Um terço dos times da Série A tem treinadores que retornaram ao cargo

São Paulo — Na mesma semana, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) resgatou Dunga para o comando da Seleção, e o Flamengo apostou, pela quarta vez, em Vanderlei Luxemburgo. A falta de criatividade dos dirigentes na Barra da Tijuca e na Gávea ilustra o apego da cartolagem ao passado. Dos 20 clubes da Série A, mais de um terço é comandado por treinadores que passaram pelas mesmas equipes ao menos uma vez. No roteiro do futebol nacional, ao que parece, não há muito espaço para mudanças e novos nomes. Na dúvida, a solução é sempre mais do mesmo.

Apelar para o passado como forma de fugir da crise ou buscar resultados melhores é prática comum no futebol brasileiro, quase regra. Ontem mesmo, por exemplo, o Figueirense anunciou a recontratação de Argel Fucks, demitido pelos catarinenses há dois anos. Em sua primeira passagem pelo Figueira, em 2012, o treinador durou apenas 10 jogos e conquistou uma única vitória.

O péssimo aproveitamento de 26,8% à época, porém, foi definitivamente esquecido. Após a demissão de Guto Ferreira, a diretoria do Figueirense não titubeou ao recontratar Argel Fucks. Guto Ferreira, por sinal, também terá uma segunda oportunidade. Ontem, foi anunciado na Ponte Preta, que ocupa a 10ª colocação da Série B.

Luxemburgo volta ao Flamengo dois anos depois de sair pela porta dos fundos, brigado com dirigentes e jogadores. Ele não é, nem de longe, o único treinador “perdoado”. Em 2013, o São Paulo resgatou Muricy Ramalho, técnico demitido no Morumbi em 2009 pouco tempo depois conquistar três vezes seguidas o Campeonato Brasileiro. O Internacional também adotou solução retrô ao contratar Abel Braga, demitido dois anos depois do título mundial por fracassar na Libertadores. Já o Santos deu nova oportunidade a Oswaldo de Oliveira, demitido em 2005 depois de 16 jogos.

Outros dois clubes da Série A também reconduziram velhos conhecidos ao cargo, recentemente. Em dezembro de 2013 o Corinthians acertou o retorno de Mano Menezes, que deixara o alvinegro havia quatro anos para assumir a Seleção Brasileira. O Atlético-MG, trocado por Cuca pelo futebol chinês em abril, optou por dar a prancheta para Levir Culpi. Essa é a quarta passagem do treinador pelo alvinegro. Na última delas, entre 2006 e 2007, ele tirou o clube da Série B e conquistou um estadual, mas pediu as contas para ganhar mais dinheiro no futebol japonês.