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COLUNA DO JAECI

Um jogão no melhor horário

Jogadores e técnicos não suportam críticas. São os donos do mundo, acima do bem e do mal, e se acham os maiorais

postado em 24/07/2016 12:00

De um lado, o técnico campeão da Libertadores e líder do Brasileiro enfrentando, pela primeira vez, o clube que lhe deu a conquista mais importante, ou a única, de sua carreira. Do outro, um Galo em busca de identidade, de um time ideal, de um esquema de jogo ainda não conseguido. Apontado como um dos mais fortes candidatos ao título, o Atlético tem só 23 pontos, nove atrás do Palmeiras, adversário de hoje, e não figura no G-4. Várias são as desculpas do treinador, mas o torcedor ainda não se convenceu de que ele é o cara certo para ocupar cargo tão importante. Tanto assim que, quando salvou o clube do rebaixamento em 2008, o presidente Alexandre Kalil não quis mantê-lo, por achá-lo fraco para dirigir time de tamanha grandeza. O tempo passou, ele amadureceu no Coritiba, foi bicampeão brasileiro e ganhou moral no Cruzeiro. Em São Paulo, no próprio Palmeiras, ganhou a Copa do Brasil, mas foi demitido, pois os dirigentes entendiam que ele não dava padrão de jogo nem qualidade ao time, e que só foi campeão porque em torneios mata-mata tudo é possível.

Numa profissão em baixa no futebol brasileiro, em que a maioria dos técnicos engana e ganha fortunas, é realmente difícil achar um que agrade à imprensa e aos torcedores. Tite virou unanimidade. Cuca é dos melhores, e talvez haja mais dois em condições de assumir qualquer equipe do país: Dorival Júnior é um deles. Ético e honesto, não faz conchavo com empresário ou jogador. Jamais esteve envolvido em falcatrua. Por isso, os clubes apelam para técnicos de países vizinhos ou até atravessam o Atlântico em busca de europeus. Paulo Bento é o maior exemplo. Porém, os torcedores devem ter paciência, pois é outra cultura e outra postura tática. Os técnicos vizinhos têm esquema de jogo e padrão. Os daqui jogam as camisas para o alto e cada um que se vire.

O Palmeiras não é um supertime, mas Cuca já deu cara ao grupo, impôs sua forma de jogar e a equipe é muito bem treinada. É o mais sério candidato ao título e se vencer hoje dará mais um passo gigantesco para a conquista, embora ainda falte muito. Cuca é um pouco para baixo, pessimista e considerado pé-frio. Mas ajeita time como poucos, não há como negar. O Atlético está recebendo de volta jogadores que estiveram no estaleiro por muito tempo. Depois de eu alertar em várias colunas, o técnico percebeu que Lucas Pratto não é aquele definidor, o último homem para empurrar a bola para as redes. Na função de ponta de lança, começou a se destacar e pode formar um belo trio com Fred, este sim, artilheiro, e Robinho. Entretanto, até aqui, tanto Robinho quanto Fred fizeram muito pouco em relação ao que deles se espera. Quem sabe contra o líder do campeonato façam um partidaço?

Jogadores e técnicos não suportam críticas. São os donos do mundo, acima do bem e do mal. Há exceções. Jogadores que sabem que atuaram mal e que dão a mão à palmatória. Mas são raros. Jogador gosta de bajulação, de mídia positiva, mesmo que não esteja rendendo o suficiente. A torcida do Galo e nós, da imprensa, esperamos muito mais do Atlético. Victor é um bom goleiro. Marcos Rocha e Douglas Santos, os melhores laterais do país. Leandro Donizete, excelente marcador, e Pratto, Robinho e Fred, jogadores que podem decidir. Acho a defesa lenta e fraca, e falta um camisa 10, que seria Cazares, machucado, mas, se pegarmos os jogos que fez, veremos que em dois ou três se destacou. Nada de excepcional. A carência, porém, faz com que a mídia o exalte.

O melhor de hoje é o horário das 11h. Os bandidos estão dormindo, as famílias vão aos estádios e a média de público é excepcional. Num país violento como o nosso, foi a melhor medida, mas há quem reclame e use o desgaste físico como desculpa. Que Palmeiras e Atlético façam um jogo aberto, com emoção e qualidade. É o mínimo que esperam os torcedores que esgotaram os ingressos desde o começo da semana. O Allianz Parque será pequeno para tanta emoção. Pelo menos, é o que espero.

Cruzeiro
Vitória sobre o Sport nesta tarde no Mineirão pode ser o começo da recuperação de um time perdido, ainda sem um grupo forte e com um técnico bom, mas indeciso em determinados momentos. Não há outro resultado que não seja a vitória, para que o clube saia da zona de rebaixamento e possa ocupar o lugar que lhe pertence, lá na frente, brigando pelo título. Novo tropeço e acho difícil a diretoria segurar Paulo Bento, por mais que queira. A cultura do nosso futebol não admite tantos tropeços.

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