Futebol Internacional

LIGA DOS CAMPEÕES

Brasileiros de Malta abrem a Liga dos Campeões; conheça o quinteto

Dez times estão na primeira fase preliminar. O único que conta com jogadores daqui é o modesto Hibernians

postado em 27/06/2017 11:00 / atualizado em 27/06/2017 11:14

Reprodução/Facebook
No arquipélago de 316 km² ao sul da Itália — região 18 vezes menor que o território do DF — encontra-se o único time com jogadores brasileiros na primeira fase pré-eliminatória da Liga dos Campeões da Europa. Acostumado a liderar a lista de estrangeiros na competição de clubes mais importante do mundo, o “país do futebol” estará representado apenas no desconhecido Hibernians, de Malta. A caminhada para a fase de grupos da liga, com início no fim de agosto, começa hoje com confrontos entre times que você provavelmente jamais imaginou a existência. A data marca também a estreia de Kosovo — parte da extinta Iugoslávia — na competição europeia. O país aceito como membro da Uefa em 2016 será representado pelo Trepça 89.

Fundado em 1922, o Hibernians é um dos quatro clubes de maior estrutura na pequena ilha do Mediterrâneo. O time da cidade de Paola, a cinco quilômetros da capital Valletta e com uma população de pouco mais de 8 mil habitantes, tem em seu elenco cinco brasileiros: os meias Jackson e Rodolfo e os atacantes Gilmar, Marcelo Dias e Jorginho. O perfil do quinteto é semelhante. Passagens curtas por times de menor expressão no Brasil e circulação em mercados periféricos do mundo antes de irem parar em Malta.

O destaque é o baiano Jorginho Silva. Revelado pelo Bahia, em 2008, o atacante de 31 anos foi o vice-artilheiro do time em 2016/17. Ele fez 11 gols em 25 jogos. “Sou muito feliz aqui. O salário é bom, nos pagam em dia e a cobrança não é tanta. O nível do futebol ainda é baixo, mas está melhorando. Costumo comparar com a Série C do Brasileiro. Acredito que estamos chegando à Série B”, argumenta o atleta, longe do Brasil há 12 anos.

De fato, a Premier League de Malta cresce a cada ano. Segundo o portal Transfermarkt, especializado no mercado de transferências do futebol, os elencos da liga estão avaliados em 26,6 milhões de euros (R$ 98,6 milhões). Há dois anos, a cifra não passava da metade do valor atual.

Com o crescimento do poder de compra, aumentou o interesse pelo futebol brasileiro. Atualmente, 56 brasileiros vivem do futebol profissional em Malta. O arquipélago do sul da Itália é o décimo mercado que mais exporta atletas do futebol nacional, à frente de Inglaterra e França, por exemplo. Em 2016, 20 jogadores deixaram o futebol nacional para atuar na liga maltesa, segundo um estudo da Fifa. Só Portugal (164), Japão (46), Coreia do Sul (31) e México (22) exportaram mais brasucas.

Atleta virou empresário

OSCAR DEL POZO/AFP
Ex-jogador em Malta, o hoje empresário de atletas Eduardo Nascimento é o principal responsável pelo alto número de brasileiros na ilha. Ao todo, 107 atletas nacionais foram levados para o país por ele. “Os clubes confiam na minha indicação pelo reconhecimento que conquistei aqui como profissional, e é fácil convencer os atletas a virem para cá. Aqui, eles recebem em dia, moram em um país organizado, têm qualidade de vida decente e conseguem sustentar suas famílias com tranquilidade. Nenhum dos atletas que trouxe até hoje quiseram deixar Malta”, conta.

Atualmente, Malta ocupa o 51º lugar no ranking de coeficiente da Uefa. A lista define as vagas para as competições continentais de clubes. O país está à frente apenas de San Marino, Andorra e Gibraltar. Por isso, classifica apenas o campeão para a primeira fase da Champions League. Entre as seleções, o arquipélago é o último colocado no Grupo F das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. A seleção perdeu todas as seis partidas até agora e sofreu 15 gols. No ranking da Fifa, é o 182º.

Se depender do retrospecto, a passagem do Hibernians pela Liga dos Campeões não deve ser muito longa. Nunca uma equipe de Malta chegou à fase de grupos da competição europeia. O time dos brasileiros disputou a liga pela última vez em 2014/15, quando caiu logo no primeiro confronto.

Bilhões de diferença

A realidade financeira dos clubes que se enfrentam na primeira rodada está “apenas” a alguns bilhões dos gigantes europeus. Atual campeão, o Real Madrid tem elenco avaliado em R$ 2,9 bilhões. O Alashkert, da Armênia, é o mais poderoso da primeira fase, com R$ 15,5 milhões.

Somados, os valores de mercado dos 10 clubes que disputam a primeira fase da Liga dos Campeões não chega a R$ 51,8 milhões. O número é inferior ao de 19 dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. O Atlético-GO é a exceção. O elenco do Hibernians está avaliado em R$ 9,4 milhões. A Aparecidense-GO, da Série D nacional, vale R$ 13,2 milhões. O Cuiabá, da Série C, registra o dobro dos malteses.

Brasileiros nas ligas nacionais

Portugal: 398
Alemanha: 194
Itália: 141
Suíça: 86
Estados Unidos: 84
Japão: 80
Espanha: 67
Tailândia: 65
Áustria: 61
Malta: 56

Primeira fase da Liga dos Campeões

Hibernians (Malta) x FCI Tallinn (Estônia)
Vikingur Gota (Ilhas Faroe) x Trepça 89 (Kosovo)
Alashkert (Armênia) x Santa Coloma (Andorra)
The New Saints (País de Gales) x Europa FC (Gibraltar)
Linfield (Irlanda do Norte) x La Fiorita (San Marino)

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima