Pontapé inicial para a era Micale

Com o desafio de comandar uma seleção que não convocou para o Mundial Sub-20, no mês que vem, na Nova Zelândia, o técnico Rogério Micale começou ontem seu trabalho à frente da Seleção Brasileira, em Atibaia, no interior paulista. Os jogadores se apresentaram para o período de treinamento e adaptação e fizeram apenas exames médicos, expediente que será repetido hoje. O grupo de 26 atletas, que será reduzido para 21 antes da competição, embarca sábado para a Austrália, onde fará a preparação. A chegada ao país da disputa está prevista para o dia 28.

Micale foi confirmado no fim de semana para a vaga de Alexandre Gallo, que deixou a desejar no Sul-Americano da categoria, quando o time foi apenas quarto colocado. O convite partiu do próprio presidente da CBF, Marco Polo del Nero, que ligou há cerca de 10 dias para o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, pedindo a liberação do técnico do Sub-20 alvinegro – pedido prontamente atendido.

“Acredito que a CBF estava procurando um treinador com conhecimento de base para trabalho a longo prazo. Micale passou seis anos no Atlético, provando ser um técnico equilibrado, de conceitos modernos, além de bons resultados e jogadores revelados”, explicou o diretor das categorias de base do Galo, André Figueiredo. “Além disso, Erasmo Damiani (coordenador de base da CBF) acompanha muito a base e conhecia o trabalho do Micale.”

Figueiredo acredita em bom trabalho do treinador na Seleção, mesmo tendo assumido um time já convocado. Micale só poderá fazer os cinco cortes no grupo, pois apenas 21 poderão ser inscritos no Mundial. Em sua convocação, Gallo deixou de fora nomes dados como certos, como Gabriel (Santos), Gérson (Fluminense), Malcom (Corinthians), Eduardo e Carlos (Atlético). O último pediu dispensa da Seleção em dezembro, alegando lesão, mas voltou a treinar pelo clube em seguida. “Não acredito que tenha sido (retaliação). Vários jogadores que foram ao Sul-Americano não foram chamados. Temos de respeitar os critérios do Gallo”, afirmou Figueiredo.

DESAFIOS Baiano de Salvador, Micale fez a carreira toda no Sul, em equipes de base no Paraná e em Santa Catarina. Antes de assumir a prancheta, no fim dos anos 1990, foi goleiro do Londrina. Seu primeiro trabalho de destaque foi no Figueirense, em 2008, quando conquistou a Copa São Paulo. Chegou ao Atlético em 2009, teve curta saída em 2011 para treinar o profissional do Grêmio Prudente, mas voltou em seguida ao Galo. Com o alvinegro, conquistou dois títulos da Taça BH, dois Mineiros e três torneios internacionais na Holanda. Entre os jogadores que ajudou a revelar estão Bernard, Carlos, Jemerson, Lucas Cândido, Eduardo e Marion. No Figueirense, revelou o zagueiro Felipe Santana, ex-Borussia Dortmund e hoje no futebol grego.

Com a mudança na base da Seleção, Dunga acumulará a função de treinador dos times principal e olímpico. Micale, além de treinar o Brasil na Nova Zelândia, vai comandar a equipe no Pan-Americano de Toronto, em julho. No Mundial, os brasileiros estão no Grupo E. A estreia será em 1º de junho contra a Nigéria, em New Plymouth. Três dias depois, o adversário será a Hungria, na mesma cidade. Encerrando a fase de classificação, em 7n de junho, o rival será a Coreia do Norte, em Christchurch.