FUTEBOL BRASILIENSE

Entenda o impeachment de Erivaldo Alves, presidente da federação do DF

Dirigente foi afastado do cargo sem nenhum voto contrário dos clubes de Brasília

postado em 23/09/2017 06:00 / atualizado em 22/09/2017 18:29

Luís Nova/Esp.CB/D.A Press
Em assembleia extraordinária organizada nesta sexta-feira (22/9), 14 clubes filiados à Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) votaram a favor do afastamento de Erivaldo Alves da presidência da entidade. O motivo da destituição do ex-mandatário foi a não inclusão de R$ 300 mil no balanço financeiro referente às movimentações de 2016. Vice do presidente afastado, Daniel Vasconcelos, mandatário do Luziânia, assume o cargo. 
 
O histórico recente de polêmicas na federação, porém, ultrapassa as falhas nas demonstrações financeiras. Em junho, Erivaldo Alves afirmou que o Capital teria desistido de disputar a segunda divisão do Candangão, o que foi negado pelo presidente do clube, Ademilton Pavão. O caso parou na Justiça e a equipe foi aceita na disputa do torneio.
 
Em agosto, foi a vez dos árbitros do Campeonato Brasiliense se desentenderem com Erivaldo Alves. Na época, os juízes estavam sem receber pagamentos referentes a 66 partidas do Candangão. Segundo o estatuto do torcedor, os profissionais da arbitragem devem receber o dinheiro antes dos jogos; o atraso era de mais de três meses.
 
A última confusão envolvendo a FFDF foi entre Real e Ceilândia, que brigam por uma vaga na Copa São Paulo de Futebol Júnior do próximo ano. Depois que duas equipes desistiram de participar do Campeonato Brasiliense Júnior, o regulamento teria sido desrespeitado. O processo está na Justiça.
 
Depois dos imbróglios, a ausência de R$ 300 mil nos balanços da FFDF foi o estopim para que alguns clubes pedissem o afastamento de Erivaldo Alves. Entenda como foi o processo de destituição e o que acontecerá daqui para a frente: 

"Sumiço" de R$ 300 mil

Neimar Frota, presidente do Samambaia, e Ademilton Pavão, mandatário do Capital, acusam Erivaldo Alves de não discriminar R$ 300 mil reais no balanço financeiro da entidade, valor que foi repassado pela CBF em julho de 2016. Sobre o assunto, o presidente afastado afirmou que "houve um vacilo do departamento financeiro” e que teria comunicado aos clubes que o valor seria publicado no balanço referente a 2017. Os clubes também reclamam de o Ceilândia ter recebido R$ 100 mil da federação para jogar a Série D do Campeonato Brasileiro, cota que o Luziânia, o outro representante do DF, não ganhou.

Assembleia extraordinária

A maioria dos clubes filiados não concordou com o pedido de Erivaldo e, por isso, foi marcada uma assembleia extraordinária para votar a destituição do então presidente e convocar uma auditoria nas contas da FFDF.

Impeachment

Na manhã desta sexta-feira (22/9), 14 representantes de times do futebol candango votaram pelo afastamento de Erivaldo. Os seguintes clubes se posicionaram contra ele: Aruc, Botafogo-DF, Brasiliense, Capital, Ceilândia, Ceilandense, CFZ, Gama, Guará, Paranoá, Planaltina-GO, Taguatinga, Samambaia e Sobradinho. O Real votou em branco e 10 equipes não compareceram. O curioso é o voto do Ceilândia contra Erivaldo, já que o clube teria recebido R$ 100 mil do presidente afastado. Em entrevista ao Correio na última sexta-feira (15/9), Ari de Almeida agradeceu à FFDF pelo "empenho e ajuda" da federação para que o clube jogasse a Série D em 2017.

Validade jurídica

Segundo Henrique Celso Carvalho, ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Distrito Federal (TJD-DF), a decisão tomada pela assembleia tem valor jurídico. “A partir do momento em que há a denúncia e uma assembleia é convocada, ela pode, sim, afastar de imediato o presidente. Acho que ele não consegue reverter a decisão nem na Justiça, pois dependeria do conselho arbitral, formado por esses mesmos clubes que não o querem lá", explica.

Erivaldo vai à Justiça

O presidente afastado Erivaldo Alves promete ir à Justiça para reverter a decisão da assembleia extraordinária. Ele afirmou ao Correio que entrará com um pedido de liminar. "Vou até a última instância para provar a minha inocência. A pior coisa é você sair do cargo sem dever nada", defende-se. Erivaldo ainda afirma que sofreu extorsão e que, quando tiver a inocência provada, "vai contar tudo" sobre os opositores.
 
*Estagiários sob a supervisão de Braitner Moreira

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