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Mapa interativo mostra quais estados mais revelam talentos para a elite do Campeonato Brasileiro

São Paulo é o maior fornecedor de pés de obra da Série A. Amapá e Amazonas ficam fora

postado em 30/11/2015 16:17 / atualizado em 30/11/2015 17:42

Redação /Correio Braziliense


A soberania do estado de São Paulo no país não se dá somente com o hexa do Corinthians no Brasileirão ou a presença de dois times paulistas na final da Copa do Brasil. O reinado se confirma também por ser o berço de um quinto dos jogadores brasileiros. Levantamento do Correio aponta que 47% dos 618 brasileiros atuantes na Série A se concentram nos quatro estados do Sudeste, sendo São Paulo responsável por 158. Enquanto essa região do país espalha talentos do esporte pelo país, Amapá e Amazonas não têm representante na principal divisão do Nacional.

A carência desses dois estados no futebol ultrapassa a inexistência de jogadores na Série A e se reflete no elenco dos times da casa. No Nacional-AM, um dos times de maior representatividade de Amazonas, 95% dos atletas vieram de outros estados, segundo o presidente do clube, Mário Cortez. “Infelizmente, não temos, nesses últimos anos, formado atletas com experiência suficiente para jogar com times de fora”, admite.

Apesar de Brasília ter 17 jogadores nos principais clubes do Brasil, a realidade da capital do país não é muito diferente do Amapá e de Amazonas. A quantidade de atletas do DF na Série A prova a qualificação dos brasilienses, mas não é suficiente para alavancar o futebol, que teve apenas um representante no Brasileiro — o Gama, na Série D.

A baixa competitividade e o amadorismo levaram o brasiliense Gabriel Silva daqui. A mais de 2.000km de casa, o jogador de 20 anos treina no time profissional do Grêmio. “Aqui a cobrança é diferente desde a base, as competições são mais difíceis”, constata. Gabriel foi sozinho para o Sul, região que mais abriga atletas brasilienses, e confessa que, se tivesse oportunidade de atuar em um time de elite em Brasília, voltaria, para ficar perto da família.

Imigrantes
Bem longe de casa estão os 43 jogadores estrangeiros em atividade no Brasileirão. O número quase empata com a quantidade de baianos: 42. Supera 22 unidades da federação e perde para cinco estados brasileiros. A Argentina, por exemplo, tem 16 na elite, número maior do que o de pernambucanos, Estado com projeção na Série A, por conta do Sport. Mas o atleta precisa de formação antes de chegar à categoria profissional, com incentivos na base, algo de que Gabriel sentiu falta no DF. O zagueiro lucrou sorte ao passar parte da adolescência no Paraná.

Fuga do DF para subir na vida

Gustavo Moreno/CB/D.A Press

Em Brasília, Gabriel, atualmente no Grêmio, começou a carreira no Chute Inicial Corinthians, em 2008 e 2009. Depois, passou pelo Legião, em 2010. Venceu nos três anos consecutivos o campeonato da Associação de Garantia do Atleta Profissional do DF (Agap). E lamenta: “Não teve repercussão, não se fala. A federação daqui (do Rio Grande do Sul) apoia. Talvez pelo fato de ter os dois grandes que jogam na Série A, ficam mais motivados”, compara o atleta, natural de Samambaia, que foi descoberto pelo Londrina TSPC quando disputava um campeonato em Goiás.

Além de Gabriel no Grêmio, há dois brasilienses no Avaí, dois no Coritiba e dois no Goiás; três no Joinville; e um no Atlético-PR, no Palmeiras, no Santos, no São Paulo, no Fla, no Flu e no Vasco.

O santista Leandro, 22 anos, foi descoberto quando atuava no Gama. Em um jogo pela Copa Santiago, disputado no Sul, chamou atenção de olheiros gremistas. Já havia defendido a base do Guaraense, Cruzeirinho, no Gama e no Brasiliense. Com essa experiência, fez um teste no Grêmio e passou. O futuro começava a traçar novos rumos que culminaram na chegada ao ataque do Santos. Ele não arrisca comparar times profissionais de Brasília com o de outros estados, e acredita que poderia ter se profissionalizado em Brasília. Para ele, o fato de a capital não ter uma tradição no esporte como o estado de São Paulo não anula a oportunidade de crescer. “É que teve a proposta do Grêmio, foi interessante para mim, e decidi ir para lá.”

O Sul abriga 9 dos 17 atletas brasilienses que atuam na Série A, os quais possuem média de idade de 23 anos, dado indicador de uma carreira que começou cedo fora do DF. Há três anos em Porto Alegre, Gabriel mostra que não tem aprendido apenas o futebol de qualidade de um clube que ocupa a terceira colocação da Série A, como também tem absorvido o sotaque gaúcho. “Quando eu chego aí, minha mãe brinca: fala direito menino”, conta rindo.