TERCEIRO LUGAR

Para o país pentacampeão, a briga pelo último degrau no pódio tem pouca importância

O Brasil disputará o terceiro lugar na Copa no próximo sábado, no Mané Garrincha. Em 1938 e 1978, a Seleção ficou nessa posição em mundiais

postado em 09/07/2014 08:55 / atualizado em 09/07/2014 12:41

Amanda Martimon

Arquivo/CB

Fora da grande final, a despedida do Brasil de seu próprio Mundial, marcada para o próximo sábado, às 17h, no Mané Garrincha, foge de qualquer previsão. Anfitriã da competição, a torcida nacional não contava com um desvio — de sete gols — no caminho da Seleção rumo ao Maracanã, em 13 de julho. Mesmo com Neymar fora da batalha, os torcedores brasileiros apostaram na conquista do hexa. Sem sucesso na missão, abortada por Müller e Cia., a equipe de Felipão muda a rota a contragosto e parte para a briga por um terceiro lugar pouco importante.

Para a Seleção que tem o maior número de títulos mundiais no currículo, cinco estrelas estampadas no peito, fica difícil vibrar com a chance de um terceiro lugar. Os brasileiros fãs de futebol sabem de cor os anos de ouro para a canarinha: 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Poucos, porém, devem se lembrar dos resultados de 1938 e 1978, quando o Brasil voltou para a casa com um “simbólico” terceiro lugar.

Estar entre os quatro melhores do mundo é pouco para uma torcida que se acostumou com o topo. A tradição conquistada pelas gerações de Pelé, Garrincha, Didi, Amarildo, Jairzinho, Rivelino, Romário, Bebeto, Rivaldo e Ronaldo leva à exigência natural de ganhar ao nível máximo. Assim, no sábado, o apoio dos brasilienses no Mané, se houver, provavelmente, significará carinho pelos jogadores, mas estará distante de qualquer comemoração por uma possível beirada no “pódio”.

Apenas seleções sem tradição no esporte puderam comemorar a conquista de um terceiro lugar em Copas do Mundo. Foi o caso dos Estados Unidos, na primeira edição do evento, além de Hungria, Polônia, Croácia e Turquia. Em 2002, um caso atípico. Até o quarto lugar da competição foi motivo de festa para uma seleção. No caso, a Coreia do Sul, sede do torneio, que inesperadamente chegou até as rodadas finais. Nenhuma delas, porém, têm condições de serem comparadas ao histórico brasileiro.

Rivais

Torcer contra a Argentina durante a partida decisiva contra a Holanda, hoje, na Arena Itaquera, tem um aperitivo a mais. Em 1978, quando o país vizinho sediou o Mundial, a Seleção Brasileira amargou o terceiro lugar e viu o seu maior rival levantar o troféu da competição. Para evitar que a cena se repita — e, agora, dentro de casa —, é melhor que a albiceleste fique longe do Maracanã.

Já o elenco da Alemanha, algoz na tarde de ontem, pode cruzar os dedos e pedir para que resultados anteriores do Mundial se repitam nesta edição. Em 1974, quando a equipe germânica conquistou seu segundo de três títulos, o Brasil — tricampeão à época — ficou, sem comemorações, na quarta posição.

Duelos sem prestígio

1938 – Copa da França
Em 16 de junho, na cidade de Marselha, a Seleção Brasileira caiu diante da Itália por 2 x 1, na semifinal. À época, o artilheiro do Mundial, Leônidas da Silva, foi poupado pelo técnico e não entrou em campo. Na disputa pelo terceiro lugar contra a Suécia, o Brasil venceu com placar de 4 x 2.

1974 – Copa da Alemanha Ocidental
Já tricampeão mundial, o sentimento foi semelhante ao de agora. Em 1974, a competição era dividida em duas fases de grupos, com sistema de pontos corridos. Os melhores de cada chave da última etapa seguiam para a final e os vices para a disputa do terceiro lugar. Contra a Polônia, a Seleção perdeu por 1 x 0 e amargou a quarta posição.

1978 – Copa da Argentina
A última vez em que o Brasil ficou em terceiro lugar — vencendo a Itália por 2 x 1 — foi justamente na casa do maior rival brasileiro em termos de futebol. O Brasil só não chegou à final porque perdeu para os donos da casa no desempate do saldo de gols. Para piorar, a torcida verde e amarela teve de assistir à Argentina ser campeã pela primeira vez.