Esportes Candango

BIKE BEAT

Grupo de ciclistas de Brasília percorrerá todo o curso do Rio São Francisco

Ações sociais pelas comunidades ribeirinhas também serão realizadas ao longo do trajeto

postado em 20/02/2015 19:10 / atualizado em 20/02/2015 19:17

Maíra Nunes

Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press

Apaixonado pela natureza e por desafios radicais, o ex-piloto de motocross Regis Benes, 54 anos, cultiva uma vontade antiga: percorrer o curso do Rio São Francisco de moto. Há dois anos, os planos começaram a ganhar forma, e os mapas, muitos rabiscos. Mas com uma mudança crucial: apesar de a proposta continuar sendo vencer o trajeto sobre duas rodas, a impulsão do motor dará lugar à das pedaladas. E, em vez de ir sozinho, Regis vivenciará as aventuras da cicloviagem denominada “Velho Chico de Bike” na companhia do irmão Carlos Benes, 49 anos; do cunhado Juarez Vieira, 59; e de dois amigos.

A relação dessa turma com o Rio São Francisco é antiga. Pra lá de 20 anos. No início da década de 1990, o professor de filosofia Carlos Benes morou em Penedo, município de Alagoas localizado às margens do rio. Sempre que podem, ele e o restante da turma passeiam pela região. Há cerca de cinco anos, o percurso tem sido feito de bicicleta. O primeiro trecho que o grupo fez de bike, por sinal, terminava no ponto onde o rio deságua no mar, mesmo local programado para encerrar o projeto, em 2016.

No total, serão 2.500km de pedaladas, mas inviáveis de serem percorridos de uma só vez por eles. Não por falta de vontade ou fôlego da turma de barbas e cabelos grisalhos. Mas pela logística de trabalho dos cinco aventureiros que toparam o desafio. “Cada um exerce uma profissão, e temos de conseguir conciliar o período de férias de todos”, justifica Carlos. “Além disso, a ideia não é pedalar o dia inteiro. Também teremos momentos para desfrutar as paisagens, conviver com a comunidade local, tomar uma cervejinha e jogar conversa fora.”

O ponto de partida da aventura será onde nasce o Rio São Francisco, em São Roque de Minas, na Serra da Canastra, em 13 de julho. De lá, a turma quer percorrer 1.200km em 18 dias, com um detalhe: o mais próximo possível das margens do rio. “Queremos fugir do asfalto, dos caminhos pelas rodovias”, aponta Regis. A tarefa, no entanto, não é tão simples. “Seremos dos primeiros a fazer esse traçado completo de bicicleta, então, não há muitos relatos nem mapas com detalhes do percurso”, lamenta Carlos. O jeito encontrado foi buscar a contribuição de grupos de pedais da região. E a comunicação com eles ocorre por meio das redes sociais.



Redes sociais

Toda a expedição será registrada e publicada na página do Facebook “Velho Chico de bike”. Durante o desafio, vão ser postadas fotos da viagem, informações sobre a altimetria do percurso e dicas para praticantes do cicloturismo que quiserem pedalar pelo mesmo trajeto. Algumas associações de pedal, inclusive, já entraram em contato para ajudar em algum trecho. “Esse relato será interessante até para os próximos ciclistas que quiserem fazer a mesma cicloviagem”, ressalta Carlos.

Por meio da página no Facebook, a turma também pretende conseguir apoiadores para outro objetivo. Além da aventura esportiva, a expedição pretende promover ações sociais em cada cidade que repousar. Enquanto as manhãs ficarão reservadas para os deslocamentos, o resto do dia dos participantes será preenchido com palestras para as comunidades ribeirinhas.

Por meio de material audiovisual, eles vão abordar temas como gravidez na adolescência, bullying e combate ao uso de drogas. Todos apontando o esporte como uma alternativa de prevenção. Ainda haverá a distribuição de cartilhas explicativas e de kits de higiene bucal. Para levar todo esse material — assim como barracas de acampar, uma cozinha itinerante e várias peças de reparo das bicicletas —, o grupo contará com um carro de apoio. É justamente para arcar com os custos do automóvel que os aventureiros buscam a colaboração de apoiadores.