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Por que vale a pena torcer por uma final diferente na nova temporada da NBA?

Favoritos a protagonistas da quarta decisão seguida, Cleveland e Golden State contrariam equilíbrio dos esportes americanos

postado em 17/10/2017 12:53 / atualizado em 17/10/2017 13:47

Jason Miller/AFP
O equilíbrio é uma das marcas do esporte americano. Seja por meio do teto salarial ou do sistema de recrutamento dos universitários, as principais ligas do país — basquete, futebol americano, beisebol e hóquei — fazem de tudo para impedir a quebra acintosa de disparidade. A estratégia costuma funcionar, exceto no basquete.

De 2010 para cá, apenas oito equipes disputaram as finais da NBA. No mesmo período, no futebol americano, 12 times chegaram ao Super Bowl. Nos últimos três anos, Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers assumiram os papéis de Real Madrid e Barcelona na Espanha, dominaram seus rivais de conferência com facilidade e se enfrentaram na decisão. Na temporada que começa hoje, a lógica aponta para uma quarta final entre os dois times. Entretanto, a esperança é do renascimento do equilíbrio no melhor basquete do mundo.

Cleveland Cavaliers e Boston Celtics fazem a abertura da 71ª edição da NBA, às 22h (de Brasília), na casa dos atuais vice-campeões — a partida tem transmissão do canal de tevê por assinatura ESPN. Com elencos modificados, os times reeditam a final da conferência leste da última temporada, ocasião na qual os mandantes de hoje venceram a série com facilidade, por 4 jogos a 1. Segundo as principais casas de apostas dos EUA, a tendência é que os dois se reencontrem na decisão do ano que vem, com pequena vantagem para os Cavaliers.

Principal negociação da intertemporada, o armador Kyrie Irving deixou a parceria com LeBron James em Cleveland para tentar ser protagonista em Boston. Além dele, outros 10 reforços chegaram ao maior campeão da história da NBA, com 17 títulos. Destaque para a aquisição de Gordon Hayward, antiga estrela do Utah Jazz. Do quinteto inicial de 2016/17, apenas o pivô Al Horford permaneceu. A falta de entrosamento pode ser problema.

Pelo lado de Cleveland, a saída de Irving envolveu a chegada do principal jogador do rival, o armador Isaiah Thomas, de apenas 1,75m e candidato ao posto de MVP do último biênio, além de outros dois jogadores e uma escolha de draft do ano que vem.

Com lesão no quadril, porém, Thomas não joga hoje e pode perder boa parte da temporada. Junto com o baixinho, outros nove reforços chegaram ao time de LeBron James. Os principais nomes são Dwyane Wade — parceiro do astro no Miami Heat — e Derrick Rose, estrela do Chicago Bulls que estava no New York Knicks.

Oeste

Do outro lado dos EUA, o Golden State Warriors é amplo favorito para conquistar o quarto título consecutivo de conferência e, consequentemente, chegar às finais da NBA. Segundo a Odd Shark, principal casa de apostas virtuais dos EUA, a conquista dos Warriors é 377% mais provável que a do principal rival, o Houston Rockets — um dólar apostado nos atuais campeões renderia só US$ 1,36, contra US$ 6,50 do segundo colocado.

A confiança dos apostadores se deve ao fato de que o trio estrelado por Stephen Curry, Kevin Durant e Klay Thompson seguirá junto em 2017/18 e deve estar ainda mais entrosado. Apenas os reservas Matt Barnes e James McAdoo saíram, e o time ainda ganhou o reforço do ala-pivô Nick Young, ex-Washington Wizards e Los Angeles Lakers.

O Houston Rockets, do pivô brasileiro Nenê, aparece como principal candidato a quebrar a hegemonia do “super time” de Oakland. Para isso, os texanos apostam em outra temporada brilhante do ala-armador James Harden, que terminou 2016/17 com médias de 36,4 pontos e 11,2 assistências por partida. Para ajudar o “Barba”, a equipe contratou, ainda, um dos melhores armadores da liga. O experiente Chris Paul, 32, chegou depois de sete temporadas no Los Angeles Clippers.

Outro time que se reforçou e pode desbancar os Warriors é o Oklahoma City Thunder. A equipe contratou dois nomes de peso para formar um trio de respeito ao lado do armador Russell Westbrook, MVP do último campeonato e recordista de triplos-duplos em uma só edição, com 42. Carmelo Anthony, estrela dos Knicks, e Paul George, ex-Indiana Pacers, chegam com status de all-star para formar um trio de peso na antiga casa de Kevin Durant.

Além de Oklahoma e Houston, as casas de apostas apontam para uma terceira equipe com potencial de título, o San Antonio Spurs. O time de Gregg Popovich — considerado um dos melhores de sua geração — manteve as principais peças. Assim como os Warriors, o Spurs não fez grandes movimentações na free agency. O principal jogador é o ala-armador Kawhi Leonard, que perderá o início da temporada por causa de uma lesão no quadril.

O que mudou nos candidatos ao título

Golden State Warriors
Saída: ninguém
Chegada: Nick Young

Cleveland Cavaliers
Saída: Kyrie Irving
Chegadas: Isaiah Thomas, Dwyane Wade e Derrick Rose

Oklahoma City Thunder
Saída: Victor Oladipo
Chegadas: Carmelo Anthony e Paul George

Boston Celtics
Saídas: Isaiah Thomas e Jae Crowder
Chegadas: Kyrie Irving, Gordon Hayward, Marcus Morris e Jaylen Brown

Houston  Rockets
Saída: Patrick Beverley
Chegadas: Chris Paul e P.J Tucker

San Antonio Spurs
Saída: ninguém
Chegada: ninguém

Brasileiros na NBA

Após duas temporadas recordes com nove brasileiros na liga, o país será representado por apenas cinco jogadores em 2017/2018, o menor número desde 2011/2012. Confira quem são eles: 

Nenê Hilário
Time: Houston Rockets
Posição: pivô
Importância: reserva imediato/peça de rotação
Tempo em quadra 2016/2017: 17,9 minutos por jogo

Cristiano Felício 
Time: Chicago Bulls
Posição: pivô
Importância: reserva imediato/peça de rotação
Tempo em quadra 2016/2017: 14 minutos por jogo

Lucas “Bebê” Nogueira 
Time: Toronto Raptors
Posição: pivô
Importância: segundo reserva/composição de elenco
Tempo em quadra 2016/2017: 11,3 minutos por jogo

Bruno Caboclo 
Time: Toronto Raptors
Posição: ala-pivô
Importância: segundo reserva/composição de elenco
Tempo em quadra 2016/2017: 4,4 minutos por jogo

Raulzinho 
Time: Utah Jazz
Posição: armador
Importância: segundo reserva/composição de elenco
Tempo em quadra 2016/2017: 8,7 minutos por jogo

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima