Parti para Caraíva em abril passado, vocês sabem, com planos de abrir uma franquia das FARC e derrubar o Temer. Com o acordo de paz firmado entre a guerrilha e o governo colombiano, acabei infelizmente cooptado pela caipirinha, o bobó de camarão, a praia e o forró. Desde então, eu e Fidel Castro temos esperado a oportunidade de agir. Fidel é o meu pastor e nada me faltará – um pastor-alemão capa preta, legítimo, embora sem registro no Kennel Clube.
Esta semana a oportunidade de retomar a estratégia de combate se deu com a chegada de dois companheiros, de codinomes Du e Xande. Atleticanos, obviamente, porque nessas horas você precisa de gente disposta a lutar, lutar, lutar, sem o que não há como vencer, vencer, vencer.
Fidel Castro ficou cuidando de nossa base em Caraíva, garantindo a retaguarda. Nós três partimos em espécie de Coluna Prestes, adentrando o sertão baiano em direção à Chapada Diamantina. Por enquanto, estamos dedicados a identificar as melhores trilhas por onde se deslocarão as futuras células de nossa guerrilha. Estamos também mapeando e visitando as cachoeiras onde tomaremos nossos banhos e as grutas onde nos esconderemos das tropas do Exército. Sem contar os bares, onde faremos nossa hidratação e alimentação.
Na terra seca do sertão baiano brotam as palmas, os mandacarus, os xique-xiques, e os flamenguistas. A pobreza é uma triste realidade. Mas triste mesmo é a miserável opção clubística desse pessoal que, tendo à disposição o Bahia de Bobô, preferiu trair a pátria e aliar-se aos imperialistas, deixando-se levar pelo Flamengo de José Roberto Wright. Embora muitos deles possam vir a participar do movimento guerrilheiro, temo que outros tantos terminarão no paredón. E o que não falta na Chapada são os paredóns, que também já estão sendo devidamente mapeados em longas caminhadas regadas a Gatorades e barrinhas de cereal.
Pra você, atleticano neoliberal que não está disposto a vir até a Chapada Diamantina com intenções de tomar o poder e implantar uma ditadura bolivariana, saiba que a região guarda as melhores oportunidades de negócios. Isso porque, havendo esse impressionante contingente de flamenguistas, quase a totalidade da população compõe-se de fregueses. Ainda não atingiram a categoria de clientes VIPs, como é o caso dos cruzeirenses, mas caminham para tal, amealhando cada vez mais pontos em seus cartões de fidelidade.
Para Los Três Amigos da Coluna Prestes, o uniforme militar foi trocado pelo manto sagrado do Clube Atlético Mineiro – uma forma de garantir o respeito desses camponeses rubro-negros, e assim cooptá-los para a luta. A estratégia é a seguinte: depois de subjugá-los na última batalha do Independência, estaremos todos juntos para a guerra que se avizinha, na segunda-feira, contra os inimigos do Fluminense – para sempre a CBFlu, apoiada por forças ocultas, eternos devedores da Série B.
O sucesso de nosso empreendimento guerrilheiro depende fundamentalmente do sucesso do Galo. Porque, como é de conhecimento geral, a vida do atleticano se pauta por princípios e valores, mas sobretudo pela tabela do campeonato. Se o Galo sobe, o atleticano se torna otimista desde o trabalho até o casamento; se o Galo cai, nada mais vale a pena – e nesse caso é melhor fazer turismo e morar na praia do que tomar Brasília de assalto como fez Fidel (o comandante, não o pastor) quando invadiu Havana no réveillon de 1959.
Daniel Nepomuceno estabeleceu uma meta (na verdade, “uma obrigação”): chegar ao G-6. Como ensinou a companheira Dilma – ela própria guerrilheira e atleticana –, quando se atinge uma meta, você dobra a meta, e assim por diante. Do que se depreende que, ao atingir o G-6, devemos mirar o G-3. E assim por diante. Como eu disse pro Fidel, antes de bater a porta: avançar sempre, retroceder jamais. Vamos por partes: já subjugamos uns, na segunda abateremos outros. Temer que se cuide, com o Supremo, com tudo, porque de nada adiantará escalar juiz ladrão, como se viu domingo passado. Mantenha posição, Fidel, que já estamos chegando com seus biscrocs. Hasta la victoria siempre!
DA ARQUIBANCADA
Avançar sempre, retroceder jamais
"Estaremos todos juntos para a guerra que se avizinha, na "Segunda-feira, contra os inimigos do Fluminense - para sempre a CBFlu, apoiada por forças ocultas, eternos devedores da Série B"
Fred Melo Paiva /Estado de Minas
postado em 19/08/2017 12:00
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