 500, inspiração em Alex e Tríplice Coroa pelo Cruzeiro: bate-papo com Thiago Neves

Perto de completar marca histórica na carreira, jogador concedeu entrevista ao Superesportes e falou sobre o desejo de se tornar ídolo do clube celeste

postado em 27/03/2017 06:00 / atualizado em 27/03/2017 14:41

Edésio Ferreira/EM/D.A. Press

Principal contratação do Cruzeiro em 2017, Thiago Neves ainda dá seus primeiros passos no clube. Mas é vestindo a cor azul que o meio-campista de 32 anos, ídolo do Fluminense e com grandes passagens pelo futebol árabe, alcançará a histórica marca de 500 jogos na carreira profissional – nesta segunda-feira, às 20h, contra o Uberlândia, no Parque do Sabiá, pela nona rodada do Campeonato Mineiro. Em bate-papo com a reportagem, o jogador fez uma espécie de viagem no tempo: recordou o começo no Paraná, em 2005; o sucesso no Flu em três passagens; o curto período na Europa; as experiências no Oriente Médio e a sensação de defender a Seleção Brasileira sob o comando de Mano Menezes. Com relação ao Cruzeiro, sua casa pelos próximos três anos, os objetivos são ousados: além da meta de 20 gols na primeira temporada, ele pretende repetir o feito de 2003 e conquistar a Tríplice Coroa (Estadual, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro). Sua principal inspiração é Alex – grande referência daquele elenco celeste –, de quem o camisa 30 é fã declarado desde os tempos de Coritiba, ainda na década de 1990. Leia abaixo a entrevista exclusiva de Thiago Neves ao Superesportes.

Você fará o jogo de número 500 da carreira jogando pelo Cruzeiro. Qual a sensação de alcançar essa marca?

Para mim é uma marca especial, porque é difícil chegar a 500 jogos, né?! Ainda mais num time como o Cruzeiro, num clube como o Cruzeiro. Claro que estou feliz. Vou ficar ainda mais feliz se puder fazer meu primeiro gol nesse jogo de número 500. Já estou me cobrando para fazer o primeiro gol. Espero que saia nesse jogo, pois será importante para mim e para o Cruzeiro. Vamos ver se sai esse primeiro golzinho.

Então vamos fazer uma linha do tempo da carreira. Como foi o começo no Paraná Clube?

O começo foi bem difícil. Para ir para os treinos dependia de ônibus. Gastava 40 minutos. No começo você não tem aquela condição de ir de ônibus, então, por muitas vezes, ia treinar de bicicleta. Fiquei por um bom tempo sem treinar também, por não ter condições. Aí o diretor da categoria de base – o filho dele também era muito meu amigo – passava e me dava carona. Foi assim por três anos, até que cheguei aos juniores. Nos juniores começa a ficar mais sério. Então fui morar no clube, pois estava cotado para disputar a Taça São Paulo. Isso em 2002, se não me engano. Aí as coisas começaram a ficar mais sérias. No segundo ano de juniores disputei a Taça São Paulo e depois subi para o profissional. Foi tudo muito rápido: em 2005 estava no Paraná, em 2006 eu saí para o Japão, depois Fluminense e hoje estou no Cruzeiro.

A partir de que momento se mostrou confiante e pensou: "agora vou ser jogador profissional"?

Levei a sério mesmo no meu primeiro ano de juniores. Até lá era reserva, chegava ao clube e ficava de fora, às vezes sabia que não ia entrar e desanimava um pouco... mas quando levei a sério mesmo, no primeiro ano de juniores, decidi que queria ir a fundo no futebol.

Depois do Paraná Clube, você teve uma experiência no futebol japonês (Vegalta Sendai) - a primeira fora do país. Como foi esse período?

Borges, Lopes e eu fomos juntos para o Japão. Foi uma baita experiência, a primeira vez que saí do país. Fui morando sozinho, depois minha mãe foi para lá. Todos me ajudaram, principalmente o Joel Santana. Para mim foi muito bom. Quando voltei para o Fluminense, era outra pessoa, com outra cabeça, com outro estilo de jogo. Para mim, como jogador, foi importantíssimo.

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E aí teve o retorno ao Brasil para defender o Fluminense, onde se tornou muito conhecido...

Se não me engano, o Fluminense tinha contratado 17 jogadores. Queria montar um time novo. Cheguei como mais um, né?! Tinham acabado de contratar o Carlos Alberto, e eu seria o reserva do Carlos Alberto. E o Carlos Alberto estava machucando direto. Foi ali que consegui me destacar bem com um treinador que me conhecia bem do Japão, que era o Joel Santana. Depois veio o Renato Gaúcho, um cara que me abraçou. O Carlos também saiu, foi vendido. E aí o Renato me deu a camisa 10. Naquela época ele foi um paizão para mim. Me deu confiança para jogar e tudo dava certo.

Na final da Copa Libertadores de 2008 você fez três gols e levou o Fluminense para a disputa de pênaltis contra a LDU. Pelo que jogou naquela partida, o erro na cobrança talvez tenha sido injusto. Aquela apresentação foi a melhor de sua carreira?

Foi o jogo mais importante da minha carreira, sem dúvidas. Mas não foi melhor. Houve vários jogos que me apresentei melhor – pelo Flamengo, pela Seleção na Olimpíada. Foi o mais importante sim (a decisão contra a LDU), mas tenho certeza que aqui no Cruzeiro virão outras melhores. E com o time que temos, vamos conseguir vencê-las.

EUROPA

No fim de 2008, o Fluminense o negociou com o Hamburgo. Foi a sua única passagem pela Europa. Como você avaliou o curto período na Alemanha?

A minha escolha foi errada. Hoje me arrependo de ter saído do Hamburgo. Forcei para sair, mas não deveria ter saído. Peguei um frio lá na Alemanha que não estava acostumado. Joguei em outra posição, fui solicitado a ganhar massa muscular. Arrependo-me da saída. Mas a escolha (pelo clube) também foi errada. Tinha opção de ir para o Atlético de Madrid ou para o Hamburgo. Talvez se tivesse escolhido ir para o Atlético teria sido um pouco melhor, em função do estilo de jogo da Espanha.

E qual foi o critério para aceitar a oferta do Hamburgo em vez do Atlético de Madrid?

A escolha não foi apenas minha – havia empresários também. Para o meu futebol seria melhor a Espanha. Aí depois veio o arrependimento de sair da Alemanha. Quando saí, vi que tinha feito besteira, tinha ter ficado um pouco mais e aguentado o começo, que é difícil para todo mundo. Joguei muito pouco no Hamburgo – se não me engano quatro vezes como titular (do total de nove jogos) e outros entrando no decorrer do jogo. Mas como alguns jogadores que jogavam entre os titulares saíram ao fim da temporada, talvez eu poderia começar a temporada seguinte como titular. Não sei, né?!

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Houve outras dificuldades além do clima frio na Alemanha?

Estava jogando solto, tinha acabado de voltar da Olimpíada (ganhou o bronze com a Seleção nos Jogos de Pequim, em 2008), e no Brasil você corre para lá, corre para cá, decide os jogos... Lá na Alemanha não, lá você tem que ser tático e ficar numa posição. Eu, como corria o campo inteiro, era criticado mesmo achando que estava jogando bem. Até você aprender, demora. E aí, quando aprendi, já estava de saco cheio, não estava jogando, não conseguia fazer nenhuma jogada. Aí queria sair. Apareceu o negócio da Arábia, mas preferi voltar para o Fluminense (por cinco meses) para recuperar meu futebol.

Nota: Já negociado pelo Hamburgo com o Al Hilal, Thiago Neves jogou por cinco meses no Fluminense em 2009.

ARÁBIA SAUDITA

E a trajetória na Arábia Saudita para defender o Al Hilal?

Gostei (da passagem pela Arábia Saudita). Eles são apaixonados pelos (jogadores) brasileiros. Qualquer jogador brasileiro que pisa lá eles dão de tudo. Gostam quando você começa a falar a língua deles – eu me virava e falava tudo errado (risos), acho que é por isso que eles gostaram de mim. Quando saí, muita gente me pressionou para ficar. O presidente e todo mundo queriam que eu ficasse. Foram três anos e meio no Al Hilal. Chega uma hora que você pensa: acho que já deu. Vamos sair daqui, vamos viver outros ares. Lá era muito rígido. Para a Marcela, minha esposa, foi muito difícil. Para sair era só shopping. Tem que usar burca. Quando fomos para Abu Dhabi, ficou mais tranquilo. Mas na Arábia Saudita era muito difícil.

Como é a qualidade do futebol saudita?

Há muitos bons jogadores. O problema é que são preguiçosos... mas eles têm muita qualidade. Nosso time era bom também, isso me ajudava. Lá só podem quatro estrangeiros – um asiático e três de outros continentes. E a gente, quando sai daqui, é muito pressionado. Você tem que resolver. Eles te contratam para resolver o problema deles. Eles querem que você chegue e decida. O time que eles montaram, na época, me favoreceu muito a fazer esse tanto de gols.

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E os treinos?

Estilo de treino lá é europeu. Geralmente, os técnicos são europeus. Os treinos duram entre 40 minutos e uma hora, mas são muito intensos. Aqui no Brasil é diferente: você treina uma hora, uma hora e meia, duas horas. Mas aí tem a pausa, você bebe uma água, fica enrolando... lá (na Arábia) não, lá te dão um minuto para a água e voltam de novo. Lá a intensidade é maior, embora o tempo seja mais curto.

Aprendeu a falar o idioma árabe?

Entendo mais ou menos o que eles falam. Quando eles estão conversando, consigo compreender o assunto, mas não consigo falar. Às vezes misturava português, inglês, árabe... (risos).

Como era o passatempo durante as folgas na Arábia Saudita?

Pouca coisa. A gente reunia com os estrangeiros – lá também havia muitos brasileiros. A gente reunia para jogar pôquer, baralho, fazia churrasco. Era o que tinha para fazer. Não tinham muitas opções de lazer. Mas a comida típica de lá, que era o carneiro com o arroz, eu gostava muito. Era bom demais. E há vários restaurantes de muita qualidade.

RETORNO AO FLUMINENSE

No retorno ao Brasil, você foi contratado para jogar pelo Flamengo, que é rival do Fluminense. Seus números foram positivos - 21 gols em 57 jogos. De que forma avalia sua passagem pelo clube?

No Flamengo eu cheguei com desconfiança grande, pois já tinha jogado no Fluminense. Fui bastante cobrado. Conseguimos ser campeões do Campeonato Carioca de maneira invicta e fizemos uma campanha boa no Brasileiro. Fazer 21 gols jogando num time que tinha Ronaldinho Gaúcho, Deivid e outros renomados foi perfeito para mim. Foi um grande ano, um dos melhores da minha carreira. Tinha tudo para ficar, mas acabei saindo como ‘traidor’ e indo para o Fluminense. Depois todos souberam da história: foi o Flamengo que deu mole com o Al Hilal e não pagou. O Fluminense foi lá e pagou.

O ano de 2012 foi inesquecível para o Fluminense, que conquistou o Campeonato Brasileiro. Um dos seus colegas de elenco era Rafael Sobis, que joga contigo no Cruzeiro. Tinha também o Fred, hoje no Atlético. Como era a relação daquele Fluminense campeão?

O ambiente nosso era fundamental. O Rafa (Sobis) e eu até falamos com os jogadores aqui que o ambiente (na Toca da Raposa II) está bem parecido com o nosso daquela época. Era muito bom. Todo mundo era da bagunça, mas quando chegava em campo todos correspondiam. E a gente tinha o cara que decidia para a gente. A gente fazia tudo, pois sabia que o Fred ia decidir. O time o deixava descansando na frente, todos corriam e se empenhavam, e quando a bola chegava para ele, ele decidia. Do roupeiro ao porteiro, era brincadeira toda hora, todo mundo junto. Por isso ganhamos o Carioca e o Campeonato Brasileiro.

Ainda recebe mensagens de torcedores do Fluminense?

Tenho um carinho pelo Fluminense. Tenho amigos que trabalham lá. E vários torcedores mandam mensagem pedindo para voltar: ‘você é o nosso 10’. O Fluminense foi muito bom na minha vida, mas hoje são outras cores, né?! Quando jogar contra, vai ser a mesma coisa da época do Flamengo. Eu enfrentava e queria ganhar. Hoje é a mesma coisa como jogador do Cruzeiro: vou querer ganhar os jogos.

COBRANÇAS DE FALTA

Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press
Um de seus principais pontos fortes é a qualidade na cobrança de falta. Há expectativa em marcar o primeiro gol  pelo Cruzeiro nesse tipo de jogada?

Uma hora vai sair. Óbvio que quero fazer o gol, mas estou bem tranquilo. Temos jogadores que batem bem na bola. Com relação às faltas, não sou fominha. Sei que depende da distância e da posição onde a bola será batida. O Arrascaeta bate bem na bola, o Robinho gosta de chutar mais de perto, o Sobis gosta de chutar mais de longe. Há vários estilos. Eu tenho um lado que gosto de bater. Do outro nem fico perto e deixo para eles baterem. Porém, quando sair do meu lado, a preferência será minha. Quem sabe não sai nesta segunda? A falta tem que acontecer também, né?! E tem que ser do lado certo. Aí sim.

Qual a importância da repetição nos treinos para aprimorar o rendimento no fundamento?

Entre 15 e 20 cobranças para pegar a batida visando ao jogo, até porque você joga de Nike num dia, no outro vai de Penalty, outro é Topper. Tem que conhecer a bola e pegar a batida. A falta lateral não sou muito de treinar, pois sei onde tenho de mandar a bola. A frontal gosto de treinar, pois ali é uma só durante o jogo. Se você tem uma batida certinha, ajeitada, dificilmente vai errar. Não tem jeito.
 
Existe alguma referência no futebol que você seguia para bater faltas?

Minha referência era o Alex, que é de Curitiba, ele jogou no Coritiba – e eu, quando pequeno, torcia pelo Coritiba e ia ao estádio ver os jogos. Quando eu cheguei ao Cruzeiro, o Alex me mandou mensagem. Já o encontrei várias vezes em Curitiba. Na minha casa (em Curitiba) tenho três camisas que pendurei (em quadro): a do Ronaldo Fenômeno no jogo de despedida (da Seleção Brasileira), em que eu estava; a do Ronaldinho Gaúcho, só com a assinatura dele; e a do Alex pelo Coritiba, em que ele assinou também.

Por falar em Alex, qual foi a mensagem que ele te passou quando você acertou com o Cruzeiro?

Deu-me os parabéns e me desejou boa sorte. Disse que estaria torcendo e falou que chegou a peça que faltava, que eu ajudaria muito o time. Deu as boas-vindas e disse que eu ia comprar uma casa (em Belo Horizonte) e que iria me apaixonar (pela cidade).

Há alguma semelhança entre as suas características e as dele?

Eu acho que ele tem mais visão de jogo. O passe dele para alguém finalizar era mais perfeito que o meu. Eu já sou mais de movimentar, de cair pelos lados. O Alex era mais de ficar centralizado e com a chegada na área. Mas aprendi muitas coisas. E na bola parada sempre era o Alex.

Quando o nome do Alex é citado, a primeira lembrança é a da conquista da Tríplice Coroa, em 2003 (Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro). Dá para repetir esse feito em 2017?

Óbvio que dá. Com o time que a gente tem, por que não?! É chegar lá e, na hora da foto, trazê-lo para participar.

SELEÇÃO BRASILEIRA

O Mano Menezes foi o treinador que mais te deu oportunidades na Seleção Brasileira. Avalie sua passagem com a amarelinha...


É muito bom quando você vai para a Seleção. Sua confiança aumenta, você se sente um jogador importante e, quando volta para seu clube, sente que tem de se comportar de maneira diferente, com responsabilidade de decidir. Com o Mano eu jogava em várias posições, então também me sentia importante para ele. Quando fomos jogar um amistoso contra a Colômbia, ele me colocou do lado esquerdo para marcar o Cuadrado. Um moleque daquela velocidade, ele me colocou do lado esquerdo para marcá-lo? Aí no mesmo jogo, ele me passou para o lado direito. Então me sentia importante, na hora em que ele precisasse, poderia contar comigo. Até mesmo no Flamengo ele me convocava.

Quando houve a demissão dele, mandei uma mensagem agradecendo por tudo que ele fez por mim, pelas convocações. E ele mesmo respondeu: eu que te agradeço por tudo e pode ter certeza que um dia vamos trabalhar juntos. Hoje estamos aí, lado a lado no clube. E bem, né?! Ele é muito bom treinador. E eu estou motivado, pois sei que ele pode contar comigo quando quiser.

Nota: Thiago Neves fez sete partidas pela Seleção Brasileira, sendo seis sob o comando de Mano Menezes e uma com Dunga.

Ainda pensa em Seleção Brasileira?

Muito pouco. Claro que se tiver a chance de ir, eu vou. Mas fica muito difícil, até pela qualidade dos jogadores que tem lá, sobretudo no meio-campo. Mas se tiver jogando bem aqui, a oportunidade pode aparecer. Mas o foco hoje não é a Seleção.

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Mano Menezes fez algum tipo de contato contigo antes de sua contratação pelo Cruzeiro?

Não. Primeiro contato foi feito por uma pessoa do clube ao meu empresário. Na época houve uma conversa, eu disse que tinha interesse e falei que resolveria a situação do Al Jazira primeiro. Depois que fui conversar com o Cruzeiro. Só fui ter contato com o Mano quando cheguei aqui.

Por que a escolha pelo Cruzeiro?

Busquei referências do clube e todos falaram bem. Todos elogiaram a tranquilidade que é trabalhar aqui e jogar aqui. Falaram que a torcida é apaixonada, que vai incentivar o time o tempo inteiro. A estrutura que dão aqui dentro: o hotel, os campos de treinamento, o sossego que é para trabalhar. O time também – você tem que pensar nisso –, que já estava montado com uma comissão de alto nível, com atletas de Seleção, uma torcida apaixonada... um time que havia acabado de ser bicampeão... acho que escolhi o time certo. Não quis nem ouvir todos os clubes e disse: ‘vou para lá’. Até por ter vários amigos aqui também: o Sobis, o Dedé, o Henrique, o Fábio. Minha escolha foi certa.

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Quem te ajudou nessa escolha?

Liguei para o Sobis. Falei com o Dedé também. Perguntei para jogadores de outros clubes e passaram por aqui. Todos falaram muito bem do Cruzeiro.

Quais os projetos para esse primeiro ano no clube?

O importante é começar bem o ano e ganhar o Campeonato Mineiro. Também tem a Primeira Liga, que é importante se a gente ganhar. Mas os focos são o Campeonato Brasileiro e a Sul-Americana, pois esses títulos que vão colocar o nome do Cruzeiro lá em cima, até mesmo na América (do Sul). É isso que a gente quer e a sabemos que temos condições para isso. Estamos no caminho certo no Campeonato Mineiro e já nos classificamos na Primeira Liga. É ganhar um dos dois e ver o que acontecerá mais à frente.

O Cruzeiro tem elenco para ganhar as competições que disputará?

A gente tem time e elenco para ganhar as cinco competições. Vemos em alguns clubes que quando trocam três ou quatro jogadores, as dificuldades aparecem, o estilo de jogo muda, fica totalmente diferente. No nosso não. O Mano não muda nem o esquema de jogo, continua o mesmo. Há atletas que jogam menos, mas que quando entram, vão numa vontade imensa de ganhar. Isso para nós é muito bom. Cheguei a um time com um elenco muito forte, com condições de ganhar qualquer coisa. O que disputaremos temos condições de ganhar. A diretoria manteve o Mano, o elenco, e no fim do ano a gente vai sentar e falar: ‘olha, foi fundamental esse planejamento de vocês’.
 
Você se movimentou bastante em suas primeiras partidas pelo Cruzeiro. Existe alguma preferência de posicionamento?

Ele sabe onde pode me utilizar. Tenho minha preferência de jogar mais centralizado, mais no meio. Mas aqui, até pelo esquema que vem do ano passado, com uma formação, estou aberto pela direita, pela esquerda. A gente até estuda o adversário para saber onde vai se posicionar. Estou em casa. Independentemente da posição, me sinto leve. É tentar melhorar a cada jogo.

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Por ser um jogador de meio-campo, você estabeleceu meta ousada de fazer 20 gols em 2017. Concorda?

A meta foi ousada, mas o importante é que todo mundo está motivado e empenhado querendo fazer os gols. Se vou fazer os 20? Não sei. Mas tenho que ter um número e tentar chegar perto dele. Falei aqui e mexeu com todo mundo (risos). O Rafael até pênalti está batendo. Ele quer bater até escanteio direto para o gol.

Muita gente prefere não revelar as metas pessoais, mas você foi diferente - e corajoso - ao expor isso para todos...

É um número muito alto, mas eu tenho que estabelecer isso. Vou tentar alcançá-lo ou ao menos chegar perto.

Tem uma meta geral como jogador do Cruzeiro?

Tenho 165 gols na carreira, né?! Quero fazer o gol de número 200 jogando pelo Cruzeiro. Acho que dá para fazer.

NOVA CASA
 
Como está a adaptação a Belo Horizonte?

A cada dia que passa, estou gostando mais da cidade. Moro num lugar que é muito bom, que está me ajudando, não preciso sair de carro para fazer as coisas, posso ir andando. Estou gostando demais da cidade. A comida aqui é muito boa. Se o cara não tiver um controle, vira um balão (risos). Aqui no clube a comida também é maravilhosa.

Já conheceu algum lugar diferente na cidade?

Não dá tempo de sair muito, até pela sequência de jogos e viagens. Até agora só conheci o BH Shopping (risos).
 
E a recepção dos belo-horizontinos?

O legal é isso, é que todo mundo incentiva, diz que me queria no time dele, fala que sou bom jogador, me dá boa sorte. Isso ocorreu em todos os clubes.

Muitos pedidos para fotos?

As pessoas pedem para tirar foto também. É bem legal.

ORIENTE MÉDIO
 
Reprodução/Instagram
Antes de jogar no Cruzeiro, você defendeu o Al Jazira, dos Emirados Árabes Unidos. Fale sobre o período no país...

Muito bom. Para mim, para minha família. Minha filha tem vários amigos na escola. Quando ela sai da escola, meio que fica chorando, sentindo falta de um ou outro. O período lá foi muito bom. No futebol não foi tão bom, mas para minha família foi maravilhoso. Em Dubai e Abu Dhabi é tudo muito bonito, tudo muito seguro. Você pode sair de qualquer jeito na rua, andando, que todo mundo respeita, ninguém fala besteira. Não tenho nada para falar mal.

Qual a diferença entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos?

Na Arábia Saudita é tudo fechado. Não tem turismo, não tem nada – e a Arábia não quer abrir para turismo. Não pode bebida alcoólica. Tem a reza obrigatória cinco vezes por dia. Fecha tudo, qualquer lugar: shopping, loja, você tem que sair da loja. Dubai e Abu Dhabi é tudo liberado: eles se controlam entre eles. Tem a hora da reza, mas você não precisa sair da loja e nem parar o que estiver fazendo. É tudo normal.

REDE SOCIAL

O uso das redes sociais é uma forma de aproximar o jogador dos torcedores, e você se manifesta principalmente pelo Twitter. Qual o cuidado que um atleta tem que ter com essas plataformas de comunicação?

É importante quando a gente passa alguma coisa para o torcedor. Às vezes, antes de um jogo importante, ele quer que você demonstra que está concentrado. Acho que ele espera isso do jogador. Até quando você está em casa e mostra alguma coisa, ele fica curioso em saber o que você está fazendo. Lógico, com cuidado, pois tem algumas pessoas que pegam as coisas e fazem maldades que complicam a gente.

FAMILIARES

Tem recebido cobranças de sua filha, Maria Carolina, para fazer gols pelo Cruzeiro?

Ela ainda não está pedindo gols. Quando começar a pedir, vai complicar. Mas ela gosta de ir ao estádio. Domingo ela está toda ansiosa para ir ao jogo e entrar comigo em campo, pois ela gosta muito. Qualquer clube que jogo, ela veste a camisa e acompanha.

E Bernardo, seu filho mais novo (1 ano e 4 meses), vai seguir os passos do pai?

Já está começando a pegar o gosto, dando uns chutes com a esquerdinha. Não vou forçar, mas se ele quiser...

QUEM É ELE?

Nome: Thiago Neves Augusto
Data de nascimento: 27/02/1985
Naturalidade: Curitiba-PR
Idade: 32
Altura: 1,80m
Peso: 76 kg
Pé preferencial: esquerdo
Jogos: 499
Gols: 165
Assistências: 107 *
Clubes: Paraná, Vegalta Sendai-JAP, Fluminense, Hamburgo-ALE, Flamengo, Al Hilal-ASA, Al Jazira-EAU e Cruzeiro
Número de títulos: 10

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