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Em baixa no UFC, Brasil disputa dois cinturões na edição 214

Cris Cyborg e Demian Maia buscam ampliar o número de títulos do país, que atualmente conta com apenas um

postado em 26/07/2017 11:40 / atualizado em 26/07/2017 12:09

Com o cancelamento da defesa do cinturão de Amanda Nunes e a derrota de Fabrício Werdum para o holandês Alistair Overeem no UFC 213, o último grande evento do Ultimate Fighting Championship (UFC) não proporcionou grandes emoções aos brasileiros. O país, que vive uma das piores fases na franquia, pode mudar o panorama no sábado, no UFC 214, maior evento desde a edição 205. Pela segunda vez na história do Ultimate, três cinturões serão disputados na mesma noite, em Anaheim, na Califórnia (EUA). Dois atletas nacionais estão no páreo. Cris Cyborg e Demian Maia vão ter a chance de aumentar o número de títulos para o Brasil, que hoje é de apenas um.

Mateus Bonomi/Futura Press


Ambos os lutadores são debutantes na disputa pelo cinturão de suas categorias. Para Cyborg, a competição tem um gosto especial, já que será a primeira vez que combaterá no UFC na sua categoria original, a peso-pena. Desde 2016 na franquia, a curitibana só entrou no octógono duas vezes, pelo peso-casado, pois a divisão peso-pena feminino foi criada recentemente. “Essa luta para mim é muito significativa. Eu devo aos meus fãs, que fizeram isso acontecer”, disse ao Correio, em entrevista por videoconferência.

O título pertencia a Germaine de Randamie, que venceu a americana Holly Holm em fevereiro deste ano na estreia do peso-pena para mulheres. Quando a holandesa se recusou a defender a conquista diante de Cyborg, o UFC retirou dela o cinturão e marcou um duelo pelo título. A princípio, a luta ocorreria entre as duas últimas campeãs do peso-pena no Invicta FC, organização de MMA só para mulheres: Cyborg e Megan Anderson. Porém, a rival desistiu, alegando motivos pessoais, a apenas um mês para o confronto.

Tonya Evinger topou entrar na vaga. A norte-americana é campeã do peso-galo no Invicta FC e vai subir de categoria para lutar. “A Tonya está mostrando bastante coragem por aceitar em cima da hora. Acredito que ela vai me dar mais trabalho que a Meg Anderson”, observa.

Para Cyborg, a mudança de adversária em cima da hora não muda muita coisa. “O jogo com Tonya é diferente, mas venho treinando bastante. Procuro treinar tudo e estar preparada para o que vier”, explica a lutadora. Ele nega o favoritismo na primeira disputa pelo cinturão do UFC. “Não acredito em vantagem. Dentro da luta, você tem de respeitar sua adversária. No octógono, tudo muda.”

Inédito

O Brasil também pode ostentar um campeão do peso-meio-médio. Aos 39 anos, Demian Maia terá a chance de fazer história, já que o título nunca pertenceu ao país. O adversário é o americano Tyron Woodley, na sua terceira defesa de cinturão. No UFC desde 2007, o brasileiro vive sua melhor fase na franquia. Com sete vitórias seguidas, ganhou de nomes importantes da categoria, como Jorge Masvidal e Carlos Condit.

A lembrança da primeira e última luta por um cinturão não é das melhores. Demian enfrentou o compatriota Anderson Silva no UFC 112, em 2010, pelo título do peso-médio. Spider fazia a sexta defesa e ganhou por decisão unânime dos juízes, após cinco rounds. Demian mudou de categoria de peso em 2012.

Invicto, brasiliense Renato Moicano encara americano

Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press


No UFC 214 — cuja luta principal será a revanche de Jon Jones contra Daniel Cormier pelo peso-meio-pesado — há também a presença confirmada de um brasiliense que integra o card. Renato “Moicano” enfrentará o norte-americano Brian Ortega na categoria peso-pena. Com três lutas e três triunfos na franquia, o lutador do DF, de 28 anos, tem carreira bem-sucedida. Em seu cartel profissional de MMA são 10 vitórias e um empate.

O adversário também está num bom momento. Ortega vem de três vitórias seguidas. No ranking está apenas uma posição acima do brasileiro, que ocupa a nona colocação. “Essa luta faz muito sentido porque são dois adversários novos, com um cartel parecido e em progresso no ranking”, afirma Moicano. “Na maioria das minhas lutas, eles me botam como azarão, mas estou vencendo. Na minha última disputa, lutei contra o sétimo do ranking e ganhei”, relembra.

Ele encara o momento na carreira como decisivo. “É uma chance de mostrar que mereço estar na elite da categoria”, observa. Ortega está voltando de uma lesão, e a estratégia foi um treinamento focado nas qualidades do adversário para anulá-lo. “Ele tem defeitos tanto em pé quanto no chão, então, pretendo explorar isso da melhor maneira possível”, conta.

Estratégia

Além do treino físico, Moicano considera a estratégia como seu outro ponto forte. “É necessário estar preparado para me adequar às diferentes situações na hora da luta”, ressalta. Para ele, a má fase vivida pelo Brasil é reflexo de alternativas buscadas por atletas de fora. “Os americanos investiram no jiu-jítsu, modalidade que era nosso ponto forte”, diz.

Moicano nasceu e foi criado na capital federal. Só deixa a cidade para as competições e campings de treinamento. “Eu gosto muito de Brasília. Quando não estou treinando, estou envolvido com o esporte na cidade.”

Nadar no Lago Paranoá e correr pelo Parque da Cidade são alguns dos hobbies. O lutador conheceu as artes marciais com três anos e nunca parou de praticar. Além da carreira de atleta, mantém uma academia de combates na capital. “Tudo que tenho hoje consegui pela luta, e sou grato por isso”, afirma.