Mais Esportes

RALI

Equipe de Brasília busca bicampeonato no Rally dos Sertões

Rota off-road de Goiânia a Bonito (MS) é o dobro do que seria por rodovia

postado em 19/08/2017 15:00

Cerca de 1.150km, na rota mais utilizada, é a distância que separa Goiânia e Bonito, cidade sul-mato-grossense. A quilometragem da viagem dobrará na disputa da 25ª edição do Rally dos Sertões. As motos, quadriciclos, UTVs (sigla em inglês de veículo utilitário multitarefas) e carros que participarem da prova percorrerão cerca de 3.300km em sete dias. Uma equipe brasiliense, a Mainha Racing, parte em busca do bicampeonato nos carros na categoria Production — T2 com o piloto Nadimir Kayser e o navegador Ricardo Amorim.

A competição, que será disputada de domingo (20/8) a 26 de agosto, passará por sete cidades. Um trajeto tão longo e demorado exige uma logística complexa. “Este ano, a Mainha está com 10 mecânicos e com  um caminhão só para a equipe, que é onde vai toda a parte de oficina”, afirma Vilson Pintado, piloto de um dos carros do time.

Todo esse aparato mecânico tem explicação. O veículo utilizado na estrada é 80% diferente do que o original de fábrica. Além disso, os dois carros Mitsubishi, um ASX e um TR4ER, são desmontados quase por completo todas as noites. “Revisamos várias peças que, com o tempo, podem ter algum problema, quebrar. Saímos praticamente com um carro zero”, explica Chico “Racing”, responsável pela manutenção.

Os ajustes mecânicos não são baratos. Para ficar apto a participar do rally, são investidos entre R$ 80 mil e R$ 90 mil em cada carro, de acordo com Chico Racing. Com a quantia, é possível, por exemplo, comprar três Chery New QQ, carro mais barato do Brasil, e sobra dinheiro para alguns itens opcionais. “Algumas peças desse carro são importadas, o amortecedor é uma delas. Pouca coisa é original”, explica Chico.

Minervino Junior/CB/D.A Press

“Também é uma corrida de estratégia. Para você ter uma ideia, estamos planejando, há uma semana, a questão do combustível”, argumenta Nadimir. Além do título no Sertões, a equipe fez uma dobradinha no Campeonato Brasileiro de Cross Country de 2016, com Nadimir Kayser e Ricardo Amorim como campeões e Vilson Pintado e Rafael Pereira na segunda colocação — também na categoria Production - T2.

Parte do sucesso de quem está ao volante no rali depende dos navegadores. “Nossa função é dar instruções de como nos mantermos no caminho correto. Tudo isso com antecedência e precisão”, explica Ricardo Amorim, navegador do Nadimir. Um dos trunfos é a planilha, que indica todas as curvas, obstáculos e direções. A missão dos navegadores pode ser dificultada caso haja algum erro nos aparelhos que medem as estatísticas do carro ou no GPS.

A 15ª vez

Elsinho Cascão e Claudia Grandi são outros brasilienses no Rally dos Sertões. Eles formam a dupla Kandangus e correm com um UTV (sigla em inglês de veículo utilitário multitarefas), na categoria Pro Aspirado. A dupla lidera o Campeonato Brasileiro de Cross-Country na sua categoria, com oito pontos de vantagem para o veículo pilotado por Carlos Ambrósio, que ocupa a segunda colocação.

“Estamos com uma boa preparação, fizemos boas provas até agora. Subimos no pódio em todas as etapas do Campeonato Brasileiro”, analisa Cascão. Na opinião de Claudia, das etapas disputadas até agora, a mais difícil foi a do Rally RN 1500, que aconteceu em abril, no Rio Grande do Norte. “Tinham muitas dunas, era difícil saber quando elas acabariam. Às vezes, o desnível era de 90 graus. Mas, para mim, quanto pior, melhor”, diz ela.

É a 15ª vez que Cascão participará do Rally dos Sertões. A primeira foi em 1999. O investimento da equipe para disputar a competição gira em torno de R$ 300 mil. A logística contará com motorhome, um caminhão equipado com oficina e uma caminhonete, que faz o apoio rápido acompanhando o UTV.

O piloto Mauro Guedes é outro brasiliense na disputa do Rally dos Sertões. Ele correrá numa L200 Triton SR na categoria Protótipos - T1 na equipe X Rally Team. Neurivan Calado será o navegador.

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima