Basquete

ENTREVISTA

Gestor do UniCeub/BRB lamenta perda de um patrocinador e fala de dificuldade financeira

Presidente do Instituto Viver Basquetebol, que comanda o UniCeub/BRB, Homero Neto conta das dificuldades para montar equipe e diz estar perto de renovar com Giovannoni

postado em 20/07/2015 11:16 / atualizado em 20/07/2015 11:25

Vítor de Moraes /Correio Braziliense

Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press

O nome Homero Oliveira Neto consta da lista de mandatários de clubes do Novo Basquete Brasil (NBB) desde 2013. Mesmo assim, o presidente do Instituto Viver Basquetebol (IVB), detentor da franquia, nunca havia concedido entrevista. Na sexta-feira, porém, ele abriu as portas do Ginásio da Asceb para receber o Correio. Oliveira Neto explicou a dificuldade em contratar jogadores, disse estar “muito perto” de um acordo com o pivô Giovannoni, lamentou a perda de um patrocínio e prometeu uma apresentação da equipe em alto nível na primeira quinzena de agosto, com participação da torcida.

Aos 59 anos, o gaúcho acumula passagens pelo futebol nos anos 1980, década em que fez parte da Federação Brasiliense de Futebol e da diretoria do Brasília. Antes de assumir a Gerência de Esportes do UniCeub, trabalhou durante décadas na universidade, na área de gestão de pessoas. Confira a entrevista do dirigente:

Vocês tiveram uma reunião na terça-feira. Houve alguma decisão?
A gente ajustou algumas coisas, como a apresentação do time para treinar e fazer exames médicos em 3 de agosto. Falta definir a data da apresentação da equipe para a torcida. A ideia é fazer os jogadores interagirem com os torcedores. Ainda estamos definindo. Provavelmente será na primeira quinzena de agosto. Vamos colocar som, fazer uma interação. Será em um fim de semana.

Na última quarta-feira, a diretoria almoçou com Guilherme Giovannoni para tentar decidir a situação do jogador. Qual foi o desfecho?
Avançamos. Não fechamos, mas está quase fechado para ele ficar. Não vou falar que está definido, faltam detalhes. Está muito bem encaminhado. Por precaução, preferimos não falar que está 100% certo.

Por que essa negociação se arrasta tanto?
A negociação não está arrastada porque, na realidade… O país está em crise. Estamos em negociação com nossos patrocinadores. Por sinal, se eu puder agradecê-los, eles são parceiros. Então, estamos fazendo tudo com pé no chão. Demora um pouco porque estamos no meio das renovações com o BRB, com o UniCeub. Os quatro atletas que já tinham contrato vão cumpri-los. Tem o (ala-armador) Bruno também. Brasília é uma praça diferente. Em São Paulo, o Campeonato Paulista está aí, então eles têm de contratar. Aqui, o time só começa a jogar na Sul-Americana, que ainda não tem calendário. Confirmamos mais um atleta, o (pivô) André Coimbra. Então, temos oito jogadores, quase nove, com o Giovannoni. Existe a necessidade, que a comissão técnica nos passou, de um ala-armador. Mas eu acho que ainda temos tempo.

O mercado, porém, há muito está se mexendo...
Mas não está aquecido. O Palmeiras deixou o campeonato. Muitos estão perdendo patrocinador, como o Pinheiros. O basquete cresceu muito depois da criação do Novo Basquete Brasil. O mercado está aquecendo os atletas. Se você pegar um jogador de ponta, é um custo alto. Mas se você analisar, estamos com um bom time. Acho que será o ano do Ronald. O time vai encaixar.

Então, essa demora não tem a ver com um organograma grande, de muitas opiniões?
Não. Tem a ver com pé no chão, com agente, que às vezes complica um pouco. Não tem a ver com aprovação de patrocinador. BRB, UniCeub, todos são parceiros. Não tem nada de dar opinião.

Como é sua participação nas negociações?
A comissão técnica (José Carlos Vidal e Bruno Savignani) chega para mim e fala “o agente me procurou, e estamos interessados no jogador”. Eles passam meu telefone para o agente ou eu ligo para ele e começamos a negociar. E les são duros para baixar o preço. São negociações difíceis. Quando você traz um atleta, tem de arrumar um apartamento. Fecho com o jogador e passo para o marketing. Eu trabalho com orçamento fechado. Os patrocinadores não interferem nas negociações. Lógico que eles gostam de jogador top, mas quem não gosta?

O UniCeub/BRB caiu de patamar?
O investimento é o mesmo. Os atletas ficaram muito valorizados. O Instituto Viver Basquetebol está atrás de mais patrocinadores. Mas o Fúlvio foi indicado várias vezes o melhor armador da liga. Se ele foi bem ou não, não vou analisar. O que acontece é que os outros times se reforçaram demais: o Bauru, o Flamengo. Eles investiram bastante. Nosso investimento não caiu, só não tivemos um plus.

Que falhas da última temporada você pode admitir?
É complicado admitir falhas, mas houve. Na realidade, nessa parte técnica, eu não gostaria de opinar, de erros de contratação. De estrutura, o possível foi feito. O que acabou sendo muito questionado foi a passagem do (norte-americano) Darington Hobson. Ali, houve um problema pessoal, que não vou divulgar. De repente, se trouxesse mais um jogador... Mas, com a vinda do LaMonte, a equipe melhorou bastante.

E a situação de Kyle LaMonte? Ele parece meio apreensivo por uma definição...
Falei com o agente dele, que veio aqui no fim da temporada e até assistiu a jogo. Mas ele chegou com uma proposta X, e falei que não poderíamos dar um posicionamento naquele momento, tinha de ver com a comissão técnica. Ele pediu para não demorar, até tive dificuldade pra entender, pois ele é uruguaio, tem um sotaque bem carregado. Em maio, disse a ele que não assumiria compromisso, porque ainda estamos atrás de recursos, então ele está liberado. Não dispensamos o LaMonte, eu só não quis prendê-lo. Mas assim que tiver um orçamento, vou em cima do ala-armador: o LaMonte ou quem o Vidal indicar.

Há mesmo um projeto de ginásio novo?
Existe, mas a ideia está meio parada. Tentamos algumas parcerias, mas não conseguimos. Na minha visão, o Ginásio da Asceb é ótimo, porém nosso time comporta mais gente. Acho que o ideal seria o Cláudio Coutinho.

O orçamento para a próxima temporada vai diminuir?
Estamos procurando mais parceiros. A Bancorbrás não renovou. No entanto, UniCeub e BRB serão mantidos. Além disso, os jogadores se valorizaram muito. Mesmo assim, estou muito otimista com esse plantel que está sendo montado.

Quais são suas funções como presidente do IVB?
Essa parte de organização, planejamento administrativo, financeiro, eu faço como presidente. Escolher meus pares... A gente deu uma arrumada boa no instituto, fez uma reestruturação em nível administrativo e financeiro. Eu faço essa gerência toda. Tem também o marketing, que me ajuda. Há um funcionário que, de repente, pega o jogador no aeroporto, leva para ver apartamento.

O instituto tem alguma função social?
Não. Foi montado para desenvolver o basquete. Não deixa de ter papel social na medida em que temos categorias de base. E existe um trabalho social que quero implementar este ano. Tenho vários conhecidos de vilas olímpicas, podemos levar os atletas, interagir com o pessoal que não tem acesso a eles.

Você é funcionário do UniCeub?
Sou funcionário. Sou gerente de Esporte agora, mas ficarei só por conta do basquete. Trabalhei na área de gestão de pessoas e ficarei exclusivo para o basquete.

Quem são os donos do instituto?
São sócios. Há um grupo de pessoas que fazem parte da sociedade. Eu e outros diretores. São seis sócios, tem a esposa do Jorge (Sá, supervisor do time).

José Carlos Vidal faz parte do quadro de sócios?
Sim, o Vidal faz parte.