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O papel de Ricardo Teixeira no relatório que trata da corrupção na Fifa

Relatório Garcia aponta propina para filha de 10 anos, aposentos luxuosos no Catar e menosprezo a Lula

postado em 27/06/2017 13:00 / atualizado em 27/06/2017 13:04

TASSO MARCELO/AFP
A Fifa publicou, nesta terça-feira (27/6), o relatório Garcia. São 430 páginas referentes ao processo liderado pelo investigador independente Michael Garcia, que se debruçou sobre a escolha de Rússia e Catar como sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, respectivamente. O documento estava em posse da entidade desde 2014, mas sempre foi mantido sob sigilo e só veio a público depois de o jornal alemão Bild publicar trechos dele. 

Nas conclusões do relatório, os investigadores apontam que a conduta de Teixeira em "aceitar acomodações luxuosas e outros benefícios entregues a ele em Doha" na ocasião do amistoso entre Brasil e Argentina são "um problema à primeira vista". Apesar disso, os "fatos e circunstâncias que dizem respeito aos contratos dos direitos comerciais da CBF são muito mais sérios". 

A investigação de Michael Garcia demonstra que, em junho de 2011, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) teria recebido propina de 2 milhões de euros (cerca de R$ 6,6 milhões) em uma conta com o nome da filha de 10 anos. A suspeita é de que o dinheiro tenha sido parte de um esquema de compra de votos para que o Catar ganhasse o direito de sediar a Copa de 2022.

Outro documento aponta que Teixeira teria tentado subornar o comitê de organização que pretendia levar o Mundial de 2018 para a Inglaterra. "Lula não é nada. Você vem e me diz o que tem pra mim", teria dito o dirigente a Lord Triesman, ao alegar que o apoio do ex-presidente da República seria inútil para a candidatura inglesa. Ainda assim, o britânico disse aos investigadores não ter certeza de que a frase representava um pedido de propina, pois "Teixeira não tinha um domínio muito bom do idioma". 

Ricardo Teixeira ocupou um assento do Comitê Executivo da Fifa durante 18 anos, até renunciar ao cargo, em 2012. Mesmo assim, o brasileiro ainda está sujeito ao julgamento do Comitê de Ética da Fifa. O relatório aponta que ele violou seis artigos do Código de Ética da entidade. 

O ex-dirigente brasileiro não foi ouvido pelos investigadores e não foi encontrado pela reportagem para responder às acusações. Ele é investigado nos Estados Unidos, na Espanha e na Suíça por delitos praticados enquanto era presidente da CBF, mas segue em liberdade. Michael Garcia ainda não comentou o vazamento. Em 2014, o americano pediu demissão criticando o fato de a Fifa ter arquivado o relatório sem que as denúncias se tornassem públicas.

O conteúdo completo dos relatórios está disponível, em inglês, nos seguintes links: aquiaqui e aqui.