Futebol Nacional

Henrique Dourado tem a segunda melhor arrancada na era dos pontos corridos

Artilheiro isolado da Série A com nove gols, o centroavante do Fluminense tem desempenho só inferior ao de Deivid, na edição de 2003

postado em 23/06/2017 07:00 / atualizado em 22/06/2017 22:42

Se há um pote de ouro escondido no endereço de um dos 20 clubes do Campeonato Brasileiro, o mapa da mina é o Centro de Treinamento Pedro Antonio, do Fluminense, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. José Henrique da Silva Dourado deve ter encontrado. Goleador isolado da Série A aos 27 anos, Henrique Dourado coleciona nove gols. O Correio levantou quem comandava a artilharia até a nona rodada nas 14 edições anteriores na era dos pontos corridos. A performance do camisa 9 tricolor só é inferior à de Deivid.
 
Nelson Perez/Fluminense F.C.
 

A essa altura do Campeonato Brasileiro de 2003, o ex-atacante e técnico do Cruzeiro contabilizava 10 gols em nove rodadas com a camisa celeste. Média de 1,1 por jogo. Deivid deixou o clube no meio do ano. Foi vendido ao Bordeaux, da França. A transação custou, na época, US$ 5,1 milhões. Luis Fabiano também tinha nove gols na nona rodada de 2003, mas ocupava o segundo lugar, atrás justamente de Deivid. Henrique Dourado soma nove gols em nove partidas. Um por jogo. É o melhor desempenho em 10 anos. A última vez que um jogador havia chegado à nona rodada com esse desempenho foi em 2007. Josiel, do Paraná, contabilizava nove bolas na rede.

Há quem questione a quantidade de gols de pênalti de Henrique Dourado neste Brasileirão — cinco dos nove. Mais uma prova de sua competência. As cobranças foram contra três dos quatro melhores goleiros do Brasil. Todos pegadores de pênalti: Vanderlei (Santos), Victor (Atlético-MG) e Martin Silva (Vasco). O último deles quase foi evitado pelo jovem Thiago, de 21 anos, do Flamengo. O goleiro mais novo da Série A acertou o canto.
 

  • “Tem sido uma das minhas melhores temporadas, sim. É legal colher os frutos do trabalho. Nada acontece por acaso”, Henrique Dourado, artilheiro da Série A

 
A elegância e a eficiência de Henrique Dourado nas cobranças de pênalti lembra a categoria de Evair, um dos maiores centroavantes da história do futebol brasileiro. “Ele treina, nunca perdeu um pênalti na carreira. Ou melhor, perdeu um. Não é à toa. É muito difícil bater dois num jogo, ainda mais da forma que ele bate”, orgulhou-se o técnico Abel Braga depois da derrota por 3 x 2 para o Vasco, em São Januário, com dois gols de pênalti do xodó.

O único pênalti desperdiçado por Henrique Dourado aconteceu em 2014, diante do Atlético-MG. O centroavante até converteu, mas o árbitro mandou voltar. Ele bateu novamente e mandou para fora.

Na era moderna do Brasileirão, ou seja, a contar de 1971, o Fluminense teve quatro vezes o artilheiro: Magno Alves (2000), Washington (2008) e Fred (2012 e 2014). Henrique Dourado herdou a camisa 9 justamente de Fred — quinto maior artilheiro da Série A, com 129 gols, após balançar a rede pelo Atlético-MG, na quarta-feira.

Curiosamente, Henrique Dourado ostenta com Fred o status de artilheiro do Brasil em 2017. Cada um tem 20 gols. O novo xodó da torcida tricolor fez seis no Carioca, quatro na Copa do Brasil, um na Sul-Americana e nove no Brasileirão. “Tem sido uma das minhas melhores temporadas, sim. Não só eu, mas o time todo tem tido boas marcas. É legal colher os frutos do trabalho. Nada acontece por acaso”, afirmou em entrevista coletiva recente.

Henrique Dourado só precisa exorcizar uma maldição. Apenas dois goleadores do Brasileirão na nona rodada terminaram artilheiros do Brasileirão: Josiel (2007) e Ricardo Oliveira (2015).
 
Thiago Fagundes