FUTEBOL CANDANGO

A três meses do início do Candangão, nove times ainda não contraram nenhum profissional

Luziânia, que ficou sem chuteiras na estreia do ano passado, cogita abandonar

postado em 01/11/2014 16:19 / atualizado em 01/11/2014 16:50


Faltam três meses para o início do Campeonato Candango de 2015 – isso se o torneio começar mesmo em 1º de fevereiro, data sugerida pelo calendário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A definição só deve ser tomada no fim do mês, segundo a federação do DF. Enquanto isso, as equipes participantes sinalizam com um velho problema do futebol local, a demora na preparação. Apenas um quarto dos inscritos mantém contrato com atletas profissionais: Brasília, Brasiliense e Gama. Nos campeonatos Paulista, Carioca e Mineiro, a preparação da maioria dos clubes está avançada.

As camisas de nove equipes, portanto, seguem sem alguém para vesti-las. Sem dinheiro em caixa, os elencos do Candangão tendem a ser recheados com garotos da base, com menos de 20 anos. O Ceilândia, candidato ao título nos últimos anos, espera verbas de patrocínio para tentar contratar grandes nomes. Até agora, são 22 jogadores garantidos para 2015, todos da base. A meta da diretoria é inserir Dimba no elenco o quanto antes.

Com 12 participações no Candangão, Dimba é o jogador mais perto de ser chamado de craque a pisar nos gramados do Distrito Federal nesta década. O atacante completa 41 anos em dezembro e segue como sonho de consumo das equipes. O Sobradinho, por exemplo, não tem nenhum jogador no quadro de funcionários. Mesmo assim, diz ter conversas avançadas com o artilheiro do Brasileirão de 2003.

O histórico de desorganização do campeonato influencia no vazio dos elencos. Há quem diga até que seja melhor disputar a segundona goiana do que a primeira divisão candanga. "Lá pelo menos não tem toda essa confusão nos bastidores", exemplifica o meia Allan Dellon. Aos 35 anos, o ex-vascaíno tem perambulado por equipes do DF e pôde testemunhar atraso de pagamentos, mudanças de datas e falta de estádios – hoje, apenas quatro estão em condições de receber futebol.



Ameaça
A equipe que impediu o início do Candangão-2014 por não ter chuteiras para entrar em campo agora ameaça não jogar o torneio no ano que vem. O estádio de Formosa está em reformas, e a diretoria do clube joga a responsabilidade no colo da prefeitura. Se a obra não for entregue a tempo, o presidente, Cacildo Cassiano, promete "pedir dispensa".

A desorganização atinge até mesmo o Luziânia, atual campeão. Mesmo com o Campeonato Brasiliense, a Copa Verde e a Copa do Brasil no calendário de 2015, nenhum jogador treina hoje no Serra do Lago. "A preparação deve começar somente em janeiro", prevê o presidente do clube, Daniel dos Santos. A diretoria ainda não sabe quanto terá na conta bancária pelos próximos meses.