Brasiliense de 14 anos se prepara para estrear na Fórmula 4 Sul-Americana

O empresário Luiz Caland transmitiu a paixão pelo automobilismo para os dois filhos. O mais novo, quando tinha apenas 2 anos e meio, disse ao pai que gostaria de ser carteiro. “Na época, achei estranho e perguntei por que ele não preferia escolher outra profissão. Médico, por exemplo”, lembra. A resposta do filho — divertida, como a de crianças dessa idade — não poderia deixá-lo mais satisfeito: “Quero ser carteiro, a pessoa que anda de kart”, explicou, a seu modo. Não foi diferente com o primogênito Pedro Caland, que, prestes a completar 15 anos, é um dos mais novos pilotos a integrar a Fórmula 4 Sul-Americana em 2015.

A categoria é tida como escola. Para Pedro, será o primeiro degrau depois do kart na jornada que planeja percorrer no automobilismo até, quem sabe, dirigir um sonhado carro de Fórmula 1. Tanto o jeito calado e concentrado quanto o bom porte físico do garoto aparentam mais que os 15 anos comprovados pela identidade — um facilitador, na opinião do pai, para alçar voos mais altos, mesmo com pouca idade.

Pedro abraçou a paixão logo aos 11 anos, quando começou a competir de kart. Além dos títulos de campeão brasiliense e vice-campeão da Copa Guará, o jovem piloto perde as contas do número de acidentes em que se viu envolvido. Casos que fizeram a mãe parar de acompanhar as corridas dele de perto, tamanha a apreensão. “Ela não deixa de apoiá-lo, mas sempre me avisa que, se eu voltar com nosso filho sem um fio de cabelo, vou ter de me ver com ela”, conta o pai.

Apesar da apreensão inerente a um esporte de alta velocidade, pai e filho se apoiam na segurança da tecnologia dos carros de hoje. A intenção dos dois era a de que Pedro disputasse a Fórmula 3 neste ano. Mas a idade não permitiu — a categoria exige que o competidor tenha 16 anos completos. Mesmo na Fórmula 4 Sul Americana, as contas no calendário de Pedro foram apertadas para poder participar. O campeonato começa no próximo dia 24, mês em que o brasiliense completa a idade mínima para manejar máquinas que podem chegar aos 200 km/h.

Antes da estreia, no Autódromo de El Pinar, no Uruguai, Pedro teve dois dias de testes em março para conhecer o carro. “Gostei muito do carro, ele se aproxima bastante ao estilo do kart. Por toda a projeção que a F-4 tem no continente, não tenho dúvidas de que é o melhor caminho no momento, para a minha carreira”, comentou. Na temporada passada, outro brasileiro sagrou-se campeão da categoria. Para Bruno Baptista, o aprendizado ajudou na adaptação dele na Europa na Fórmula Renault 2.0, onde está agora.

“A Fórmula 4 Sul-Americana é uma das melhores categorias para seguir depois do kart, já que a Fórmula 3 é uma categoria muito acima. Assim, sem passar pela Fórmula 4, o piloto vai estar pulando níveis e isso não será bom para o aprendizado”, avalia Bruno. A categoria tem sede fixa no Uruguai e também realiza corridas na Argentina e no Brasil. Pedro Caland deve correr com apoio da torcida da “casa” na segunda etapa da competição, marcada para 21 de junho, em Guaporé, no Rio Grande do Sul. Além dele, o carioca Leandro Guedes, 19 anos, é o outro brasileiro a disputar a F-4 neste ano.