Para salvar o ano

Atlético e Cruzeiro decidem suas vidas na noite desta quarta-feira, na Copa do Brasil. O Galo joga pelo empate com o Botafogo, no Rio, já que venceu o jogo de ida por 1 a 0. A Raposa, que ficou no 3 a 3 em São Paulo, pode empatar novamente, mas até 2 a 2. Os dois times mineiros têm campanhas irregulares no Brasileirão, mas, no mata-mata, estão avançando. E essa é a maior esperança do torcedor hoje. O Galo tem um novo treinador, o campeão olímpico Rogério Micale (foto). Aprovado por 55% dos torcedores, em pesquisa do Superesportes, terá que vencer a desconfiança dos outros 45% e levar o Atlético à decisão dos títulos da Copa do Brasil e Libertadores. Diga-se de passagem, pegou o “bonde andando”, pois não montou o time e não escolheu os jogadores. Mas, como disse em sua entrevista de apresentação, “o Galo não é um convite e sim uma convocação”. Ele trabalhou no clube por sete anos e tem uma história. Não é salvador da pátria, mas achei a melhor escolha do presidente Daniel Nepomuceno, que, diga-se de passagem, contratou aquilo que o técnico anterior pediu. E, se houve erros, é porque Roger pediu muito mal. Alguns ex-jogadores em atividade e outros que já deram muito caldo em equipes grandes, mas que estão devendo, e muito.

O momento, porém, não é para lamentações. Micale chegou da China e tem que arregaçar as mangas e se virar para fazer esse time jogar o que não jogou até aqui. A irregularidade de jogadores contratados a peso de ouro e a mediocridade de outros levaram o Atlético a essa situação de equipe instável. O grupo é apontado por todos nós como fortíssimo. No papel, tudo bem. Na prática, um engodo. Claro que houve erros de avaliação. Liberar Leandro Donizete foi um deles. E grave. Era um cão de guarda no meio-campo, único que marcava. Sem ele, a equipe ficou à deriva. E eu avisei muito antes. Quando especularam sua saída, escrevi que o Galo estava cometendo um crime. Foi com ele e com Pierre que o Galo ganhou a Libertadores. Foi com Réver também. Esteve no mercado e foi oferecido ao Atlético, mas Roger não o quis. Hoje, o Galo está sem zagueiros de nível. O futebol pune. Por isso, digo que um técnico tem que ter suas decisões limitadas. As contratações cabem também à diretoria e cabe ao treinador saber escalar as peças que tem.

Sei que chorar o leite derramado não adiantará nada. Micale tem que achar nesse grupo jogadores que marquem, que deem suporte ao meio-campo e que não sobrecarreguem a defesa. Os erros se sucedem, pois apenas o garoto Yago tem marcado, e muito bem. Elias está abaixo de qualquer crítica e sobre Rafael Carioca eu me recuso a comentar. Robinho e Fred estão devendo, e muito. Não adianta fazerem gols contra times pequenos e se omitirem nos grandes jogos. E Cazares? Chegou o momento exato de jogar bola, de fazer e acontecer no Engenhão e garantir a classificação do alvinegro mineiro. Não adianta arrebentar contra o Sport Boys, da Bolívia, e depois sumir nos jogos decisivos, importantes. De foguete molhado, o torcedor está cheio. Cazares precisa dizer a que veio e a noite de hoje é um prato feito. Não acho que o Galo deva jogar para empatar, pois sempre que isso acontece, perde. Deve usar o resultado somente no finzinho da partida, caso lhe favoreça. Sorte a Micale. Que ele estreie com o pé direito e que os bons ventos da medalha olímpica soprem no Engenhão esta noite.

No Mineirão, que deverá estar lotado, o Cruzeiro recebe o Palmeiras. Também não deve jogar pelo empate, pois poderá ser castigado. Tem que encarar o Porco como se necessitasse da vitória e fazer gols para tranquilizar sua gente. Tem sido tão irregular quanto o adversário, mas do lado de lá tem um técnico que conhece futebol, apontado como dos melhores do Brasil, e que não se assusta por ter o time azul a vantagem do empate. É preciso saber para que Thiago Neves e Rafael Sobis foram contratados. Esta noite é a hora de eles mostrarem por que vestem a camisa azul. O Cruzeiro é copeiro, segundo maior vencedor da Copa do Brasil com quatro conquistas, e só lhe resta isso este ano. Se for eliminado, acabou, pois o Brasileirão também já era. É jogar o que não conseguiu jogar até aqui, parar de levar gols, pois sua zaga é uma peneira, e mostrar ao torcedor qualidade, segurança e capacidade de avançar. Vejam bem jogadores: só resta a Copa do Brasil. Uma eliminação significará que o ano de 2017 estará perdido. Joguem futebol, mas tenham corpo e alma. Sem isso, não chegarão a lugar nenhum.

Perda

O jornalista Artur Almeida nos deixou. Ele apresentava o MGTV, junto com Isabela Scalabrini, há tempos. Trabalhei com Artur na década de 1980, na TV Globo Minas, quando cheguei a BH. Um cara do bem, sempre sereno e solícito. Nos deixa precocemente. Uma perda irreparável. Que Deus o receba de braços abertos, meu caro Artur. Meu mais profundo pesar à sua família.