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COPA'2014

Fifa fatura R$ 16 bilhões com a Copa do Mundo realizada no Brasil, lucro recorde para entidade

Situação dos estádios brasileiros nem sempre acompanha esses benefícios. Pelo menos seis das 12 arenasda Copa estão com sérias dificuldades para se financiar

postado em 19/03/2015 09:20 / atualizado em 19/03/2015 09:25

AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI

Na Fifa, lucros recordes. No Brasil, estádios deficitários, fechados e até afetados pela Operação Lava Jato. A Copa do Mundo de 2014 garantiu para a entidade que controla o futebol mundial o maior resultado financeiro de sua história e milhões acima até mesmo do que a entidade previa.

O jornal O Estado de S. Paulo obteve com exclusividade o balanço comercial mantido em sigilo pela entidade que será revelado nesta sexta-feira e aponta que o Mundial rendeu à Fifa perto de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões). Diante do recorde, jamais a entidade acumulou uma fortuna como a que hoje dispõe.

Entre 2010 e 2014, enquanto o mundo pena para sair de sua pior crise financeira em 70 anos, a Fifa segue um caminho radicalmente diferente graças aos contratos no Brasil. Apenas no ano de 2014, a renda foi de quase US$ 2 bilhões, um recorde absoluto com contratos comerciais, vendas de ingressos e direitos de televisão.

Nenhum outro evento jamais se comparou aos ingressos gerados pelo Brasil, e sem a cobrança de impostos. Para a Copa de 2010, na África do Sul, a renda chegou a US$ 4,1 bilhões. No ano de renda máxima na história da entidade, em 2006, os ingressos chegaram a US$ 249 milhões. Agora, os valores apontam para um salto de dez vezes.

A entidade argumenta que deixou parte dessa renda ao Brasil, com um pacote de US$ 100 milhões para o desenvolvimento do futebol no País. O que a Fifa não diz é que o volume é equivalente ao que paga, por ano, em salários a seus próprios cartolas.

BURACO

Se a Fifa nada em dinheiro hoje, a situação dos estádios brasileiros nem sempre acompanha esses benefícios. Pelo menos seis dos 12 estádios da Copa estão com sérias dificuldades para se financiar.

Na Fonte Nova, em Salvador, o problema é o impacto dos escândalos de corrupção no Brasil e a Operação Lava Jato. A OAS, empresa que administra o estádio, teve suas ações bloqueadas pela Justiça e pode ser obrigada a se desfazer do investimento na arena.

Em Manaus, os times amazonenses têm evitado usar o estádio diante dos custos para os jogos do Estadual. A Arena Amazônia, que custou R$ 670 milhões, precisa de R$ 700 mil por mês em manutenção. Mas, entre o final da Copa e fevereiro deste ano, o estádio recebeu apenas sete partidas e o prejuízo supera a marca de R$ 2 milhões. Em média, o campeonato amazonense de futebol de 2015 tem recebido um público pagante de 659 pessoas por jogo.

Em Brasília, a falta de jogos no Estádio Mané Garrincha levou o governo do DF a levar parte de sua burocracia para ocupar o local. Hoje, seu buraco é de mais de R$ 5 milhões.

Em Natal, o ABC rompeu nesta semana um acordo com o consórcio que administra a Arenas das Dunas. Um contrato previa que os clássicos do Estado fossem realizados no estádio. Mas, no início do mês, a partida entre ABC e América foi disputado no Frasqueirão.

O América manteve seus jogos na Arena. Mas, em sete partidas, acumulou uma média de meros 3,5 mil pagantes por jogo - 10% da capacidade do estádio.

O Maracanã ainda luta para operar com lucros. Para que uma partida represente um benefício para os administradores, o estádio precisa contar com pelo menos 30 mil torcedores. No atual campeonato estadual, a média de público não passa de 3,6 mil por jogo. No caso do Flamengo, a média é de 16 mil.

Em janeiro, a Arena Pantanal foi obrigada a fechar suas portas para uma reforma “urgente”. Isso tudo apenas sete meses depois da Copa.

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