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Flamengo toma lugar do UniCeub/BRB como grande equipe do basquete nacional

Reorganização no departamento da modalidade e conquista de mais patrocinadores integram a receita de sucesso do Flamengo, campeão mundial

postado em 30/09/2014 10:13

Vítor de Moraes /Correio Braziliense

DHAVID NORMANDO/FUTURA PRESS

Em dois anos, o Flamengo foi de eliminado nas semifinais do Novo Basquete Brasil (NBB) a detentor da hegemonia da modalidade no Brasil. No mesmo período, o UniCeub/BRB perdeu a “majestade”. Depois de ser tricampeão do NBB, acabou eliminado duas vezes nas quartas de final. Muitos motivos explicariam a mudança de posição. Entre eles, as diferenças de gestão, de marketing e de orçamento. O rubro-negro coroou a nova fase no último domingo, com o título da Copa Intercontinental, considerada o Mundial dos clubes.

Flamengo e UniCeub/BRB protagonizam a maior rivalidade da Era NBB. Os cariocas foram campeões da primeira edição (2008/2009), mas viram os brasilienses vencerem as três disputas seguintes. Arrasador, o time do DF ainda conquistou a Liga das Américas em 2008/2009, a Libertadores do basquete. Foram seis anos de sucesso. E veio a queda. Desde a temporada 2012/2013, a equipe candanga tenta voltar ao topo.

De lá para cá, ocorreram duas eliminações, diante do São José, nas quartas do NBB. Na última delas, o UniCeub/BRB havia passado por uma pequena renovação, com a chegada do técnico argentino Sergio Hernandez e de jogadores estrangeiros — o uruguaio Martín Osimani e o norte-americano Marcus Goree. À exceção da Liga Sul-Americana, a equipe não empolgou novamente. Alex e Nezinho, dois ídolos, resolveram ir embora.

Quem tomou a dianteira foi o Flamengo. Atual bicampeão do NBB e campeão das Américas, o clube viu a ex-presidente Patrícia Amorim dar lugar a Eduardo Bandeira de Mello no fim de 2012. “Tivemos uma reestruturação total do departamento. Hoje, o basquete é autossustentável. Não depende mais de nenhum centavo do futebol”, explica o diretor de Esportes Olímpicos do Flamengo, Marcelo Vido.

Na comparação da trajetória dos dois clubes, o UniCeub/BRB prefere ter uma visão mais diplomática, de enaltecer o título flamenguista. Para o diretor de Comunicação e Marketing da patrocinadora, Rodrigo Costa, a conquista é para o basquete brasileiro. “É um título que ajuda o esporte como um todo. Os times do NBB acreditaram que o Brasil começaria a dominar o cenário internacional”, posiciona-se. “Isso não diminui nossa equipe. Quando fomos campeões da Liga das Américas, a Copa Intercontinental estava paralisada.”

Para voltar ao topo do basquete brasileiro, o clube da Gávea se espelhou nos Estados Unidos. O modelo das universidades norte-americanas foi seguido no Rio — o técnico José Neto, por exemplo, conta com auxilares. “As vitórias estão vindo até um pouco antes da hora”, surpreende-se Marcelo Vido. Além da reorganização do Departamento de Basquete e da preocupação com a estrutura do clube, a transparência é apontada pelo diretor de Esportes Olímpicos como primordial. “Existe uma relação muito aberta com os jogadores. Quando surge um problema, eles são os primeiros a saber”, ressalta Vido.

As mudanças fortaleceram as finanças. Houve uma época, em 2009, em que apenas uma estatal estampava a marca no uniforme rubro-negro. Hoje, três empresas privadas “disputam” espaço na camisa e no calção, além da Secretaria de Esporte e Lazer do Rio. “Nosso grande desafio é permanecer com uma estrutura profissional e definitiva. Não quero ser campeão em um ano, e no outro deixar de ter uma equipe”, ressalta Vido.

Na avaliação de Rodrigo Costa, do UniCeub/BRB, a localização da sede do clube faz diferença. “Qualquer esporte localizado em estados mais pujantes economicamente tem mais chances de viabilizar patrocínios”, argumenta o diretor de Comunicação e Marketing do time candango.