Mayra de ouro

Na primeira final do judô brasileiro no Mundial de Chelyabinsk, a meio-pesado Mayra Aguiar conquistou ontem o inédito título mundial. A gaúcha de 23 anos derrotou a francesa Audrey Tcheumeo por wazari, aplicado a menos de dois minutos do fim da luta. Foi o segundo pódio brasileiro, já que, no segundo dia, a meio-leve Érika Miranda, do Minas, havia conquistado o bronze.

 

Em sua caminhada até o pódio, ela também derrotou a norte-americana Kayla Harrison, atual campeã olímpica, na semifinal. Foi a quarta medalha da carreira de Mayra em Mundiais adultos. Ela somava uma prata, em Tóquio’2010, e dois bronzes, em Paris’2011 e no Rio’2013. Agora chegou ao ouro, título que já havia garantido no Mundial Júnior de Agadir, em 2010.

 

Para completar sua coleção, também tem um bronze olímpico, conseguido nos Jogos de Londres’2012, e duas medalhas em Pan-Americanos – prata no Rio’2007 e bronze em Guadalajara’2011. “Eu não ia sair daqui sem o ouro, vim para a Rússia com esse objetivo, não ficaria satisfeita se saísse com menos. Ouvir o hino sempre me emociona, mas dessa vez foi mais difícil segurar o choro. Por causa da cirurgia, passei o réveillon com o joelho inchado, mas realmente acreditando que eu iria ganhar essa medalha. Por tudo o que passei, veio um filmezinho e foi o que me emocionou no pódio”, contou.

O Mundial na Rússia é apenas a segunda competição de Mayra na temporada. A judoca passou por duas cirurgias em dezembro, no cotovelo esquerdo e no joelho direito. Seu retorno aos treinos ocorreu em abril e a reestreia nos tatames foi na metade de julho, no Grand Slam de Tyumen, também em solo russo. Na ocasião, ela foi campeã, justamente contra Kayla Harrison, mas por WO – a norte-americana se machucou e não disputou a final.

 

A raiva parece ter motivado Mayra. “Ela já tinha tirado um ouro meu em um Mundial e em uma Olimpíada, e isso estava me corroendo por dentro. Eu joguei tudo no tatame, comecei muito forte e a tática deu certo. Ela não esperava. Saí acabada da luta e tinha pouco tempo para a final, mas minha cabeça estava muito boa.”

 

Em Chelyabinsk, a brasileira não teve dificuldades para alcançar a semifinal. Venceu duas de suas três primeiras lutas por ippon: a de estreia, diante da italiana Assunta Galeone, e a das quartas de final, contra a russa Alena Kachorovskaya. Nas oitavas de final, derrotou a espanhola Laia Talarn por um yuko. A meta de Mayra, agora, são os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. “Quero ganhar minha medalha de ouro na Olimpíada também. Essa caminhada também vai ser dura, mas tem tudo para dar certo. Quando a gente sonha, o sonho fica muito distante, então eu digo que tenho um objetivo. Vou fazer tudo para deixá-la no Brasil.”

 

Tristeza Outros dois brasileiros competiram ontem, pelos médios. Campeão mundial em 2007 e duas vezes medalhista olímpico, o experiente médio Tiago Camilo não conseguiu passar pela estreia, contra o sérvio Dmitri Gerasimenko, ao perder por um yuko. O grego Ilias Iliadis foi o campeão da categoria ao conquistar sua sexta medalha em Mundial, a terceira de ouro. Em seu primeiro Mundial de Judô, Barbara Timo, também médio, conseguiu uma vitória tranquila na estreia, com um ippon diante da sul-coreana Jin Hye Jeong. Mas a chave não ajudou a progressão da brasileira no torneio. Nas oitavas de final, ela enfrentou a colombiana Yuri Alvear, dona de dois títulos mundiais e bronze na Olimpíada de Londres. A judoca do Brasil conseguiu sair em vantagem no placar, com um yuko, e vencia até os últimos 30 segundos de combate, quando sofreu um wazari e foi eliminada.