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"Fominha", gandula, carismático, talento: a história de Valdívia até a chegada ao Atlético

Reforço do Galo para a temporada 2017 tem a história contada por quem acompanhou de perto a trajetória desde Jaciara, cidade de Mato Grosso

postado em 26/05/2017 06:30 / atualizado em 25/05/2017 20:55

Arquivo pessoal, Divulgação Internacional e Arquivo pessoal

O Valdívia de 22 anos, recém-contratado pelo Atlético, guarda muito do Nenê de 12 anos, então atleta que acabara de chegar ao Rondonópolis, de Mato Grosso. Os dois são apelidos de Wanderson Ferreira, natural da cidade mato-grossense de Jaciara. O primeiro é a consagração do sonho do segundo. A alegria já era uma marca. A cabeleira também. O futebol começava a chamar a atenção. Nascia uma grande promessa dos gramados. Dez anos depois, Nenê deu definitivamente lugar a Valdívia. O meia-atacante viveu grande fase no Internacional em 2015. Uma lesão interrompeu a caminhada em 2016. Ele chega ao Atlético na busca por retomar a carreira promissora. Quem acompanhou de perto a trajetória conta um pouco a história do novo contratado do Galo.



O dono da bola

 
Arquivo pessoal
O irmão mais velho Adriano já avisa: o caçula do Seu Chiquinho nasceu para jogar bola. “Foi uma criança que sempre gostou de bola. Quando eu ia jogar no time de Jaciara, ele era sempre o gandula, gostava de jogar bola, ficava perto da gente o tempo inteiro. Tinha uma diferença grande de idade dele para a gente, mas ele sempre foi ao nosso lado. Sempre jogou na rua, fintava cadeira em casa. A gente já ficou de goleiro para ele chutar, rolava a bola para ele chutar de primeira, sempre treinando os fundamentos.”
 
Na infância, além de Nenê , Valdívia era também o “Buchecha”. Driblava os estudos. Trilhava o sonho da bola. “Ele tinha dois apelidos na infância: Nenê e Buchecha. Era fominha, sempre estava com a bola, não queria estudar. Só queria jogar. Era sempre artilheiro, até mesmo em categorias mais velhas. Tudo para ele era futebol. Só andava com a bola debaixo do braço, de short azul, descalço e sem camisa. Essa imagem eu nunca vou me esquecer", conta o irmão.



O cara da alegria e dos gols

 
Arquivo pessoal
Em 2007, Valdívia começou a treinar no Rondonópolis. Lá ganhou esse apelido. Os garotos do time mato-grossense achavam seu cabelo parecido com o do jogador chileno Jorge Valdivia, que defendia o Palmeiras. Marcio Schmidt, então gestor da base do clube, relembra: “Era um menino franzino, mas tinha um diferencial muito grande, que era a finalização. Sou suspeito, mas o considero o melhor finalizador do futebol no Brasil. Na base, em quatro anos, marcou 40 gols de bola parada.”
 
Na Copa São Paulo de 2012, Valdívia foi o artilheiro do torneio, com oito gols. “Ficou no clube de 2007 a 2012, quando foi artilheiro da Copa São Paulo e chamou atenção de grandes clubes, principalmente de observadores do Inter. Cheguei a sentar também com Corinthians, Palmeiras e Grêmio”, diz Schmidt. “Desde menino era uma pessoa extrovertida, o cara da alegria do ambiente, com uma pureza. Não é nada artificial, é um carisma natural. Ele leva o ambiente em alto astral. E tem mais, jogar para 100 mil ou para 500 pessoas é a mesma coisa para ele. Lembro que ele foi artilheiro da Copa São Paulo, maior torneio de base do país, pelo Rondonópolis”, completa.

O achado do Inter

 
Arquivo pessoal
Presidente do Internacional no período, Giovanni Luigi recorda que um pequeno investimento levaria a promessa do Rondonópolis ao Beira-Rio. “Na Copa São Paulo, em 2012, vimos que ele tinha grande potencial, principalmente do meio para frente. Chamou muita atenção dos nossos olheiros. Investimos um valor muito pequeno para contratá-lo, mas não me lembro a quantia”, diz Luigi - segundo Marcio Schmidt, o Rondonópolis recebeu R$ 300 mil.
 
Com a camisa colorada, logo Valdívia teve um grande aliado: o técnico Fernandão. Com ele, ganhou chances de treinar no time principal. Com a saída do treinador, voltou para a base e só foi estrear pelo Colorado em outubro de 2013, na vitória da equipe por 1 a 0 sobre o Fluminense. Ele atuou por 20 minutos. Mas o grande momento foi após a chegada do treinador Diego Aguirre, como relembra o jornalista Leandro Behs, do Zero Hora, de Porto Alegre. “Surge com força em 2015, com Diego Aguirre, e aí deslanchou. O Aguirre montou ataque forte, veloz. Foi o grande ano dele”, disse o repórter, que analisou a queda de rendimento do jogador após uma cirurgia no ligamento cruzado do joelho esquerdo.
 
“Teve essa lesão no fim de 2015 em jogo pela Seleção Olímpica. Ficou um tempo fora e não conseguiu ser o mesmo cara. O time foi um desastre também no ano passado e isso prejudicou muito a sua retomada. O Valdívia de 2015 nunca mais apareceu. Não sei se a questão psicológica prejudicou. Foi uma lesão grave. Ele precisa de mais um tempo para voltar a ficar 100% e depois vai precisar de sequência, coisa que ele não teve depois da lesão no Inter. Chega como incógnita agora, por tudo que viveu recentemente. Ele precisa recuperar a confiança para voltar a jogar como já jogou um dia. Se recuperar essa confiança, será um grande reforço para o Atlético, porque ele é um baita talento”, completou.

O reforço do Galo

 
O irmão Adriano conversou com Valdívia logo após o acerto com o Atlético. O meia-atacante não se esqueceu de agradecer ao Internacional. Mas fez questão de relevar planos ambiciosos pelo Galo:
 
“O Valdívia sempre quis ser ídolo do Inter, e ele se tornou ídolo lá. Ele não estava no planejamento do clube neste ano. Ele ficou triste por não estar no Inter mais. Ele já me mandou várias fotos do Atlético. 'Estou feliz, sempre vou ser grato ao Inter, e porque estou dando continuidade no Atlético. Vou lutar para chegar até a Seleção e dar alegrias ao torcedor atleticano', foi o que ele me disse pelo telefone.”

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