Flamengo

Atlético-PR x Flamengo na Libertadores é duelo de gestões modernas

Furacão planeja ápice em 2024; Fla tem balanço sempre no azul

postado em 26/04/2017 10:57 / atualizado em 26/04/2017 11:05

Yasuyoshi Chiba/AFP
Atlético Paranaense e Flamengo duelam nesta quarta-feira (26/4), às 21h45, na Arena da Baixada, pela quarta rodada do Grupo 4 da Libertadores, mas, fora das quatro linhas, são aliados por gestões mais modernas e lucrativas no futebol brasileiro. Os rubro-negros têm duas das melhores administrações entre os clubes da Série A.

Ousado, o Atlético-PR planeja a longo prazo ser um dos favoritos ao título do Mundial de Clubes de 2024. A meta, programada para daqui a sete anos, norteia o projeto liderado por Mário Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Furacão. “Ninguém garante que você vai ser o melhor time do mundo, mas queremos chegar a 2024 como fortes candidatos, não um mero coadjuvante”, diz em entrevista ao Correio.

O modelo de gestão do clube paranaense foi implementado em 1995, quando Petraglia era o presidente. Na gestão dele, o Furacão inaugurou seu centro de treinamento. Adversário da vez, o Flamengo só concluiu o CT no fim do ano passado. Porém, o rival de logo mais é elogiado por Celso Petraglia. “Nos últimos quatro anos o Flamengo evoluiu muito, com centro de treinamento e gestão financeira, por exemplo. Eles estão recuperando o que sempre tiveram, que é uma marca muito forte”, comenta o dirigente do Atlético-PR.

Símbolo maior da revolução na gestão do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, presidente do clube desde 2013, acha que nunca conseguirá elevar o clube ao tamanho de sua marca. “É algo tão grande e valioso que acho que jamais ficaremos satisfeitos por completo. É uma consequência da nossa popularidade e do tamanho da nossa torcida”, define o mandatário do clube da Gávea em entrevista ao Correio.

Segundo Petraglia, um fator é fundamental para que a diretoria do Atlético-PR trabalhe a longo prazo. “Não temos obrigação de ganhar títulos todos os anos. Isso nos possibilitou arrumar a casa. Agora, sim, passamos a pensar nisso”, argumentou. O dirigente considera que o Furacão tem a melhor infraestrutura do Brasil e afirma receber visitas de vários clubes do mundo para conhecer o modelo de administração da equipe da Arena da Baixada.

TV

Guilherme Artigas/Fotoarena/Folhapress
Recentemente, o Atlético-PR deu indícios de que pretende revolucionar o futebol brasileiro de outra maneira. O Furacão luta por um novo modelo de distribuição das cotas de tevê. “Um jogo entre Flamengo e Atlético-PR pelo Brasileiro, por exemplo, rende R$ 3.2 milhões para eles e R$ 150 mil para nós. É errado, pois damos visibilidade ao produto e não recebemos por isso”, reclamou Celso Petraglia.

No Campeonato Paraense deste ano, o clássico entre Atlético e Coritiba foi adiado por falta de acordo com a Globo, canal que detém os direitos de transmissão do torneio. O Atletiba foi disputado 10 dias depois, com transmissão ao vivo no Youtube, algo inédito no futebol nacional. A decisão do Estadual também será assim.

Quando o assunto são as cotas de tevê, os protagonistas da partida na Arena da Baixada discordam. “Temos que levar em conta que o Flamengo é o carro-chefe. A receita decorrente das transmissões de jogos do Flamengo tem que ser, naturalmente, superior à de outros clubes”, opina Eduardo Bandeira de Mello.

Lucros

No início deste mês, o Flamengo publicou o balanço financeiro de 2016. Os dados registraram um superávit de R$ 153,4 milhões no ano passado, R$ 23 milhões a mais que o lucro em 2015. Foi o terceiro ano consecutivo em que o rubro-negro terminou com os dados positivos.

A dívida global diminuiu consideravelmente. Passou de R$ 447 milhões para R$ 390 milhões (queda de 13% em relação a 2015). O montante da receita foi impulsionado pelos valores que o clube recebe em direitos de transmissão — mais de R$ 297 milhões.

A quantia da televisão compensou algumas perdas importantes no orçamento. Houve diminuição na parcela do dinheiro vindo da bilheteria, patrocínio e sócio-torcedor, por exemplo. “Efetivamente, em 2016, as cotas de tevê apareceram com um percentual um pouco acima. Houve o pagamento das luvas, mas, historicamente, o Flamengo vem conseguindo outras fontes de receita. Em uma perspectiva de longo prazo, acho que as cotas de tevê perderão espaço entre as principais receitas do clube”, projetou Eduardo Bandeira de Mello.

Segundo ele, os números mostram uma administração responsável. “Os dados nos fazem planejar e direcionar mais recursos para todos os esportes do Flamengo. É fruto da gestão”, celebra.

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima