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OURO OLÍMPICO

Há um ano, Brasil vencia a Alemanha e ficava com a inédita medalha olímpica de ouro

Brasil perseguia a conquista da medalha de ouro desde 1952

postado em 20/08/2017 09:00 / atualizado em 20/08/2017 13:53

AFP / VANDERLEI ALMEIDA
Maracanã lotado. Final de campeonato. Disputa de pênaltis depois de empate tenso no tempo normal e na prorrogação. Neymar, que já havia anotado com um gol de falta durante a partida, corre para bater a última e decisiva cobrança... Ele balança as redes, se ajoelha na marca da cal e não consegue segurar as lágrimas, enquanto a galera vibra enlouquecida nas arquibancadas. E não era para menos. Naquele momento, há exato um ano atrás, em 20 de agosto de 2016, o Brasil sepultava um fantasma que o perseguia desde 1952: a conquista da tão esperada medalha de ouro olímpica, único título que faltava em nossa galeria de troféus.

E a vitória, justo sobre a Alemanha dos fatídicos 7 a 1, dava novo ânimo à torcida canarinho, que ainda andava de cara amarrada para a Seleção.  Definitivamente, aquele grupo de 18 jogadores, comandados pelo técnico Rogério Micale, escrevia seu nome na história de nosso futebol. O moral dos campeões foi tanto que, dois dias depois, sete deles (Neymar, Gabriel, Gabriel Jesus, Marquinhos, Rodrigo Caio, Renato Augusto e Weverton) estavam na primeira lista de convocados do técnico Tite para a Seleção Brasileira principal que enfrentaria Equador e Colômbia nas Eliminatórias da Copa. Mas, como diz o velho ditado, “águas passadas não movem moinhos”... Decorridos 365 dias, alguns dos ‘heróis’ olímpicos vivem hoje realidades bem diferentes.

Principal estrela daquela equipe, Neymar, então no Barcelona, só viu aumentar sua cotação no mundo da bola. Literalmente. Foi comprado pelo Paris Saint-Germain, da França, por incríveis 200 milhões de euros (cerca de R$ 820 milhões), se transformando no jogador mais caro de todos os tempos do futebol mundial. Na Seleção, segue sendo o ‘dono do time’, principal trunfo do grupo de Tite. Para completar, acaba de ver seu nome na lista dos 24 jogadores que concorrem ao prêmio Melhor do Mundo, concedido anualmente pela Fifa.

Alguns jogadores daquele grupo podem não ter o mesmo status de Neymar, mas também seguem em alta. É o caso de Renato Augusto. Convocado para a olimpíada 'de última hora', depois que o Bayern de Munique vetou a presença de Douglas Costa, alegando que ele ainda se recuperava de lesão, o volante, que atua no futebol chinês, foi essencial para a conquista e depois se transformou em um dos homens de confiança de Tite, sendo titular absoluto e presença constante em todas as últimas convocações. Mesmo prestígio de que gozam o zagueiro Marquinhos, do PSG, elogiado pelo comandante por suas atuações seguras e  espírito de liderança, e o atacante Gabriel Jesus, que, mesmo prejudicado por algumas lesões, se mantém como titular do Manchester City e deve mesmo ser o camisa 9 do Brasil na Copa do Mundo da Rússia em 2018.

AFP / VANDERLEI ALMEIDA


Outros campeões olímpicos também têm boas possibilidades de estar na Copa'2018. O zagueiro Rodrigo Caio, por exemplo, que vem sendo sondado por equipes do exterior desde o ano passado. Apesar da má fase atual do São Paulo, segue recebendo chances com Tite, sendo convocado para os duelos das Eliminatórias Sul-Americanas. Seu problema é a forte concorrência no setor.  Quem pode ter um caminho mais aberto é Luan. Ele, que já foi um dos destaques do time olímpico, evoluiu ainda mais e se transformou no motor do Grêmio, que segue bem na Libertadores, no Brasileiro e na Copa do Brasil. Para muitos, é o melhor jogador atuando no momento no futebol brasileiro. Na mira de vários clubes europeus, acaba de ser convocado para a Seleção principal.

ACREDITAR SEMPRE

Alguns jogadores que participaram da conquista vivem situação mais complicada, mas ainda sonham com uma 'reviravolta'. Felipe Anderson começou a Olimpíada como titular, mas acabou perdendo a posição no decorrer do torneio. De lá pra cá, seu futebol cresceu e tornou-se um dos destaques da Lazio, da Itália, tendo a contratação cogitada por gigantes do futebol europeu. De toda forma, não teve maiores oportunidades na Seleção. Algo semelhante ao que acontece com Rafinha. Atrapalhado por lesões, o filho do tetracampeão Mazinho não consegue se firmar no Barcelona. Em consequência, suas chances também diminuíram.

AFP / VANDERLEI ALMEIDA


Já para os demais jogadores, a Seleção parece não ser mais do que uma 'doce lembrança'. Nada menos do que cinco titulares do time olímpico desapareceram das convocações. O goleiro Weverton, que 'herdou' a vaga do contundido Fernando Prass e teve papel decisivo para o ouro (inclusive defendendo pênalti de Petersen na final), segue titular absoluto do Atlético-PR, mas perdeu espaço na disputa pela camisa 1 para jogadores como Alisson, Cássio, Éderson, Diego Alves... O lateral-direito Zeca, outro que vive às voltas com contusões, tem sido irregular no Santos. Na lateral-esquerda, o ex-atleticano Douglas Santos teve problemas para se adaptar ao futebol alemão e foi parar na reserva do Hamburgo, onde é colega do volante Wallace, que, apesar de aproveitar bem a oportunidade na Olimpíada, dando equilíbrio ao time a partir do terceiro jogo, também não teve mais chances na Seleção. Mas a pior reviravolta foi, sem dúvida nenhuma, do atacante Gabriel, o 'Gabigol'. Negociado com a Inter de Milão, transformou-se no mico da temporada europeia. Quase não jogou e procura novo clube. O Sporting, de Portugal, até demonstrou interesse, desde que não tenha que pagar pelo seu empréstimo.

Se para quem era titular daquele time a coisa já não está fácil, imagina para quem era reserva. Como terceiro goleiro do Atlético, Uilson pouco atuou neste período. Promessas do Inter, William e Rodrigo Dourado não 'explodiram'. Enquanto o lateral-direito foi vendido para o Wolfsburg, da Alemanha, o volante segue no clube gaúcho, mas não tem apresentado o mesmo futebol. O zagueiro Luan até ganhou um alento ao trocar o Vasco pelo Palmeiras, mas ainda não se firmou como titular. Já o volante Thiago Maia, que começou os Jogos como titular e acabou perdendo a posição para Wallace, agora luta por um lugar no time do modesto Lille, da França. Pode ser duro de aceitar, mas é a realidade: o mundo do futebol dá voltas e – até mesmo para heróis olímpicos - é difícil se manter no topo...

Arte: Janey Costa/ EM DA Press

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