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Saída de Kalil aumenta autonomia de Maluf e transforma Atlético em 'negociador frio'

Diretor é conhecido entre agentes por ser menos emotivo que ex-presidente

postado em 30/01/2015 08:04 / atualizado em 29/01/2015 21:34

Renato Weil/EM/D.A Press

Razão, estatística e metodologia são os pilares que sustentam a atuação do diretor de futebol Eduardo Maluf e transformam o perfil do Atlético no mercado. Menos emotivo e mais frio. Assim o clube se estabelece na visão dos agentes brasileiros desde dezembro, com a saída de Alexandre Kalil da presidência.

Não se trata de uma questão de acertar ou errar mais ou menos. É um alinhamento mais baseado na razão que o Atlético incorpora para tratar de renovações de contrato e transferências. Por ainda não ter a experiência de Kalil ou Maluf no mercado, Daniel Nepomuceno aumentou a autonomia do seu diretor de futebol.

A maior atuação de Maluf já é clara nos bastidores alvinegros. O caso com mais evidência envolve a renovação de contrato de Guilherme. Baseado na frequência do meia-atacante nos jogos desde a sua chegada, em 2011, o diretor reluta em ceder a uma pedida salarial considerada “fora da realidade”.

Marcelo Sant'Anna/EM/D.A Press
Maluf se municia de estatísticas em reuniões com empresários. Para manter Guilherme no elenco, ele quer manter o atual salário do jogador, que pode aumentar com bônus por produtividade. Essa proposta não agradou o staff do atleta. Para aceitá-la, foi pedido um valor adicional de “luvas”, um prêmio por assinatura. O Galo não concorda e oferece em troca cerca de 40% dos direitos econômicos para o caso de uma transferência futura durante o período do novo contrato. No momento, as conversas estão estagnadas.

Outros casos retratam bem a 'frieza' de Maluf com renovações. Algumas realizadas nos últimos meses foram com salários ligeiramente inferiores aos que os atletas recebiam. Os aumentos dados foram pouco volumosos.

Mas isso não significa que o Atlético deixou de investir, como mostra a contratação de Lucas Pratto. O lateral-direito Marcos Rocha, por exemplo, foi valorizado pela diretoria em seu novo vínculo. A estratégia é frear a ansiedade do jogador e valorizá-lo para o mercado europeu, de olho em uma futura venda, que pode ser breve, já após a Copa Libertadores.

Uma das opções para substituir Marcos Rocha é Patric, cujo contrato se encerra em dezembro. A renovação está em andamento. O empresário do lateral, José Reginaldo, recebeu uma proposta no início do ano e pediu uma revisão para o diretor de futebol. Na sexta-feira passada, Maluf reenviou praticamente os mesmos números para avaliação do agente, que agora fará uma contraproposta.

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Alexandre Kalil, que colheu grandes frutos nos seus seis anos de administração, tinha voz forte ao lado de Maluf no comando do futebol. O lado emocional do ex-presidente foi muito notório entre 2011 e 2014.

Grandes atuações em jogos importantes já valeram a promessa de aumento salarial para atletas alvinegros ainda no vestiário do Independência. Vitórias expressivas deixavam Kalil em estado de êxtase. Na reta final do Brasileirão 2012, por exemplo, o presidente avisou aos jogadores que todo o dinheiro da renda seria dado como premiação pela vitória, após um dos triunfos com o Horto lotado que deixavam o clube na briga pelo título nacional.

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