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OLIMPÍADA RIO-2016

Confederações apostam em naturalização de atletas para melhor desempenho no Rio-2016

Seleções de pelo menos seis modalidades tentam dupla nacionalidade de atletas. Estratégia gerou polêmica no Reino Unido, em 2012

postado em 20/10/2014 11:46

Rodrigo Antonelli /Correio Braziliense

O sonho brasileiro de subir ao pódio ao menos 27 vezes e chegar ao top 10 do quadro de medalhas na Olimpíada do Rio-2016 é ousado e exige estratégias em diversas frentes simultaneamente. Uma delas é a naturalização de atletas. Confederações de pelo menos seis modalidades pouco tradicionais no país lutam para melhorar suas equipes com reforços estrangeiros, em movimento parecido com o realizado pelo Reino Unido nos Jogos de 2012.

REUTERS/Laszlo Balogh


Os resultados já começam a aparecer. No último fim de semana, a seleção brasileira de polo aquático conquistou o ouro no campeonato sul-americano e desbancou a bicampeã Argentina com grandes atuações dos naturalizados Paulo Salemi e Felipe Perrone. Salemi é italiano, enquanto Perrone nasceu no Brasil, mas ainda na adolescência rumou para a Europa, onde se tornou um dos melhores jogadores do mundo na modalidade e defendeu a seleção da Espanha. Em Londres-2012, foi o melhor jogador da Fúria, que terminou em 5º lugar.

Para chegar ainda mais forte à Olimpíada do Rio, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) ainda tenta a naturalização de cinco atletas, entre eles o croata Josip Vrilic e o sérvio Slobodan Soro, ambos bronze olímpico por seus países e que atualmente jogam na Liga Brasileira de polo aquático.

“O Brasil ainda não forma muitos jogadores. Quem é grande e forte prefere jogar vôlei ou basquete por aqui. Então, temos que trazer de fora. É o início de um movimento para desenvolver o polo aqui no país e atrair mais gente”, explica Ricardo Cabral, superintendente de polo aquático da CBDA. “Os gringos que vêm já têm alguma identificação com o Brasil e, com certeza, vão deixar um legado positivo para a gente. Daqui a alguns anos, quem sabe, não precisaremos mais importar”, completa.

A estratégia da naturalização ainda é pequena no Brasil, se comparada à do Reino Unido, em 2012, que teve mais de 10% (61 de 542 atletas) da delegação formada por “estrangeiros”, mas o crescimento é significativo. Em Pequim-2008, o Brasil não levou nenhum naturalizado e, em Londres-2012, foram dois: o americano Larry Taylor, no basquete, e a chinesa Gui Lin, no tênis de mesa. Em 2016, o número deve superar 10, com prováveis importações também no rúgbi, no hóquei de grama, na luta olímpica, na canoagem e na esgrima, além do polo aquático.

Seis atletas
Só na equipe feminina de hóquei na grama são seis atletas com dupla nacionalidade, como a goleira Inge Vermeulen, nascida no Brasil, mas criada na Holanda, onde foi campeã europeia de hóquei na grama vestindo laranja. “Vi matérias sobre o projeto da Confederação em jornais da Holanda e decidi arriscar. Já tinha vindo ao Brasil passar férias algumas vezes e tenho amigos aqui”, disse a atleta, em um português com muito sotaque e, vez ou outra, usando palavras em inglês para se fazer entender.

Mas nem todos os atletas que aceitam defender o Brasil são grandes nomes de suas modalidades. No ano passado, a Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu) colocou anúncios em sites especializados, espécies de classificados, procurando jogadores. O objetivo era atrair jogadores com experiência internacional, mas sem chances na seleção de seu país, para disputar a Olimpíada pelo Brasil.

A única exigência era que os interessados tivessem pais brasileiros ou já possuíssem a dupla nacionalidade, para acelerar o processo de aceitação. De acordo com a CBRu, a estratégia deu certo e logo um inglês filho de brasileira e uma francesa radicada no Brasil entraram para a equipe.

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) não vê problemas na naturalização de atletas, desde que sejam feitas de acordo com as leis dos países. Segundo a entidade, as confederações têm autonomia para tomar decisões desse tipo e cabe ao COB apenas apoiá-las.


Britânicos de plástico
Para corresponder às expectativas de grandes resultados na Olimpíada sediada em casa, o Reino Unido naturalizou 61 atletas em Londres-2012. Eles foram responsáveis por 24 das 65 medalhas conquistadas pelos britânicos e ficaram conhecidos como “plastic brits”, ou britânicos de plástico. O mais famoso deles é o somaliano Mo Farah, vencedor dos 5.000 e 10.000 metros. Muitos britânicos foram contra a política na época.

Leia a reportagem completa na edição desta segunda-feira (20/10) do Correio Braziliense