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Ídolos acham que chegou a hora de Atlético e Ronaldinho Gaúcho dizerem 'adeus'

Éder, Paulo Isidoro, Humberto Ramos e Luizinho veem momento propício para saída

postado em 27/07/2014 15:27 / atualizado em 27/07/2014 15:39

Bruno Furtado /Superesportes , Patrick Vaz /Superesportes

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Campeão mineiro e da Copa Libertadores de 2013 e da Recopa de 2014. Ronaldinho Gaúcho ganhou títulos importantes pelo Atlético, deixou sua marca com 28 gols e jogadas memoráveis em 88 partidas. Mas, ao que parece, esse casamento bem-sucedido está chegando ao fim. Na atual temporada, ele esteve em campo em apenas 18 jogos, fez dois gols e seu futebol parece ter desaparecido. Por sinal, R10 sumiu desde que foi liberado pela diretoria para ir à despedida de Deco em Portugal. Perdeu o voo, não participou da festa do amigo no Porto, mas deu sequência à folga e causou certo mal-estar com a diretoria.

Para ídolos do Atlético, foi um sinal. Esse seria o momento propício para Ronaldinho se despedir, antes que sua imagem seja, de fato, arranhada com a torcida. Nessa relação de mais de dois anos, o clube ganhou títulos e projeção nacional e internacional. Com a camisa alvinegra, o jogador também se reergueu, reconquistou prestígio e levantou taças inéditas. Um adeus agora preserva o respeito de todos. Essa é a visão de Éder Aleixo, Luizinho, Paulo Isidoro e Humberto Ramos, ex-jogadores do clube ouvidos pelo Superesportes.

A seguir, o depoimento do quarteto de ídolos sobre a hora do adeus de Ronaldinho:

Arquivo Estado de Minas

Éder Aleixo
Ponta-esquerda com 122 gols em 368 jogos pelo Atlético

O Ronaldinho já fez o que tinha que fazer no Atlético: foi campeão e virou ídolo da torcida, que gosta muito dele, com razão. Mas, esse ano, ele não tem jogado futebol. Todos devem agradecê-lo pelo que ele fez, pela contribuição dele ao clube, mas parece não estar disposto a jogar mais. Foi o melhor do mundo várias vezes, mas chegou numa idade que parece não ter aquela dedicação, já está pensando em outras coisas.

O meu pensamento, desde o ano passado, é que ele não deveria ter ficado. Eu sou muito fã dele, mas ele não está mais com aquela disposição. Mesmo tendo muita habilidade, o futebol hoje é muita força, é velocidade. Ele já não tem força. Se marcar, ele não vai jogar.

Na minha visão, ele não está querendo jogar mais. Já foi. E o Atlético tem que saber como fazer para não gerar muita polêmica por causa desse episódio de Portugal. A torcida gosta dele com muita razão, não é hora de ficar criticando, detonando o Ronaldinho. Tem que ter o respeito por ele também. Ele foi campeão aqui. É conversar com ele e ver o que é melhor para os dois. Estamos falando de Ronaldinho, né? Não é qualquer um. Se sair, tem que sair numa boa.

Se ele sair, não fica um vazio no clube não. O jogador passa e o Atlético continua. Passou Reinaldo, passou Luizinho, e o Atlético continuou. A lembrança continua, pois ele fez muita coisa pelo Atlético e deve ser lembrado com carinho. O Atlético deve pensar em fazer ídolos dentro de casa, pois já fez isso. Nada de querer repor com outro superastro achando que ficará um buraco.


Arquivo Estado de Minas

Paulo Isidoro
Meia com 98 gols em 399 jogos pelo Atlético

Acho que o momento é propício para ele sair, é o momento ideal para o Ronaldinho não deixar uma má impressão do caráter dele, do futebol dele. É hora de sair. Hoje a gente sente que ele não está focado em defender o Atlético. O momento é propício para um adeus. Sabemos que antes ele ajudou o Atlético, estava focado em ser campeão, estava focado em voltar à Seleção. Naturalmente, como ele não voltou à Seleção, a motivação dele caiu muito. Antes, a motivação dele não era só com o Atlético. O clube seria uma ponte para ele voltar à Seleção. Isso é normal. Eu fui jogador e sei que o atleta esfria. Ele já não está mais com aquele foco voltado para o Atlético. O objetivo que ele tinha depois de conquistar a Libertadores era ir à Seleção. Como não foi, a motivação caiu.

Nós queremos que ele saia do Atlético com dignidade, com o mesmo respeito que conquistou no clube. Por isso, esse é o momento ideal de ele sair. A gente agradece e entende que ele já deu o máximo que ele podia.

Na minha opinião, esse episódio de não ter ido a Portugal mancha um pouco a trajetória dele. O atleticano é muito agradecido, mas, nesse momento em que o Atlético busca o Brasileiro e precisa ter foco, considero uma falta de respeito o que aconteceu. Ele é empregado do Atlético e deveria voltar, treinar e jogar. A diretoria fica querendo encobrir. O Kalil está se curvando ao Ronaldinho. O presidente, que sempre fala demais, nessa hora deveria se impor. É momento de o Kalil agir como se fosse qualquer outro jogador. Se fosse jogador de menor expressão, o presidente colocaria a boca no trombone. Mas como foi o Ronaldinho, ele não falou nada. Tem que chamar a atenção do Ronaldinho, como faria com qualquer outro e aplicar uma multa. Enfim, o jogador deveria ter sido mais profissional. Se ele perdeu o avião, tinha que voltar ao clube, treinar. Se passar a mão na cabeça de jogador, o time não vai a lugar nenhum. Não pode dar mau exemplo.

Acho que é hora de tirar o chapéu para Ronaldinho, não de se curvar ao Ronaldinho. O momento de ele sair é agora. É hora de dar moral para o Guilherme, para outros jogadores. Atlético é time grande, não pode se curvar a jogador algum. Deveria se espelhar no Cruzeiro, um time que está uma maravilha, como todo mundo correndo, todo mundo querendo. O trabalho do Marcelo no Cruzeiro serve de exemplo e o Levir está certíssimo em fazer mudanças.


Arquivo Estado de Minas

Humberto Ramos
Meia e atacante com 12 gols em 110 jogos pelo Atlético

O Ronaldinho deu uma contribuição valorosa para o Atlético. O clube é uma grande instituição e precisava ter o reconhecimento nacional e internacional. O Ronaldinho ajudou nesse processo. Há muitos anos o clube não tinha um jogador com essa representatividade, como foi com o Ronaldinho. Ele deu ao Atlético uma visibilidade mundial e nacional muita boa. Só que isso aí o Atlético já ganhou. Os dois ganharam, pois o Ronaldinho ganhou títulos e valorização também jogando aqui. Ele estava mal no Flamengo e voltou a ser o Ronaldinho no Atlético. Não teve o futebol brilhante de outros tempos, mas teve liderança, visibilidade e foi tudo maravilhoso. Mas acho que agora já deu o tempo. Ele não tem mais o que somar ao Atlético e o Atlético não tem mais o que somar a ele. Eles se encontraram, se ajudaram, houve uma simbiose e deu certo para os dois. Agora cada um deve seguir o seu caminho.

Pra mim, o episódio de Portugal não mancha a passagem dele. Se fosse algo gritante, tudo bem. Mas devemos pegar essas pequenas coisas e relevar. O que ele fez de bom é que tem ficar para o Atlético. Do contrário, o próprio Atlético vai dar um tiro no pé. Cada um tem o seu destino a traçar agora. O Atlético é uma instituição que tem seus objetivos e o Ronaldinho é um profissional que tem seus objetivos. Foi tão bonito tudo que aconteceu e é isso que precisa ser considerado.

O Ronaldinho não vai mais acrescentar ao Atlético nem como visibilidade nem como futebol. Na vida tudo é assim. Cada um tem seu tempo e seu espaço, na hora certa. Agora é hora de dar espaço a outros. A passagem dele foi super positiva para os dois lados. O torcedor precisa entender que chegou a hora de ele sair e se lembrar das coisas boas que ele fez.


Arquivo Estado de Minas

Luizinho
Zagueiro com 21 gols em 537 jogos pelo Atlético

Tudo tem uma validade. Assim como eu joguei quase 11 anos no Atlético, eu tive uma validade. Ele, infelizmente, teve uma validade menor no Atlético, mas foi um tempo suficiente para que ele pudesse ajudar o clube a conquistar títulos. Acho que agora fechou o ciclo dele no Atlético. Se ele achar que é melhor sair do Atlético agora, é porque algum motivo teve.

Fechou o ciclo. Isso é simples. Ronaldinho foi um jogador que conquistou títulos dentro do clube, fez o Atlético conquistar uma Libertadores, junto com os outros jogadores, mas foi um ídolo que passou pelo Atlético, foi importante para os torcedores, para o clube. E acabou. Isso acaba. Não só para ele, mas para todo mundo. Assim como acabou o ciclo de Zico no Flamengo. É assim para todos. Uma hora tem que fechar o ciclo.

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