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A luta filipina que virou sustento

postado em 05/05/2014 12:39

A luta filipina, mais que um esporte, é um meio de vida para os cidadãos do arquipélago de mais de 7 mil ilhas sudeste asiático. “Aprender a lutar desde pequeno é o costume de todos os filipinos. Essa é a forma que meus ancestrais se defendiam contra os invasores, por morarmos de uma forma desprotegida, em várias ilhas pequenas”, explica Dadá Inocalla, morador de Brasília há 38 anos e dono de oito escolas da arte marcial em Brasília e em mais sete cidades brasileiras.

Na capital, ele tem 70 alunos na sede da Asa Norte, fundada por ele pouco depois de aterrissar na cidade, em 1976, e ornamentada com as bandeiras do Brasil e das Filipinas. A luta foi a forma encontrada por Inocalla para se sustentar após cinco anos de viagens pelo mundo como monge — “passei por quatro continentes, não me lembro por quantos países”.

O mestre deixou a família e a casa de madeira e alvenaria à beira-mar, na cidade de Manila, capital das Filipinas, em 1971. Não levou mala alguma, apenas a roupa do corpo e a disposição para fazer a peregrinação como monge. Segundo a filosofia budista, o mundo inteiro é a pátria deles. Em todo o processo, nunca deixou de praticar fielmente a luta milenar.

Em Brasília, foi seduzido pelo clima e pela hospitalidade. “Aqui, as pessoas são alegres e comunicativas, como os filipinos”, conta o mestre Dadá, que também foi casado com uma brasileira. A luta, então, virou o meio de sustento.

Na luta filipina, quanto maior a experiência, menor é a arma a ser manejada. O iniciante, por exemplo, começa a prática com o ratã (vara de bambu para treinos), enquanto o faixa-preta consegue manejar praticamente qualquer objeto — desde um estilete até uma caneta simples. “É bom saber se defender de qualquer forma, com o que temos em mãos”, defende Inocalla, que também dá aula de thai chi chuan. “Devemos sempre nos preparar contra o inimigo. Ele pode ser uma pessoa ou nossa própria mente. A partir da luta, ficamos atentos e espertos contra os adversários, além de vivemos com qualidade de vida.”