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ATLETAS OLÍMPICOS

Parte dos atletas mineiros que competiu na Olimpíada do Rio vem garantindo sequência

Atletas têm patrocinadores, mas a verba de confederações é bem-vinda

postado em 28/02/2017 11:46 / atualizado em 28/02/2017 11:59

AFP PHOTO / NICOLAS PESCHIER
Se seis meses depois da Olimpíada do Rio existem modalidades e atletas que vêm enfrentando dificuldades, como revelou a reportagem da última segunda-feira do Estado de Minas, há esportes e competidores que vivem uma situação mais tranquila, garantida tanto por patrocínio privado quanto por programas governamentais.

Entre os mineiros que estiveram nos Jogos, há uma parcela que se tem mantido por meio do suporte de patrocinadores – alguns gigantes de seus setores, outros médios. Numa das iniciativas de maior peso, a BMF Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo, mantém uma equipe em condições de competir em alto nível. Lá estão representantes do atletismo em destaque.

Em alguns casos, o apoio da confederação tem sido relevante. Além dele, o recrutamento como atleta remunerado das Forças Armadas (R$ 3.200), o que tem levado esses esportistas a participar também dos Mundiais Militares, que ocorrem antes de cada edição dos Jogos Olímpicos.

Remando contra a maré


Única mineira da canoagem, Ana Sátila, de 21 anos, vem se garantindo com patrocínio por meio da Confederação Brasileira de Canoagem (CBC), que cuida de todos os atletas da Seleção Brasileira. Como ela, Daniel Xavier, de 35, do arco e flecha, depende do apoio de sua confederação, ainda que tenha patrocinadores individuais.

“É uma preocupação a menos para o atleta, que pode se concentrar apenas nas competições”, diz Ana. “Contamos com o BNDES e a GE. Além disso, temos a lei de incentivo ao esporte, que nos permite viajar para competir, com transporte, alimentação, deslocamentos e acomodação, tudo por conta da entidade”.

Dessa maneira, ela tem toda a temporada planejada. “Vou participar de duas etapas da Copa do Mundo na Europa, em junho, em Praga e na Alemanha. Em agosto, disputo o Mundial Sub-23, na Eslováquia. Em setembro, o Mundial sênior, na França”

Por ora, Ana não mira especificamente Tóquio’2020. “A temporada de 2019 é que vai contar como classificação olímpica. O Mundial da Espanha será o foco principal. Se não conseguir a classificação, as atenções se voltarão para as seletivas sul-americanas, que devo disputar se tiver ou não a vaga.”

Leandro Couri/EM/D.A Press

No tiro com arco, modalidade pouco conhecida do brasileiro, o mineiro Daniel Xavier vem se valendo da Lei Piva, direcionada pelo Comitê Olímpico Brasileiro. “Não dá para bancar a carreira sozinho. Banco os treinamentos com dinheiro que recebo da FAB. Tenho ajuda da Água Mineral Igarapé. Mas vou precisar competir e para isso dependo da confederação”, conta.

Ele vem treinando diariamente em Belo Horizonte, das 8h às 12h, na pista da Federação Mineira de Tiro com Arco, no Mineirinho. Entre seus planos, claro, está Tóquio’2020. “Já tenho um calendário preestabelecido. Em abril, vou ao México e Porto Rico, para duas etapas da Copa do Mundo que somam pontos. Pretendo disputar torneios do ranking mundial. Preciso disso para me manter na elite. Quero participar da Copa do Mundo e do Mundial, em outubro, também no México.”

Empurrãozinho para o atletismo


É do atletismo que vêm os exemplos mais animadores entre atletas mineiros que participaram dos Jogos do Rio. A maioria conta com o patrocínio da BMF Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo, e de empresas. Neste grupo estão Núbia Soares (salto triplo), de 21 anos, Hugo Balduíno de Souza (velocista), de 30, e Tatiele Carvalho (10 mil metros), de 28.

Núbia conta com dois patrocínios (Bovespa e Nike), além do que chama de emprego: é membro da equipe da Marinha. Segundo ela, isso lhe permite treinar e desenvolver um programa de preparação para as principais competições que virão, em especial o Mundial de Londres, em agosto.

“Nossa maior preocupação é com Tóquio’2020. Não queremos perder nenhum segundo de preparação e estamos planejando participar de várias competições neste ano, não só no Brasil”. Ela revela ainda que a Lei de Incentivo, por meio da Confederação Brasileira de Atletismo, banca as viagens em eventos de grande porte, como classificatórias, eliminatórias e o Mundial. “Tenho de estar em forma, custe o que custar.”

Essa é também a situação de Balduíno, outro patrocinado pela BMF Bovespa. Ele lamenta apenas a saída de alguns apoiadores menores após a Olimpíada: “Dependo de patrocinadores. Logo depois do Rio’2016, o meu treinador fez um planejamento e apresentou. Acho que eles se assustaram e fugiram.”

O velocista vive em Campinas há 10 anos e diz que o fato de ter um espaço para se preparar, o X Parque, com Centro de Treinamento, é uma garantia para continuar no esporte. Há, porém, relativa insegurança mais à frente. “Confesso que vivo com medo do que pode acontecer.”

Tatiele é quem está mais amparada. Além de ser atleta do Exército, tem patrocínio da Cicred, de crédito cooperativo, da Nike, da Clínica Vutu, e compete pela Orcampi-Unimed, equipe de Campinas.

Ela mora em Limeira, no interior de São Paulo, onde treina. Os trabalhos de pista faz em Campinas. Para a mineira, “Tóquio está aí”. “Tenho chances não só nos 10 mil, mas nos 5 mil. E em abril competirei nos EUA, tentando o índice para o Mundial de Londres.” Ela vê nos treinos intensos a maneira não só de garantir patrocínios, mas de evolução técnica. “É uma resposta boa que posso dar a quem me apoia, me ajuda.”


ENQUANTO ISSO...

Clubes como âncora
Os clubes têm sido a salvaguarda para muitos atletas sem patrocínio individual ou fora dos programas das Forças Armadas. Talles Silva, de 26 anos, por exemplo, diz que não conseguiria seguir competindo no salto em altura se não fosse a ajuda de sua agremiação. “Continuo no Pinheiros, que me apoia no que preciso. Me dá ajuda de custo, moradia e alimentação”. Ele diz que isso não é empecilho para que seja competitivo. “Estamos pensando no futuro, em Tóquio’2020. O planejamento é o melhor possível. Começamos a temporada com o foco no Mundial de Londres.”

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