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Futuro presidente, Edno Melo fala sobre transição, Aflitos e ajuda à atual gestão

Em entrevista ao Superesportes, empresário revelou dívidas trabalhistas do clube e contatos com possíveis parceiros para a reforma dos Aflitos

postado em 21/06/2017 18:51 / atualizado em 21/06/2017 20:37

Divulgação
Um ano, sete meses e três dias após perder por apenas dez votos de diferença para o economista Marcos Freitas na eleição mais acirrada da história do futebol pernambucano, o empresário Edno Melo deverá se aclamado o novo presidente do Náutico para comandar o clube no biênio 2018/2019. Após a desistência da candidatura da situação, então encabeçada pelo atual vice-presidente financeiro, Sérgio Lopes, a chapa "Resgate Alvirrubro" foi a única inscrita para o pleito que ocorre no próximo dia 16 de julho. A eleição, no entanto, ainda corre o risco de ser anulada na Justiça, a pedido da atual diretoria.

No entanto, alheio a essa ameaça, Edno Melo já começa a se mexer como futuro mandatário alvirrubro. E, nesta quarta-feira, concedeu uma entrevista à reportagem do Superesportes, onde fala do processo de transição (só tomará posse em janeiro); do momento delicado pelo qual passa o clube, dentro e fora de campo; e da principal bandeira da sua gestão: o retorno aos Aflitos. Segundo o empresário, que faz parte da comissão paritária do Conselho Deliberativo para tratar de assuntos relacionados a reforma do estádio, já existem duas empresas interessadas em custear o restante das obras.

Confira abaixo a entrevista cedida por telefone na tarde desta quarta-feira.

Ajuda a atual diretoria

Essa ajuda só será possível se eles quiserem. Venho procurando ajudar o clube desde o dia que perdi a eleição. Colaborei com as categorias de base, com o CT e estou na comissão paritária do conselho. Também apresentei um planejamento estratégico, que ainda não foi colocado em prática. Essa transição só vai ser feita se o presidente (Ivan Brondi) quiser. Se ele não quiser, a gente não pisa no Náutico. Mas se aceitar, vai ser ajudado. A primeira coisa a ser feita é fazer um multirão com quatro ou cinco advogados para levantar tudo o que o clube deve na questão trabalhista. A outra é cobrar de forma mais intensa a causa contra a Arena (pela quebra de contrato com o Náutico). Por que a recusa de receber esse dinheiro que é líquido e certo? Se ele (o presidente) não aceitar essa ajuda, esses serão os dois primeiros pontos do meu mandato.

Problemas financeiros

O momento é muito difícil e conturbado. Não imagivana que o clube estaria em uma situação tão triste. Muito se criticou porque se usou R$ 1 milhão que recebemos (de uma cota antecipada pelo Esporte Interativo) para a reforma dos Aflitos. Mas se não fosse assim esse dinheiro iria ser gasto em despesas correntes, que não paga nem uma folha atrasada. Para se ter uma ideia, desse R$ 1 milhão, a comissão paritária teve que tirar R$ 120 mil para pagar quatro parcelas atrasadas de uma causa trabalhista com o atacante Felipe (atuou no Náutico entre 2006 e 2008). Do contrário a sede corria o risco de ir de novo a leilão. Ou seja, o dinheiro para a reforma dos Aflitos já foi menor. Além disso, há outras causas já ganhas e que vão estourar a qualquer momento. Com Martinez de R$ 2,6 milhões, com Ricardo Berna de R$ 900 mil e com Elicarlos de R$ 1 milhão.

Reforma dos Aflitos

Com esse dinheiro que sobrou (R$ 880 mil) dá para fazer um terço da reforma. Já compramos a grama, o sistema de irrigação, estamos fechando com o alambrado de vidro. Já temos dois patrocinadores interessadíssimos em contribuir. Uma cervejaria e uma empresa de tintas. Com isso conseguimos o restante para concluir a obra. As conversas já estão bem adiantadas. A parceria não seria por meio de naming rights, mas termos de serviços. Todos os eventos do Náutico seriam com essa cervejaria e a marca da empresa de tintas também estaria na sede. Para terminar a reforma faltam R$ 2,5 milhões. Não quero dar prazo porque depende do acerto ou não com essas empresas, mas se tudo der certo, no melhor dos cenários, conseguiremos concluir as obras entre fevereiro e maio. A volta aos Aflitos vai gerar receitas para o clube.

Ajuda no futebol

Podemos conseguir alguns grupos de empresários para contribuir financeiramente com a contratação de alguns jogadores pontuais. Diógenes (Braga, candidato a vice) tem conversado com o pessoal. Mas, novamente, tudo isso só será feito caso eles (a atual direção) aceitem. Não tenho nada contra ninguém. A minha relação é totalmente amistosa. Sou amigo de Kleber (Medeiros, vice-presidente de marketing), de Emerson (Barbosa, vice de futebol). O Alexandre (Homem de Melo, diretor de futebol), foi vice na minha chapa (derrotada em 2015). O que pudermos fazer, vamos fazer. Acho que o Náutico não cai. O time já deu uma encaixada melhor com a chegada de alguns jogadores que estão dentro do contexto do técnico Beto Campos. A Série B não é tão difícil. Temos 29 jogos para vencer 14 (somaria 44 pontos, margem de 14% de risco de queda segundo os matemáticos).

Teme a anulação da eleição?

Vivemos em um país livre, em que qualquer pessoa pode entrar na Justiça. Mas acredito que seguimos o estatuto do clube que fala em excepcionalidade (para antecipar as eleições). E ela existe pela situação que o clube está. Acho muito pequeno o risco que haja essa anulação na Justiça.