RUMO AO HEXA

Depois de fase cordial no início da copa, Felipão retoma a linha dura

"Cordial demais" no início da Copa do Mundo, segundo avaliação do próprio técnico, o velho Felipão voltou a dar as caras.

postado em 04/07/2014 07:37 / atualizado em 04/07/2014 09:31

Braitner Moreira - Enviado especial

REUTERS/Marcelo Regua

Fortaleza —
“Cordial demais” no início da Copa do Mundo, segundo avaliação própria, o técnico Luiz Felipe Scolari havia avisado que logo mudaria de comportamento. “Talvez eu tenha de voltar ao meu estilo”, provocou, no sábado, depois de eliminar o Chile na disputa de pênaltis. Na tarde de ontem, em entrevista coletiva no Castelão, o velho Felipão voltou a dar as caras.

Agressivo como ainda não havia sido desde o início da competição, logo enrubesceu. A garrafinha de água mineral não durou os 30 minutos cravados da entrevista — o capitão Thiago Silva, também presente na mesa, nem tocou na dele. Com a voz afetada em boa parte do tempo, o técnico cortou cinco perguntas, ironizou outros questionamentos e voltou a provocar velhos rivais. Uma aula do melhor scolarismo, doutrina do homem que carrega , aonde quer que vá, os livros A arte da guerra e Como se tornar um líder.

Na conversa de ontem, ficou claro que o técnico e seus comandados têm um inimigo comum: a imprensa. “Vocês estão errados nas suas interpretações”, disse Scolari, quando perguntado sobre a presença da psicóloga Regina Brandão na Granja Comary na terça-feira. Foi o único momento em que Thiago Silva assentiu com a cabeça numa fala de Felipão. Questionado sobre o aspecto mental, o zagueiro havia criticado esse tipo de pergunta. “Isso não me atrapalha em nada, só me ajuda. As pessoas estão falando um pouco de bobagem”, retrucou, arrancando um sorriso do chefe.

Otimismo

Mesmo com a oportunidade de revisar as ambições do time, Scolari preferiu manter o otimismo em alta. Perguntado se o coordenador-técnico, Carlos Alberto Parreira, havia sido otimista demais antes da Copa ao falar que o grupo tinha “uma mão na taça”, o treinador cortou o interlocutor. “E continuamos otimistas, a Seleção continua (com uma mão na taça). Vamos para o quinto passo e são sete. Aquela declaração do Parreira foi espetacular, a nossa população não esperava nada diferente”, elogiou o comandante.

Na última das questões interrompidas antes da conclusão, Felipão tentou explicar o que quis dizer, numa conversa reservada com seis jornalistas na Granja Comary, quando revelou o desejo de trocar um dos 23 convocados. “Neste momento, se eu pudesse acrescentar um jogador com características para mudar o time, eu faria. E para acrescentar uma peça, eu teria de tirar outra, é simples. Todos os técnicos da Copa gostariam de fazer essa mudança”, minimizou. Capitão do grupo, Thiago Silva ouviu a declaração de forma impassível.

Felipão, técnico do Brasil:

“Se não fosse a nossa meta de chegar à final, não teríamos todo o apoio que conseguimos dos torcedores. Se não atingirmos, a vida segue”

“Nossos jogos contra a Colômbia são alegres. Nossa guerra é contra Chile, Uruguai e Argentina”

“Cinco jogos de oitavas terminaram na prorrogação ou nos pênaltis. E um deles não foi porque o time dele, do senhor (Louis van Gaal, técnico da Holanda) que disse ter um complô a favor do Brasil, foi ajudado”