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Preço alto de ingressos do Brasileirão afugenta torcedores

Levantamento do Correio mostra valor recorde das entradas do Nacional nas primeiras rodadas, o que derrubou média de público do campeonato

postado em 31/05/2015 15:44

Redação /Correio Braziliense

Gustavo Moreno/CB/D.A Press

O ingresso para um jogo do Campeonato Brasileiro nunca custou tão caro quanto nas três primeiras rodadas deste ano. E o aumento do preço, pela primeira vez na década, está puxando para baixo o público da competição. Isso é o que mostra levantamento do Correio com os boletins financeiros das três rodadas iniciais de cada temporada. Enquanto o valor do tíquete médio subiu 5,8% em relação a 2014, a média de torcedores por partida caiu 4,8%.

Desde 2012, aliás, os ingressos só ficam mais caros. De lá para cá, a média de um bilhete passou de R$ 27,67 a R$ 34,80. O salto de 25,8% foi em boa parte impulsionado pela construção dos 14 novos estádios país afora, 12 deles para a Copa do Mundo, além das novas casas de Grêmio e Palmeiras.

O público até vinha aumentando — a média de pagantes por partida nas três primeiras rodadas de 2012 foi de 9.986 e subiu para 14.319 no ano passado —, mas caiu pela primeira vez na comparação de um ano para outro. A média de 2015 em jogos com ingressos à venda para a torcida é de 13.629. Se a conta considera os três duelos realizados em portões fechados por determinação judicial, o número despenca para 12.266.

Os preços mais altos impressionam. Na semana passada, o Atlético-PR chegou a ofertar ingressos a R$ 500 para o jogo contra o Atlético-MG. Ninguém comprou: o mais caro saiu a R$ 250. Na segunda rodada, para Avaí x Internacional, houve fenômeno parecido. A equipe catarinense botou à venda tíquetes a R$ 390, mas ninguém gastou mais do que R$ 150 para ir à Ressacada.

Até mesmo o ingresso mais barato de cada partida tem encarecido. No Atlético-MG x Fluminense do Mané Garrincha, a entrada mais econômica saiu por “apenas” R$ 80. Mais caro do que qualquer bilhete vendido por Atlético-GO, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense, Náutico e Sport no Brasileirão de 2012.

A Série A tem o ingresso mais caro do mundo, numa comparação entre o valor do tíquete e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita da população, segundo estudo conduzido pela Pluri Consultoria em agosto. Enquanto o poder de compra mundial girava em 1.114 bilhetes por habitante anualmente, a renda nacional permitia a compra de 495, menos da metade.

Culpa do sócio?
Os critérios — subjetivos — que definem os valores de cada ingresso variam por clube. O Correio entrou em contato com os gestores de 11 estádios e de oito clubes. Destes últimos, cinco responderam. Todos citaram os programas de fidelização por meio do sócio torcedor como principal motivo do aumento do valor do tíquete para o público em geral.

“A nossa preocupação maior é a fixação dos preços para os sócios”, explicou Eduardo Peña, presidente da Arena do Grêmio. Com o objetivo de aumentar o quadro social, o ingresso dos 43 mil associados tricolores não tem a ver com o preço do público geral. O Cruzeiro se limitou a informar que os ingressos se mantêm de R$ 50 a R$ 130 há dois anos por determinação da diretoria, número baseado no que o sócio paga.

A segunda variável mais influente, segundo Atlético-MG, Grêmio e São Paulo, se refere a “regras de mercado”. Os parâmetros de definição são regidos por comparações com outros clubes. E os valores máximos e mínimos dependem do adversário, do momento pelo qual o time passa, das despesas com a partida, da receita, do campeonato disputado e do conforto do local — o tricolor paulista, por exemplo, cobra R$ 150 pelo espaço coberto e privativo, com direito a bufê.

O limite mínimo dos ingressos é estabelecido em cada campeonato pelas federações. No Brasileirão, a CBF estipula piso de R$ 40 (valor da inteira). Ingressos promocionais só são permitidos após autorização da entidade.