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VILA OLÍMPICA

Problemas na Vila Olímpica não são exclusividade do Brasil

Atletas e ex-competidores contam como foi a experiência em outras edições

postado em 27/07/2016 08:58 / atualizado em 27/07/2016 09:14

Maíra Nunes

AP Photo/Thanassis Stavrakis
Nos primeiros dias após a entrega da Vila Olímpica do Rio, sobraram reclamações sobre as condições das instalações. Fiação exposta, vazamentos, vasos sanitários quebrados, escadas sem iluminação e sujeita foram algumas delas. A primeira imagem que o Brasil transmitiu sobre o evento acabou ficando maculada, mas os problemas não são exclusividade do país verde-amarelo.

O ex-velocista Hudson de Souza lembra que nos Jogos de Atenas-2004, a Vila Olímpica ficou pronta em cima da hora e, assim como a carioca, apresentou transtornos. “Enfrentamos a mesma situação que estão apontando agora. Alguns quartos tinham problemas de infiltração e estavam muito sujos”, conta. De acordo com ele, os contratempos foram maiores em Atenas do que em relação aos Jogos de Sydney-2000 e de Pequim-2008. “Dentro da vila, a parte de jardinagem e uma pista para corrida e caminhada ainda não tinham sido acabadas e apresentavam rachaduras”, emenda, em relação à edição de 2004.

“É chata esta situação que estamos vendo no Rio, mas são coisas que não ocorrem só no Brasil. A gente tenta chegar perto da perfeição, mas é complicado. Sempre aparecem esses pepinos”, comenta Hudson.

Para o brasiliense Caio Bonfim, que se prepara para disputar a segunda Olimpíada dele, algumas delegações e mídias estrangeiras vieram ao Brasil “armadas”. “Já fiquei em várias vilas de campeonatos internacionais. Lembro que nos Jogos Pan-Americanos do México surgiram muitos problemas ligados a água, sujeira e tudo mais, mas no segundo dia já estava bem melhor”, ameniza o competidor de marcha atlética.

Caio explica que a Vila Olímpica virou um símbolo dos Jogos, mas pondera que o local “não traz tantos encantos como falam”. “Em Londres, eu passei mal por causa da comida. Lá, era muito barulho e muita bagunça. Há muitos atletas indo deslumbrados pelo evento, que não estão focados, que não estão indo para disputar pódio mesmo”, observa ele, acrescentando que, ainda assim, tudo funcionou muito bem.

Em plena era tecnológica, as últimas Olimpíadas não escaparam das críticas compartilhadas nas redes sociais pelos atletas. Ar-condicionados quebrados em pleno verão europeu, em que os termômetros marcavam temperaturas que ultrapassavam os 30°C, foram, por exemplo, alvo de reclamações de competidores dos Estados Unidos. Ao menos em relação a um determinado problema, como o da remadora argentina Maria Gabriela Best em Londres, a organização da Rio-2016 acertou em cheio. Na Vila Olímpica inglesa, a cama não cabia a atleta de 1,85m. Nos apartamentos cariocas, as camas têm comprimento padrão de dois metros e ainda oferecem uma base extra de 30 centímetros para os mais altos.

Sem luxo


Na visão de Leandro Macedo, que competiu no triatlo nos Jogos de Sydney-2000 e de Atenas-2004, a Vila não precisa ter nenhum luxo. “Não tem de ser um hotel cinco estrelas, mas tem de ter tudo limpinho e funcionando certinho”, avalia. Ainda assim, ele ressalta que a saída de uma delegação da vila para ficar em um hotel descaracterizaria o evento.

Competidor de saltos ornamentais, Hugo Parisi é outro da lista de pacientes e pouco exigentes. “Somos atletas profissionais e, como profissionais, somos obrigados a nos adaptar. As condições vão ser as mesmas para todo mundo”, argumenta.
Entre as jogadoras de vôlei Paula Pequeno e Érika Coimbra, as recordações são as melhores possíveis. “A Vila Olímpica é o ambiente mais legal dos Jogos. É onde o atleta vive realmente as Olimpíadas, come, dorme e encontra os ídolos. É um clima muito especial”, conta Érika, medalhista de bronze em Sydney-2000. “As Olimpíadas são aqui no Brasil, e espero que dê tudo certo, mas era para estar tudo pronto. As obras foram uma das mais caras e mesmo os detalhes tinham de estar certos. São prédios para servirem de moradia depois do evento”, protesta.

Assim como a colega, Paula Pequeno lamenta que no Rio tenham deixado trabalho para a última hora. “Receio que haja mais problemas ainda com o decorrer do tempo”, diz a bicampeã olímpica.