Uma vergonha
Fred teve a pena reduzida e poderá disputar os dois jogos da finalíssima do Mineiro. Do ponto de vista do espetáculo, é muito bom, pois Fred vive grande fase. Do ponto de vista do desporto, uma tristeza. Fred atuou por muitos anos no Lyon, da França, e sabe que lá não teria a menor chance de isso acontecer, pois as penas são determinadas e arbitradas, e não cabe nenhum tipo de recurso. Lembro-me de Ramires, fora da final da Liga dos Campeões, porque levou o segundo amarelo na semifinal, contra o Barcelona. Encontrei com ele no Allianz Arena, na tribuna, vendo o seu Chelsea ser campeão. E, cá pra nós, a atitude de Fred foi vergonhosa, pois ele deu um soco na cara do zagueiro Manoel. A bola deixou de ser objeto de disputa para que ele agredisse um companheiro de profissão. Não é uma atitude normal em Fred, que é ótimo caráter, um cara do bem. Sei que acontece na disputa entre atacantes e zagueiros, mas agressão é inadmissível. Com a decisão do TJD, Fred sai ganhando e o futebol perde. O mau exemplo está caracterizado.
Por isso, o futebol brasileiro agoniza e vive nessa lama. São casos e mais casos, efeitos suspensivos daqui e de lá, novos julgamentos para atenuar a pena do jogador. Isso é vergonhoso.
Outra coisa que me entristece é ver o Atlético se apequenar em uma decisão de campeonato, levando o jogo final para o Independência. Que ele jogue lá contra adversário de pequeno porte, tudo bem, mas enfrentar seu maior rival num estádio com capacidade para 20 mil pagantes, em decisão de campeonato, não concordo. O palco do Galo sempre foi o Mineirão. Ali é a casa dele e do Cruzeiro.
Acho que os clubes deveriam se acertar, dividir o número de torcedores nos dois jogos e encher o Gigante da Pampulha. E vale lembrar que, no Independência ou no Mineirão, nos últimos jogos, tem dado Cruzeiro, o que não justifica o Atlético querer jogar no Horto. E as autoridades deveriam ser obrigadas, por lei, a dar segurança aos torcedores do bem. Prender os bandidos, evitar confrontos e deixar apenas a emoção e o lazer tomarem conta de quem vai ao estádio. Porém, ao invés disso, elas dizem que não podem dar segurança às duas torcidas no Independência. Mais um motivo para que a partida seja no Mineirão.
Os dirigentes deveriam selar uma bandeira da paz, conversar e entender que o Mineirão é bom para os dois, tanto tecnicamente quanto financeiramente. Será que é difícil pegar o vídeo de Real Madrid e Barcelona e entender que os dois presidentes podem, sim, sentar lado a lado, ver as duas equipes jogar e se confraternizar ao fim do jogo, perdendo ou ganhando.? Seria um belíssimo exemplo de civilidade. E olha que estou falando de dois presidentes sérios, corretos e da paz. Nepomuceno e Gilvan deveriam acordar as duas partidas no Mineirão e dar o exemplo aos torcedores. O futebol só tem sentido se for pela paz, pela emoção, pela brincadeira sadia. Qualquer coisa fora disso é bobagem e ignorância. Fica aqui a sugestão. Quem vai ganhar com isso é o torcedor, razão de ser dos clubes.