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Atual campeão, Gabriel Medina surpreende com começo ruim de temporada

Pioneiros da modalidade no Brasil avaliam que ainda é cedo para falar em má fase

postado em 17/04/2015 09:21

Amanda Martimon

AFP PHOTO / KENT NISHIMURA

Assim como as ondas, o momento de alta e de baixa pelo qual passa o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe, Gabriel Medina, é visto como natural por pioneiros da modalidade no Brasil. Apostando na recuperação do compatriota na etapa do Rio de Janeiro do Circuito Mundial, em maio, surfistas veteranos do país analisam que ondas difíceis — aliadas ao fator sorte, ou à falta dela — nas últimas disputas prejudicaram o paulista. Fora do mar, a maré também está instável: indicado, Medina ficou sem nada no Prêmio Laureus, o Oscar do esporte, mas, ontem, apareceu na lista dos 100 mais influentes da revista Time.

Depois de bater a lenda do surfe, Kelly Slater, e outros campeões mundiais, como Mick Fanning, ao conquistar o título inédito do WCT para o Brasil no ano passado, Gabriel Medina tem amargado maus resultados nesta temporada. Nas três etapas iniciais disputadas até agora, todas na Austrália, o brasileiro só ficou entre os cinco melhores em Bells Beach. Na quarta-feira, acabou eliminado na segunda rodada em Margaret River e ficará na 25ª colocação — 20 a mais do que sua posição na mesma etapa em 2014. O começo também não lembra em nada o ano da conquista do título, quando ganhou a etapa inaugural de Gold Coast. Agora, o resultado foi um morno 13º lugar, com penalidade por interferência na onda do adversário.

“Quando você sai de um título e tem uma sequência ruim no ano seguinte, abre margem para questionamentos, mas é normal, são etapas difíceis de competir, tirando Gold Coast. Em Margaret, por exemplo, é complicado, tem muito de sorte. Não caracteriza uma fase ruim”, opina Fábio Gouveia, primeiro brasileiro a disputar, em 1992, o Circuito Mundial, ao lado de Teco Padaratz. O veterano explica que as incertezas do mar tornam a modalidade diferente de outros esportes, sendo comum atletas experientes variarem no ranking.

Um dos principais responsáveis por difundir o surfe no país, Rico de Souza aponta que Medina não foi bem nas escolhas das ondas e que, em alguns momentos, o mar não contribuiu. “Em Margaret, a onda é incrivelmente difícil: ou é espetacular, e o surfista tira uma nota alta, ou nem passa. O Medina não escolheu ondas maravilhosas, e o cara que estava contra ele era local, tinha mais experiência para escolher”, avalia.

Rico lembra que o diferencial de Slater, 11 vezes campeão mundial, é justamente a regularidade. “Não vejo como má nem decepcionante a fase do Medina. Campeonato tem altos e baixos, mas espero que ele se recupere e consiga manter.”

Próxima etapa

A chance de recuperação do paulista será “em casa”. Prevista para começar em 11 de maio, no Rio de Janeiro, a etapa brasileira do Mundial evidencia a instabilidade do atual campeão. Em 2012, ele ficou em 25º lugar. No ano seguinte, pulou para terceiro na disputa carioca e em 2014 ficou em 13º (veja quadro). Tecnicamente, porém, os veteranos acreditam que a prova na Cidade Maravilhosa deve ajudar Medina. “As últimas (etapas do Rio) rolaram na Praia do Portinho, que tem ondas cavadas e tubuladas. Ele é bom no tubo. O local é bom para manobra aérea também, em que ele vai bem”, justifica Fábio Gouveia.

Os veteranos brasileiros fazem ainda uma ressalva. “Favorece, se tiver nas condições normais do Rio”, alerta Rico. O público também é visto como um fator variável. “Ele terá a torcida toda a favor, mas aí tem a pressão, depende se atrapalha ou ajuda para ele. Mas tem tudo para ir bem e se recuperar”, aposta Fábio.