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TIRO LIVRE

Exército de desempregados

O discurso corrente da maioria é falar em ano sabático, no impacto da dispensa. Muitas vezes, no entanto, a temporada de - reciclagem - não dura nem um mês

postado em 29/05/2015 12:00 / atualizado em 29/05/2015 13:32

EM DA PRESS
O árbitro colombiano Wilmar Roldan mal tinha apitado o fim do jogo entre Cruzeiro e River Plate, no Mineirão, na noite de quarta-feira, quando começaram a pipocar especulações sobre a saída de Marcelo Oliveira do clube celeste. Nenhuma surpresa, dentro da rotatividade natural do futebol brasileiro – para se ter ideia, entre os 12 grandes do país (mineiros, gaúchos, paulistas e cariocas), apenas a Raposa e o Atlético mantêm o treinador que encerrou a temporada passada. E o ano de 2015 ainda não chegou nem à metade! Mas, contrariando prognósticos e afins, a diretoria cruzeirense, pelo menos por enquanto, manteve Marcelo no cargo. Tanto ele quanto Levir Culpi sabem, contudo, que qualquer tropeço pode ser fatal. Até porque na sombra da dupla está um grupo de desempregados que, até bem pouco tempo, era considerado crème de la crème nos gramados tupiniquins.

Chama a atenção o perfil dos protagonistas dessa dança das cadeiras. No exército dos sem-clube, estão os ex-treinadores da Seleção Brasileira Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari; os badalados Muricy Ramalho e Abel Braga; Ney Franco e Adílson Batista, outrora representantes de uma ascendente geração estrategista; o motivador Joel Santana; o apagador de incêndio Celso Roth; além da estrela (cadente?) Vanderlei Luxemburgo.

Também estão para escanteio, ainda que temporariamente, Dorival Júnior e Vágner Mancini, que podem não ter o prestígio dos outros colegas, mas volta e meia aparecem no comando de uma equipe de tradição. É só um treinador balançar no cargo que um desses nomes surge como candidato em potencial.

O discurso corrente da maioria deles é falar em ano sabático, no impacto da dispensa. Muitas vezes, no entanto, a temporada de “reciclagem” não dura nem um mês. Que o diga Felipão. Foram apenas 21 dias entre a despedida da Seleção Brasileira da Copa do Mundo (com o vexatório 7 a 1 para a Alemanha, no Mineirão) e o anúncio de sua contratação pelo Grêmio. Uma derrapada no Campeonato Gaúcho aqui, outra no Brasileiro ali, e lá está ele, de volta ao mercado.

Muricy já avisou a quem interessar possa que sua meta é cuidar da saúde e passar mais tempo com a família. Tanto que está de passagem marcada para a Itália. Por isso, estaria declinando qualquer tipo de convite. Abel Braga é outro que não demonstra muita vontade em retornar aos túneis brasileiros – os rumores são de que está apalavrado com um clube dos Emirados Árabes.

Apontado como candidato em potencial para substituir Felipão e cotado até para assumir o Inter quando Diego Aguirre correu o risco de ser demitido, Celso Roth continua em stand by, curtindo seu chimarrão nos pampas gaúchos. Mancini aproveitou a pausa para visitar clubes europeus. Mano Menezes é um fantasma presente no caminho de qualquer um que se sinta ameaçado. E assim cada um a seu modo aguarda a próxima oportunidade.

No encalço de Marcelo Oliveira (mais ameaçado que Levir) estão dois treinadores com passagens pela Toca. Luxemburgo, comandante da Tríplice Coroa em 2003, e Adílson Batista, que não conquistou título de expressão no Cruzeiro, mas é lembrado por causa do retrospecto positivo nos clássicos contra o Atlético. Analisando friamente, as campanhas recentes não credenciam nenhum dos dois, já que há muito eles não fazem trabalho de destaque no cenário nacional. Basta dizer que o maior mérito de Luxemburgo nos últimos tempos foi livrar o Flamengo do rebaixamento no ano passado. Já Adílson não reeditou, em nenhum clube, a repercussão que obteve na Raposa.

Mesmo com tanto medalhão à solta por aí, Marcelo continua prestigiado. O problema é que no mundo do futebol esse termo nem sempre significa garantia de emprego. Muito antes pelo contrário.

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