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Palco de apenas sete jogos em 2015, Mané Garrincha sediará pelada de futebol feminino

Com escassez de partidas em 2015, estádio receberá a 5ª Marcha das Margaridas. Evento ligado ao MSTTR terá até pelada de futebol feminino no gramado, que custa R$ 95 mil por mês ao GDF

Gustavo Moreno/CB/D.A Press - 25/5/15
 

 

Agosto começou com desgosto para o estádio mais caro da Copa de 2014. O Flamengo desistiu de receber o Santos no Mané Garrincha e registrou o maior público presente do Campeonato Brasileiro no Maracanã (61.421). O Avaí recebeu oferta de R$ 700 mil da empresa de marketing esportivo do ex-jogador Roni para mandar o jogo do próximo sábado na capital do país contra o Fluminense, de Ronaldinho Gaúcho, mas rejeitou e atuará na Ressacada. O Gama e sua torcida querem distância da arena. O alviverde mandará todos os próximos jogos da Série D no Bezerrão. O GDF baixou a taxa de utilização de 15% para 10% e enviou emissários ao Rio para sondar os clubes cariocas. Nem assim atrai duelos ao Distrito Federal.

Com a agenda vazia, o Mané Garrincha se torna presa fácil para eventos inusitados. Na próxima terça-feira (11), por exemplo, o estádio servirá de alojamento para mulheres de todo o país que desembarcarão no Distrito Federal para a 5ª Marcha das Margaridas. O evento anual vinculado ao Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) reúne moradoras do campo, das florestas e das águas.

A cerimônia de abertura está marcada para terça-feira, às 19h30, com direito a palco montado sobre o caríssimo gramado retocado há pouco tempo. Alvo de críticas que repercutiram nacionalmente por parte dos técnicos Paulo Autuori, René Simões e Levir Culpi, o gramado recebeu o plantio de sementes de inverno vindas de navio, da Dinamarca. Em uma medida emergencial, o GDF tirou do papel o contrato de manutenção do gramado assinado pela gestão anterior — engavetado desde dezembro de 2014 — e desembolsa R$ 95 mil por mês para deixá-lo impecável.

A pedido dos organizadores da Marcha das Margaridas, o gramado será loteado em quatro partes para a realização de uma pelada de futebol feminino depois da cerimônia de abertura. “Não é bem um torneio, faz parte da agenda cultural da Marcha das Margaridas. Vai ter um palco no centro e a bola vai rolar depois do início do evento”, explica ao Correio a secretária das mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhares na Agricultura (Contag), Alessandra da Costa Lunas. “A única exigência dos administradores do estádio é que as mulheres usem chuteira”.

A pelada de futebol feminino terá cinco times, um de cada região do país. Segundo Alessandra Lunas, não haverá medalhas ou troféus. “É apenas uma confraternização, integração de mulheres de diversas partes do país, uma recreação”. No entanto, uma fonte disse à reportagem que, na negociação para a liberação do gramado, as partidas de futebol foram apresentadas como Torneio da Marcha das Margaridas.

A maior preocupação é com o estado do gramado depois do evento. Na última partida oficial no Mané Garrincha, o técnico do Vasco, Celso Roth, e o atacante do São Paulo, Alexandre Pato, fizeram elogios ao trabalho de revitalização. “Quando o campo é bom, a bola rola. O gramado está em ótima condição de jogo e a gente conseguiu impor o nosso futebol”, avaliou Pato. O treinador cruz-maltino acrescentou. “O São Paulo foi superior, ainda mais em um gramado maravilhoso como esse, com a qualidade do gramado”. O Flamengo, por exemplo, jogará ao menos duas partidas do segundo turno no Mané Garrincha e o gramado pode ser novamente prejudicado.

Vale (quase) tudo

A pelada de futebol feminino da Marcha das Margaridas não é o primeiro evento inusitado no campo do Mané Garrincha. Recentemente, houve casamento coletivo, formatura da Polícia Militar, partida de futsal com estutura montada em cima do gramado, e o Saiba Dizer Não 2015, evento de conscientização contra as drogas organizado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Sem contar shows de grande e pequeno porte.

Antes de abrir as portas para o futebol da Marcha das Margaridas, o Mané Garrincha foi alvo dos organizadores do Monster Truck, uma competição entre caminhonetes gigantes. Se abrigasse o evento, o gramado teria de ficar 10 dias coberto, ou seja, sem respirar ou receber qualquer tipo de manutenção.

R$ 800 mil

Custo mensal do Mané Garrincha


11,8 mil

Média de público nas partidas deste ano no estádio do DF

Tags: mané garrincha futebol feminino