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VOO LIVRE

Como a falta de vento atrapalha o Mundial de Voo Livre, em Brasília

Ainda assim, asas-deltas colorem a capital sob sol forte e névoa seca

postado em 17/08/2017 11:15 / atualizado em 17/08/2017 11:15

Carlos Vieira/CB/D.A Press
Brasília, que é conhecida como o Havaí do voo livre, recebe o Campeonato Mundial de Asa Delta até sábado. Na capital federal, porém, o mar não está para onda, ou melhor, as famosas correntes de ventos ascendentes, chamadas térmicas, não deram o ar da graça como de costume nesta época do ano. Na segunda-feira, por exemplo, apenas o japonês Tanaka Genki completou o percurso de 115km do dia entre os 142 competidores do evento. As duas últimas etapas serão nesta quinta e sexta, com pouso na Esplanada dos Ministérios a partir das 15h.

O feito que levou Genki a subir 14 posições na classificação individual, saindo de 47º para o 33º lugar, foi uma espécie de compensação à equipe japonesa. Dois dias antes, o compatriota dele, Yugi Suzuki, caiu de asa delta, durante a prova, sobre uma árvore, em Planaltina-GO. Um outro piloto, que voava baixo, viu o acidente e avisou aos organizadores, que acionaram o resgate.

O japonês Yugi Suzuki sofreu traumas na coluna, no rosto, no abdômen e no tórax, além do descolamento de um pedaço do intestino, que teve de ser retirado em cirurgia no Hospital de Base. “Ele foi resgatado com velocidade por um helicóptero e está fora de perigo”, disse Sérgio Galvas, piloto brasileiro e membro da Comissão de Investigação e Prevenção de Acidentes de voo (CIPA).

Carlos Vieira/CB/D.A Press
“Estive em Brasília dois anos atrás, então sei como é. Mas as condições para voo estão piores nestes dias do Mundial. Esperamos dias melhores para as duas últimas etapas”, lamentou o italiano Alessandro Ploner, segundo colocado na disputa de quarta-feira e no Top 3 na briga pelo título individual.

Em outro dia de competição, o piloto alemão Gerd Dönhuber fez um pouso de emergência. Ele não sofreu ferimentos, mas entrou em área extremamente protegida, as imediações do Palácio da Alvorada. Gerd perdeu altura e não conseguiu fazer a aproximação rumo ao gramado da Esplanada dos Ministérios, local destinado ao pouso. “Sobrevoando o lago numa altura muito baixa, a única área que o piloto avistou para pousar em segurança foi aquela”, explicou Dioclécio Rosendo, vice-presidente da Confederação Brasileira de Voo Livre (CBVL).

Até a embaixada alemã precisou ser acionada. O piloto foi levado a uma delegacia para ser registrada ocorrência. O equipamento de voo acabou liberado pela segurança do Palácio da Alvorada e recolhido pela equipe germânica. “Foi um ato muito mais de segurança do que de invasão e desrespeito”, justificou Dioclécio Rosendo. Segundo ele, o competidor seria punido por infringir regras do campeonato.

Presente para os filhos

Na quarta, a expectativa na largada no Vale do Paranã (GO), a cerca de 100km da Esplanada dos Ministérios, era de que o sétimo dia de competição fosse o mais difícil. Embora as térmicas tenham oscilado durante o trajeto, foi a primeira etapa em que a piloto Francoise Dieuzeide-Banet conseguiu finalizar na Esplanada dos Ministérios. Muito sorridente, a francesa apontou para as suas duas inspirações: “Cheguei à Esplanada pelos meus dois filhos, que vieram me ver na quarta-feira”, orgulhou-se.

Na reta final da competição, italianos assumem favoritismo na busca pelo título individual. Atual campeão mundial, o italiano Christian Ciech chegou primeiro. Mas foi o conterrâneo dele Alessandro Ploner que viu as chances aumentarem de sair de Brasília como o novo campeão mundial de voo livre. “Voar é minha vida, então uma competição dessas para mim tem grande importância. Estou entre os primeiro e pretendo terminar o campeonato entre as duas melhores posições”, almeja o piloto, que começou a voar em 1995. Na disputa por equipes, o Brasil está na briga por pódio.