Sem tradição no Brasil, modalidade aparece com chance de medalha nos Jogos de 2016

O tiro com arco, esporte sem tradição no Brasil, tem chance de ser uma das boas surpresas verde-amarelas nos Jogos Olimpícos do Rio de Janeiro, em 2016, e ajudar os compatriotas a atingirem a meta de 30 medalhas estipulada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Em setembro, um feito inédito do arqueiro Marcus Vinícius pôs o país no mapa da modalidade. Aos 16 anos, o carioca foi o segundo melhor na final da Copa do Mundo e, em agosto, também ficou com a prata nos Jogos Olímpicos da Juventude.

As conquistas vieram rápido para um investimento que começou efetivamente em 2009, com a notícia de que o Rio receberia as Olimpíadas de 2016. Desde então, a Seleção Brasileira de tiro com arco enviou delegação a todas as etapas da Copa do Mundo. “Em 2008, na época em que eu comecei a praticar, isso era impensável. Quando ia um brasileiro para a Copa do Mundo, era muito”, observa o arqueiro brasiliense Bernardo Oliveira, 21 anos, atual recordista brasileiro indoor.

Além disso, a delegação brasileira da modalidade ganhou um Centro de Treinamento em Maricá (RJ). Nas instalações da cidade fluminense, Marcus Vinícius foi revelado quatro anos atrás. Seus colegas de Seleção reconhecem que a conquista da prata na Copa do Mundo representou uma agradável surpresa para o Brasil.

“Há países que investem há bem mais tempo e ainda não conseguiram resultados expressivos, como o do Marcus”, pondera Bernardo, há 10 anos no esporte. “As coisas estão melhorando bastante, mas é claro que ainda tem muita coisa para fazer, até porque não se cria uma geração inteira de medalhistas em cinco, seis anos”, completa. O atleta do Distrito Federal não despreza a possibilidade de o Brasil subir ao pódio já nas próximas Olimpíadas. “Apenas acho que não devemos cobrar demais dos atletas”, ressalva.

Poucos sabem, mas Brasília tem seu próprio campo de treino de tiro com arco, equipado com uma das melhores estruturas do país. As instalações ficam ao lado do Clube do Exército. É lá que Bernardo Oliveira, 21 anos, conheceu a modalidade há uma década, a convite de um amigo. Atualmente, o atleta passa aproximadamente quatro horas do dia no local, tempo suficiente para atirar quase 200 flechas no alvo, a 70m de distância.

Estudos
Bernardo pretende aumentar esse número de disparos nos próximos anos. Hoje, porém, o estudante de engenharia de redes precisa dividir o tempo de treino com as aulas. “Até 2016, o arco será minha prioridade, penso em trancar a faculdade no ano que vem para me dedicar inteiramente ao tiro”, planeja. “Queria mesmo que o dia tivesse 48 horas para ter um dia normal como estudante durante 24 horas e, no restante do tempo, poder ser um atleta”, brinca.

No tiro com arco, a idade não é fator determinante para o sucesso ou a aposentadoria do atleta. Após os Jogos do Rio, Bernardo deve dar uma folga nos treinos, a fim de se formar engenheiro. “Se eu quiser voltar a atirar desois de três anos parado ou até quando tiver com 40 anos, eu sei que poderei e ainda terei chances de conseguir bons resultados”, pontua.

Aulas a R$ 20
Os interessados em praticar o tiro com arco em Brasília podem fazer aulas avulsas, com material incluso, a R$ 20. Para os adeptos que possuem equipamento, há a possibilidade de pagar uma mensalidade para usar o local em treinos. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3248-2427.

Brasileiro começa amanhã
A partir de amanhã, tanto Bernardo Oliveira quanto Marcus Vinícius estarão juntos. Desta vez, não entrarão no campo de tiro como companheiros de Seleção, mas, sim, como adversários no Campeonato Brasileiro da modalidade, que ocorre no Rio de Janeiro. O carioca vem embalado pela conquista mundial, e o brasiliense vai em busca do quarto título na competição nacional: Bernardo venceu por equipes em 2008 e 2009 e no individual em 2009.