BIKE BEAT
Esporte que mistura polo e ciclismo ganha espaço em Brasília
Sem poderem pisar no chão, jogadores têm ajuda de taco para fazer gols
postado em 17/04/2015 09:25 / atualizado em 17/04/2015 09:34
As noites de segunda-feira não são mais as mesmas na SQS 111 desde 2012, quando um grupo de amigos escolheu a quadra poliesportiva da residencial para trazer à capital uma nova modalidade, o bike polo. Semanalmente, às 20h, o som das chuteiras em atrito com a quadra de cimento dá lugar ao barulho de pedaladas e tacos batendo no chão, e o futebol perde espaço por ali. As traves grandes são ignoradas, cones viram “minigols” e bastam seis jogadores — três por time —, cada um deles equipado com uma bicicleta e um taco, para que o jogo comece.
Com a bolinha rolando, o esporte pouco lembra o tradicionalíssimo polo, no qual foi inspirado. A elegância das corridas a cavalo — que tem o príncipe Harry, da Grã-Bretanha, como um dos praticantes mais famosos — é substituída por pedaladas, até desajeitadas, em busca de espaço. “É preciso ter muita coordenação e noção de espaço. No início, é bem difícil, mas quem é bom de pedal logo se acostuma”, explica o fotógrafo Matheus Silva, um dos entusiastas da modalidade em Brasília.
O objetivo do jogo é simples: vence quem fizer mais gols nos 10 minutos de partida. As únicas infrações são fechar um adversário, perpendicular ou frontalmente, e pisar no chão. “Por essa simplicidade, é um esporte legal e que vem atraindo novos fãs. Qualquer um que saiba pedalar pode entrar. Além disso, não precisa de grande estrutura e muitos equipamentos. A única necessidade é que a quadra seja cercada (para que a bola não saia para longe), e isso tem aos montes em Brasília”, argumenta o servidor público Yuri Freitas, um dos primeiros da cidade a praticar o esporte.
As partidas são sempre intensas e demandam bom preparo físico, por causa dos tiros em velocidade dos jogadores para tentar tirar a bola do adversário e buscar o gol. Disputas ombro a ombro são normais, e é necessário força para se manter equilibrado na bike. Até por isso, as bicicletas ideais para a prática do esporte são as de catraca fixa — aquelas que freiam quando se pedala ao contrário.
Campeonato
Em Brasília, o esporte ainda engatinha e é praticado mais como forma de diversão, mas não é assim no país todo. Em São Paulo, há times profissionais da modalidade, e um deles, o Underdogs Bike Polo Team, representa o Brasil em competições internacionais. No ano passado, a equipe conquistou a medalha de prata no Campeonato Latino-Americano — o mais importante do continente —, em Bogotá, na Colômbia. Dois anos antes, no Sul-Americano disputado em Buenos Aires, na Argentina, teve medalha de ouro para os brasileiros.
“Isso é fruto de muito esforço nosso. Mesmo sem apoio, todos do time conseguem conciliar os treinos duas vezes por semana com emprego, família e tudo mais. É por amor ao esporte mesmo, que é como um filho para nós, já que o trouxemos para o Brasil”, conta Gabriel Rodrigues, fundador do Underdogs.
Programe-se
Um grupo de fãs do esporte reúne-se nas noites de segunda-feira na SQS 111 para treinar. Quem tiver interesse pode aparecer. Basta levar a bicicleta, pois os organizadores emprestam para os novatos o taco, chamado mallet.