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COPA DO MUNDO

Copa do Mundo de 2014 rende mais dinheiro a dirigentes do que ao próprio futebol brasileiro

Cartolas e funcionários da entidade internacional receberam um total de US$ 110 milhões (R$ 364,43 milhões na cotação atual) em salários, bônus e outros pagamentos

postado em 20/03/2015 10:55 / atualizado em 20/03/2015 11:19

AFP PHOTO / SEBASTIEN BOZON

A renda da Copa do Mundo no Brasil permitiu que a Fifa aumentasse os salários de seus cartolas e funcionários. No total a entidade distribuiu mais benefícios a seus integrantes que o volume de dinheiro que destinou ao Brasil como contribuição ao desenvolvimento do futebol.

Dados obtidos com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo revelam que, apenas em 2014, os cartolas e funcionários da Fifa receberam um total de US$ 110 milhões (R$ 364,43 milhões na cotação atual) em salários, bônus e outros pagamentos.

No informe financeiro que será publicado na tarde desta sexta-feira, a Fifa não especifica quanto foi destinado ao presidente Joseph Blatter ou ao secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke. Trata-se do primeiro documento oficial da Fifa sobre os resultados financeiros do Mundial.

As rendas individuais de cada dirigente são mantidas em sigilo. Mas, nos últimos meses, cartolas compraram casas avaliadas em mais de R$ 13 milhões na região de Zurique. Em menos de dez anos os salários na Fifa mais que dobraram. Em 2008, por exemplo, eles eram de cerca de US$ 52 milhões (cerca de R$ 172 milhões atualmente).

Os números contrastam com o dinheiro que a Fifa deu ao Brasil, sede da Copa e onde não se cobrou impostos da Fifa. A entidade criou um fundo para ajudar o futebol nacional e enviará ao longo dos próximos anos um total de US$ 100 milhões (em torno de R$ 331 milhões). O primeiro projeto está sendo realizado em Belém e nos próximos anos, iniciativas para construir centros de treinamentos e instalações vão ser implementadas pelo País.

A contribuição foi destacada por Blatter e Valcke como uma prova de que parte da renda da Copa do Mundo voltaria ao Brasil. Em novembro de 2014, Valcke indicou que o fundo criado para o Brasil seria "uma excelente plataforma para distribuir os benefícios de uma Copa inesquecível". "Como na África do Sul e no Brasil, é nosso objetivo usar as próximas Copas do Mundo para promover um desenvolvimento sustentável do futebol nos países sedes", disse. O que não revelou é que os maiores beneficiados dessa explosão na renda seriam eles mesmos, com maiores salários e mais funcionários.

Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou com exclusividade na quinta-feira, a Fifa anunciará nesta sexta uma renda recorde de US$ 5 bilhões (R$ 16 bilhões) por conta da Copa do Mundo. A distribuição de dinheiro para seus cartolas e mesmo os "presentes" às federações às vésperas da reeleição de Blatter farão com que os lucros líquidos sejam menores. Mas a realidade é que nunca tanto dinheiro circulou pela entidade como agora.

INGRESSOS

Os torcedores brasileiros e estrangeiros ainda garantiram uma renda para a Fifa de R$ 1,7 bilhão (R$ 5,6 bilhões) apenas ao lotar os estádios para a Copa do

Mundo de 2014 e para a Copa das Confederações de 2013.

Ao contrário do que ocorreu nos Mundiais de 2010 e 2006, o dinheiro dos ingressos foi administrado e recolhido no Brasil diretamente pela Fifa. Por meses, a entidade rejeitou pedidos do governo brasileiro para que estudantes e idosos tivessem benefícios.

Enquanto a Fifa nada em dinheiro, o Tribunal de Contas da União indicou que, no total, as renúncias na arrecadação de impostos no Brasil foram de R$ 1,1 bilhão (R$ 3,6 bilhões) diante do acordo de que a entidade máxima do futebol não pagaria impostos pela Copa do Mundo.

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