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Intenso tráfego aéreo faz paraquedistas do DF buscarem saltos em Pirenópolis

Intensidade do tráfego aéreo no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek deixa paraquedistas sem autorização para praticar a modalidade na capital do país. Diante da dificuldade, brasilienses inauguram área de salto em Pirenópolis (GO), a mais de 100km do DF

postado em 08/03/2014 11:16 / atualizado em 08/03/2014 18:24

Jéssica Raphaela /Correio Braziliense

Arquivo Pessoal

Um dos esportes mais assustadores e apaixonantes do mundo não encontra lugar em Brasília. Cerca de 100 paraquedistas que têm a capital como lar precisam cruzar as fronteira de outros estados para saltar. Na cidade com o terceiro aeroporto mais movimento do país, registrando mais de 12,3 milhões de passageiros em 2013, atletas ficam sem autorização para saltos — e o Distrito Federal, desprovido de ponto fixo reservado à modalidade. Para reconstruir o nome da cidade no cenário nacional, brasilienses recorrem a Goiás e inauguram área em Pirenópolis.

No novo local, será explorada a prática mais comum em Brasília: o salto duplo, quando o paraquedista inexperiente recebe instruções em 10 minutos e desce acompanhado do profissional. “Como o tráfego aéreo é grande, graças ao aeroporto internacional, a prática esportiva ficou muito prejudicada em Brasília. Hoje, o que atrai muita gente é o salto duplo”, conta Luciano Galvão de Souza, diretor técnico da Federação de Paraquedismo do Distrito Federal. A cidade só vê os paraquedas em eventos pontuais.

Pirenópolis fica a 132,5km de Brasília, mas é a região para saltos mais próxima. “O paraquedismo ficou sem apoio no DF. É uma pena, pois temos muito potencial, já que o poder aquisitivo é alto e os brasilienses gostam de esporte de aventura. Sou paraquedista há 20 anos e nunca tivemos uma área de salto na região”, reclama Souza, apelidado de Bambam, na expectativa de firmar a histórica cidade goiana como um “quintal” do DF.

André Niemeyer (Gago)/Divulgação
O espaço ainda é usado apenas para saltos duplos, mas a intenção é transformá-lo em uma área diversa, que também estimule cursos e formação de atletas. Se tudo der certo, Brasília pode até voltar a ter uma escola de paraquedismo. Hoje, a cidade conta apenas com instrutores que dão aulas avulsas. Os alunos são forçados a completar o curso em outro estado, geralmente em São Paulo — que abriga o Centro Nacional de Paraquedismo, em Boituva — ou Goiás.

Paraquedista há 35 anos, André Niemeyer é um dos únicos que tem a estrutura física para dar curso teórico e de condicionamento. A pequena sala na 714 Sul em nada se parece com o ambiente amplo dos saltos, mas alguns elementos deixam óbvio que o local é um laboratório da modalidade. Fotos nas paredes, macacões pendurados e uma cadeira de paraquedas suspensa dão o tom. “É nela que simulamos o salto, criamos familiaridade com o equipamento. Só falta o abismo em baixo”, comenta Gago, como é conhecido.

Depois de 12 horas de aula teórica, é o momento de ir para a prática, em Anápolis (GO). É preciso somar 31 saltos individuais para se tornar classe A. “Nos seis primeiros, o paraquedista já pula sozinho, mas com uma fita presa ao avião. A certa distância, ela puxa automaticamente o paraquedas. No sétimo salto, o aluno controla o momento de puxar”, explica o instrutor. Os três dias de aula teórica, mais o primeiro salto, custam R$ 800. “É necessário estar disposto a gastar, porque é um esporte de risco e exige muita técnica”, alerta Gago.

Dicas para quem quer saltar
» Todo instrutor precisa ter registro na Confederação Brasileira de Paraquedismo. Antes de contratar o serviço, acesse o site www.cbpq.org.br e cheque a situação do profissional

» Procure referências do instrutor com pessoas que já saltaram

» Desconfie de preços muito abaixo da média e evite adquirir em sites de compra coletiva, pois a qualidade do serviço pode ser comprometida

» Se for fazer o curso, confira se a carga horária das aulas teóricas é superior a 10 horas, mínimo exigido pela confederação brasileira da modalidade