Final do Candangão resgata antiga rivalidade entre Brasília e Gama

Colorado e alviverde foram os principais oponentes nas décadas de 1970 e 1980

postado em 24/04/2015 09:33

Breno Fortes/CB/D.A Press

A rivalidade entre Brasília e Gama esfriou nas duas últimas décadas. A partir de 1997, quando decidiram um título pela última vez, a capacidade do colorado de fazer frente ao rival no cenário candango se esvaía à medida que os ídolos se aposentavam. O alviverde, porém, aproveitou a decadência do adversário para reinar sozinho no futebol do Distrito Federal — é o maior vencedor, com 10 taças — e “adotar” o Brasiliense como principal oponente.

Em 21 de abril, porém, o Brasília garantiu, pela terceira vez consecutiva, uma vaga na finalíssima do Candangão, prevista para 25 de abril e 2 de maio, no Estádio Mané Garrincha. O lugar na decisão resgata o mais tradicional clássico entre times ativos do DF e a emoção de quem viveu, em campo, o auge dessa rivalidade. Casos de Manoel Ferreira, um dos heróis da primeira conquista do Gama; do ex-zagueiro Mário, ídolo do Brasília; e do ex-meia Péricles, que vestiu tanto a camisa colorada quanto a alviverde, mas que não escolhe um favorito.

Criados em 1975, Brasília e Gama protagonizaram duelos mornos a partir do ano seguinte. Bastou a primeira decisão de campeonato, no entanto, para nascer a rixa entre os clubes. “O Brasília tinha mais estrutura, mas o título de 1979 (vencido pelo Gama por 2 x 1 sobre o rival, no extinto Estádio Pelezão) inflamou a nossa torcida, que passou a ir mais ao estádio”, relembra Manoel Ferreira, ex-camisa 10 do alviverde, agora sem o bigode e a cabeleira estilo black power da época de jogador. O colorado chegou àquela final com a pompa de tricampeão candango — o troféu de 1978 foi conquistado de maneira invicta.

“A partir dessa taça, o Gama passou a colocar 6 mil, 10 mil pessoas no Bezerrão”, recorda Péricles, que chegou ao elenco do Verdão naquele ano procedente do Brasília. A casa cheia do rival, inclusive, levou os jogadores colorados a fazerem um pedido inusitado ao então presidente, José da Silva Neto: disputar os dérbis apenas no estádio do adversário. “A nossa torcida era grande, mas a do Gama era muito maior. Queríamos jogar com muito barulho nas arquibancadas, não importava onde”, conta o ex-defensor Mário, atleta do Brasília de 1979 a 1981, tendo conquistado o campeonato candango de 1980. Hoje, ele é educador físico.

A rivalidade entre os times, porém, se limitava ao campo. Fora do estádio, os jogadores eram amigos. Mário, por exemplo, costumava reunir parceiros do Brasília e adversários do Gama para um chope. “Uma vez, nós os eliminamos, e, no outro dia, já estávamos juntos no bar”, relembra o ex-zagueiro. De acordo com ele, o companheirismo entres rivais é algo inexistente no cenário atual do futebol brasiliense.

Camisas trocadas
Quando desembarcou no Gama, em 1979, Péricles ostentava três taças de campeão candango no currículo, conquistadas com a camisa do Brasília. A equipe alviverde, que contava com Manoel Ferreira, passou a ter, portanto, dois camisas 10. “Eram chatos de marcar: rápidos e com passe excelente”, avalia Mário, responsável por parar os armadores. Em comum, a dupla tinha não só as características em campo, mas a experiência de ter estado dos dois lados da rivalidade.

Manoel Ferreira fez o caminho inverso ao do parceiro. Não diretamente. Revelado no Gama em 1977, ele permaneceu no clube por quatro anos. Mas, antes de assinar com o Brasília, em 1984, passou por clubes como Fernandópolis-SP e Anápolis-GO. Diferentemente de Péricles, vaiado pela torcida colorada no primeiro dérbi com a camisa verde, Manoel reconquistou os fãs do clube antes de estrear no clássico pelo novo time. “Eu me aproximei do alambrado e reverenciei a torcida do Gama. Começaram a me aplaudir”, relembra o ex-meia, que hoje ensina futebol a jovens de 6 a 14 anos. Ele revela: o coração bate mais pelo alviverde.

Péricles, por sua vez, diz não ter um clube preferido. Mas palpita sobre a finalíssima. “O Brasília está melhor e deve ganhar. A base dessa equipe joga junto há dois anos”, prevê o ex-atleta, hoje administrador de uma empresa de limpeza pós-obra.

Ingressos à venda
Devido ao atraso na entrega de ingressos, somente a partir desta sexta-feira o torcedor poderá comprar as entradas do jogo Gama x Brasília na loja oficial do alviverde, no Gama Shopping. A venda de bilhetes ocorre também pela página www.bilheteriadigital.com. No sábado, dia do jogo, serão vendidos apenas na bilheteria do Mané Garrincha, a partir das 10h. Os ingressos custam R$ 20 (arquibancada) e R$ 50 (hospitality), preços de meia-entrada.