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COLUNA DO JAECI

Liga com Kalil: garantia de sucesso

Acho que os clubes estão com a faca e o queijo na mão para decidir sua vida. Que se organizem, criem a Liga Nacional, deem uma banana às federações e valorizem o produto que têm

postado em 07/10/2015 12:00 / atualizado em 07/10/2015 08:29

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
A Liga Sul-Minas-Rio está criada e o processo é irreversível. Alexandre Kalil, escolhido o seu CEO, trabalha com mão firme para que seja um sucesso. Conforme antecipei na Bomba de sábado, ele admite até trazer árbitros de fora caso os daqui continuem viciados, favorecendo certos times, e já disse que, independentemente da CBF, a liga é uma realidade. Kalil não quer briga, mas, se preciso, vai encarar quem quer que seja para que os clubes tenham mais recursos e parem de ser explorados. Quem perde são as federações estaduais, que, há meu ver, há anos não têm necessidade de existir. Para organizar um Estadual falido e sem atrativos, os próprios clubes dão conta. Há muito essas competições são retrógradas, sem apelo, ultrapassadas. Só não vê quem não quer. A média de público é ridícula e os grandes clubes perdem tempo e dinheiro.

Acho que a Liga mesmo pode organizar um Estadual mais enxuto, disputado em um mês, com os times de porte usando garotos até 23 anos. Seria uma forma de dar a eles experiência para quando disputarem as grandes competições. Minha opinião, porém, é conhecida há tempos: sou pelo fim dos estaduais. Sonhei com um Brasileiro por pontos corridos, e o temos desde 2003. Também sonho com a CBF cuidando apenas da Seleção e os clubes formando a própria liga. Como a que foi criada. É caminho sem volta. Os dirigentes dos clubes devem ser capazes de gerir o próprio destino, discutindo cotas com a TV e fazendo valer o direito de igualdade.

Um fator primordial: por que Flamengo e Corinthians têm mais direito financeiro do que Galo e Raposa? Que haja igualdade para todos nas cotas, premiando-se campeões e vices com parcelas maiores. Como é na Europa. Na Inglaterra, por exemplo, os 20 clubes da Premier League recebem fatias iguais. O que os diferencia é na divisão do que foi arrecadado, em que a premiação aos melhores é feita com uma verba a mais. Isso motiva as agremiações, e ninguém pode se queixar de que não teve dinheiro para montar time.

Acho que os clubes estão com a faca e o queijo na mão para decidir sua vida. Que se organizem, criem a Liga Nacional, deem uma banana às federações e valorizem o produto que têm. Ninguém melhor do que Kalil para ser o CEO. Aliás, já o defendi para presidente da CBF um dia. É um cara extremamente capaz, sério e correto. Tanto que foi ungido a executivo da liga sem sequer saber. Quando houve a votação, ele descansava em Paris.

Mérito por tudo o que fez no Atlético, tirando o clube de uma fila de anos sem conquista importante. Kalil sabe brigar como poucos. Mas também sabe ser cordial e leal se necessário. Com ótimo trânsito na CBF, é amigo de Marco Polo del Nero, que sempre atendeu o Galo. Kalil sabe que terá o apoio da entidade, que não vai querer briga com ele, tampouco com a liga. E assim caminhamos para a modernização. Não há mais como os clubes ficarem disputando competições que dão prejuízo. O mundo mudou, a crise está aí batendo à porta de todos, e com o futebol não é diferente. Agora, que têm direito ao Refis para quitar dívidas fiscais, os clubes não podem mais vacilar nem brincar de fazer futebol. É encarar tudo com a máxima seriedade, gastando somente o que podem, dentro de orçamento pré-estabelecido.

Pena que os paulistas não queiram aderir à competição. Seria fantástica uma Liga Sul-Minas-Rio-SP. Felizmente, Flamengo e Fluminense vão disputá-la, porque têm dirigentes sérios e capazes. Vasco e Botafogo continuam limitados em imaginação e direção, com a cabeça no século passado. Tenho certeza do sucesso da liga, comandada por Kalil, e sei que num futuro bem próximo os outros times do Rio e os de São Paulo vão aderir, quando verem o lucro dos seus pares e o nível técnico do torneio. É questão de tempo.

Os clubes têm de agir em comum acordo, pensando neles, e não de forma individual. São potências, que poderiam atirar com um canhão, mas preferem um 38. Com a Sul-Minas-Rio, e com quem a comanda, o sucesso é iminente. E com a CBF cuidando apenas da Seleção, tenho certeza de que ganharão o torcedor brasileiro, os clubes e a própria entidade, cuja única missão passará a ser a montagem de uma Seleção que orgulhe os brasileiros e lhes devolva o prazer de torcer pelo time canarinho.

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