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Inclusão feminina em game de futebol é exceção entre as modalidades que figuram nos consoles

Demais jogos de esporte seguem ignorando personagens femininos

postado em 03/08/2015 12:14 / atualizado em 03/08/2015 12:21

Vítor de Moraes /Correio Braziliense

Poder escolher o próprio avatar em um game é luxo para poucos. O atacante sueco Zlatan Ibrahimovic, por exemplo, admite selecionar seu representante virtual “pelo ego” em um jogo de futebol. Neymar, Daniel Alves e Messi também “controlam” as próprias versões nas franquias futebolísticas. Além do esporte mais popular do mundo, basquete, golfe, hóquei, futebol americano, Fórmula 1 e outros, em menor escala, são explorados à exaustão pela indústria dos games. Um dos maiores fabricantes do gênero, especializado em esportes, fatura, a cada trimestre, US$ 1,1 bilhão. Uma diversão restrita — até agora — aos homens.

EA Sports/Divulgação

Em maio, porém, a produtora do game Fifa anunciou que a versão 2016 terá, pela primeira vez, times femininos. Doze seleções nacionais entrarão na lista: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, México e Suécia. E mais: as jogadoras Alex Morgan (norte-americana) e Christine Sinclair (canadense) dividirão a capa do jogo com Messi, para os jogos vendidos nos EUA e no Canadá.

Curiosamente, o futebol, sexista como sempre foi, está na vanguarda em relação às mulheres no game. Na contramão da Fifa, os demais jogos de esporte ignoram personagens femininos. E há até caso de retrocesso. O PGA Tour, por exemplo, cortou a opção com integrantes da LPGA (Ladies Professional Golf Association), disponível na versão 2014.

Embora sejam amantes do basquete, os Estados Unidos ainda não conseguiram elevar a WNBA (liga feminina) a um status melhor. A média de torcedores por jogo na última temporada foi de sete mil, enquanto a NBA levou 17 mil pessoas. Estrela do Phoenix Mercury, Brittney Griner tem 168 mil seguidores no Instagram. Kevin Durant, do Oklahoma City Thunder, tem 5 milhões.

O desinteresse pelo esporte feminino reflete-se nos consoles. O NBA 2k15 permite aos jogadores escolherem apenas homens. Há especulações, entretanto, da entrada das mulheres na edição 2016. A ex-jogadora Rachel DeMita aparece em um vídeo tendo seus movimentos escaneados, o que sugere a novidade no próximo ano.

Adolescente

Graças a uma fã canadense de 14 anos, o hóquei no gelo deu o primeiro passo para a inclusão. Em 2011, Lexi Peters, então com 14 anos, mandou uma carta que chegou às mãos de David Littman, produtor-chefe de NHL 2012. “É injusto com as mulheres e crianças que jogam hóquei em todo o mundo, muitas das quais jogam e curtem o jogo de vocês. Criei um personagem para mim, mas ele tem de ser representado por um homem, e isso não é divertido”, escreveu Lexi.

Os produtores pareciam não perceber a existência das mulheres no mundo esportivo. “A carta de Lexi foi um despertador. Existe um público emergente jogando nosso NHL e não fazíamos nada para capturá-lo”, disse Littman em entrevista.

A liga liberou a criação da personagem, mas não de times femininos. Para homenagear Lexi, os produtores criaram a figura virtual baseada nos traços da garota canadense.