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Operador em fábrica do refrigerante oficial da Copa cria grupo de corrida na empresa

postado em 05/04/2014 14:22 / atualizado em 05/04/2014 18:48

Rodrigo Antonelli /Correio Braziliense , Amanda Martimon , Felipe Seffrin /Correio Braziliense

Um levantamento divulgado após a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, apontou que o consumo de refrigerantes mais do que dobrou no país sede durante os 30 dias de competição. Foram comercializados mais de 1 bilhão de litros naquele fim de junho e início de julho. No Brasil, um estudo do ano passado mostra que a bebida gaseificada aparece, ao lado de cerveja, pipoca e salgadinho, como preferência nacional para acompanhar a programação esportiva no Mundial deste ano.


É nesse cenário que o trabalho de Elias Sousa do Nascimento, 31 anos, ganha mais importância e o aproxima da Copa do Mundo. “Já imaginou se falta refri no estádio? Não pode”, brinca o operador da máquina que enche as garrafas com o refrigerante oficial do torneio em uma fábrica de Brasília. Morador do Riacho Fundo, ele não vai conseguir acompanhar o Mundial de perto — já adianta que os ingressos estão muito caros —, mas não tem dúvidas de que é parte da festa. “Não existe futebol sem uma cervejinha ou refrigerante para acompanhar, dentro ou fora do estádio. Nosso trabalho é importante para deixar a Copa completa”, diz, cheio de orgulho.

Rodrigo Antonelli

Bom humor à parte, Elias também é conhecido na fábrica por sua disposição como esportista. Amante das corridas de rua desde 2004, quando foi apresentado à modalidade pelo irmão, ele não demorou a levar seus hábitos para dentro do ambiente de trabalho e ajudou a formar um grupo de corredores entre os colegas. “Sempre me encontrava com o Erick (Novaes), outro funcionário, nas provas da cidade. Um dia, surgiu a ideia de criarmos um grupo só com o pessoal da fábrica”, lembra. “Muita gente se interessou e ele foi crescendo.”

Lá se vão oito anos, a equipe de corrida ganhou nuances profissionais e conta agora com 50 atletas patrocinados pela própria empresa. Eles recebem auxílio para competir no Distrito Federal e em algumas das principais corridas de outros estados. “No ano passado, corri em 20 provas. Algumas fora da cidade”, comemora Elias, que já completou a volta da Pampulha, em Belo Horizonte, e a São Silvestre, em São Paulo. “Se não fosse a corrida, talvez nunca tivesse conhecido outros lugares.”

Aos 31 anos, Elias ainda é um dos destaques da equipe. Ao longo da “carreira”, acumula 180 medalhas em provas de rua pelo país e não pretende parar tão cedo. O objetivo é alcançar 1 mil medalhas. “O bom da corrida é que não tem prazo de validade. Quero correr até ficar bem velhinho, com 80, 90 anos”, projeta.

Inspiração

O grupo de corrida que teve Elias como um dos pioneiros serviu como porta de entrada no esporte para muitos funcionários. É o caso do analista de qualidade Glayton Roriz, 28 anos, que perdeu 35 quilos depois que conheceu a modalidade e agora se considera um viciado. “Pesava 120 quilos e comecei a praticar por causa da minha saúde. Perdi o peso que queria e, agora, não consigo largar mais. Corro quase todos os fins de semana.”

Rebeca Mameri, 27 anos, entrou para a equipe da fábrica depois da gravidez e não tem dúvidas quanto aos benefícios do esporte. “Sinto que estou muito mais disposta para tudo.” O treino fez evaporar os 25 quilos que ela ganhou no período de gestação e agora tem um prazer a mais. “Consigo levar minha filha para as corridas. Vou empurrando o carrinho, ela se diverte.”