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Resultado de Anderson Silva pode definir futuro da febre do MMA no Brasil

Na volta ao octógono, Spider encara Nick Diaz em Las Vegas

postado em 29/01/2015 10:10 / atualizado em 29/01/2015 10:16

Amanda Martimon

Jayne Kamin-Oncea-USA TODAY Sports

Para o país que perdeu três cinturões nos últimos três anos, a volta de Anderson Silva ao octógono, neste sábado, vale mais do que a superação pessoal do lutador. Além de tentar vencer Nick Diaz e obter o carimbo para brigar pelo cinturão que foi seu, Spider carrega a tarefa de voltar a impulsionar o UFC no Brasil. Especialistas na modalidade, atletas e treinadores ouvidos pelo Correio compartilham a opinião de que o MMA conta com a vitória de Silva para ganhar mais visibilidade e maior chance de patrocínios a lutadores nacionais.

Febre há dois anos, o UFC viu a popularidade diminuir entre os fãs brasileiros junto à queda de desempenho dos compatriotas. O golpe mais forte veio em julho de 2013, quando Spider perdeu o título dos pesos médios para o norte-americano Chris Weidman. Mas o nocaute ficou para dezembro, com nova derrota do brasileiro na revanche e uma grave lesão na perna, que o deixou em recuparação por mais de um ano. Antes, Maurício Shogun havia perdido o cinturão dos meio-pesados, em 2011; e Cigano, o dos pesados, em 2012. Em agosto de 2013, Rafael dos Anjos ficou sem o título do peso leve e, assim, restou apenas a conquista de José Aldo, no peso pena, para o Brasil.

O especialista em marketing esportivo Nicolas Cabellero avalia que uma vitória de Anderson Silva sobre Nick Diaz, no sábado, será importante para se retomar a referência do UFC no Brasil. “A figura dele (Silva) influencia muito e engloba muito mais do que só a luta. A retomada do público, no caso de vitória, serve para conseguir mais apoio e investidores para os demais lutadores, o que é fundamental em uma modalidade que atingiu um grau altíssimo de profissionalização”, analisa.

César Gualdani, também especialista da área, reforça a opinião de que a volta de Spider com vitória será fundamental para traçar os rumos da modalidade no país. “Ele possui um carisma inabalável e tem um grande retorno (de mídia). Isso só tem a contribuir. O peso dessa vitória, porém, pode funcionar como motivação ou pressão. Pelo nível dele, acredito que é mais motivadora.”

“Acho que o Brasil nunca deixou de ser grande no UFC. Independentemente do número de cinturões, sempre tivemos bons lutadores, com ótimos resultados”, pondera Junior Cigano, ex-campeão peso pesado. “A luta do Anderson Silva é um diferencial importante. O fundamental, neste primeiro semestre, é que temos a chance de conquistar outros quatro cinturões”, completa.

Visibilidade

A relação da vitória com o crescimento da modalidade é simples, segundo Cabellero. Com resultados positivos dos brasileiros, o UFC ganha mais visibilidade na mídia nacional e atrai o interesse de um público maior. “O Gabriel Medina é um exemplo. A conquista dele estourou o surfe no Brasil, e ele virou ídolo. Nos últimos dois anos, os brasileiros, com exceção do José Aldo, não conseguiram resultados positivos (no MMA) e nós sabemos que a ascensão do esporte é composta pelos ídolos. Então, houve uma retração”, argumenta Cabellero.

Em 2015, cinco brasileiros têm duelos por cinturão marcados (veja quadro). O próprio Anderson Silva, se vencer Nick Diaz, também ganhará uma chance de voltar a brigar por título, segundo declarações de Dana White, presidente do UFC. “Acho que essa luta do Anderson Silva tem uma grande influência nas próximas lutas de brasileiros, pois o público é cativado pelo sucesso dos seus compatriotas”, observa Gualdani.