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Família Chabalgoity prepara um novo tenista: Pedro Henrique, 8 anos

Garoto é sobrinho de Cláudia Chabalgoity, brasiliense que disputou as Olimpíadas de 1992

postado em 26/03/2017 06:00 / atualizado em 27/03/2017 20:00


Filho de peixe, peixinho é. O ditado reflete a paixão pelo tênis na família Chabalgoity. Além de compartilhar o mesmo sobrenome, a paixão pelo esporte é dividida, com a modalidade transmitida de geração para geração. Primeiro, Carlos Eduardo, 52 anos; depois, Cláudia, 46; agora, o pequeno Pedro Henrique, 8, que hoje representa a família nos principais torneios jovens do país. Fora das quadras, tanto o pai quanto a tia não deixaram totalmente a modalidade de lado e atualmente se envolvem de diferentes formas com o tênis.

A tradição do clã Chabalgoity se iniciou com Carlos, mais conhecido como Chapecó. Irmão mais velho de Cláudia, ele iniciou a prática do esporte aos 9 anos e, aos 10, já era campeão brasileiro da categoria. “Esse processo foi muito rápido. Quando eu vi, estava envolvido no tênis em nível de competições, tanto nacionais, como internacionais”, relembra. Reconhecido como um dos principais tenistas de destaque no juvenil, ele chegou a ser bicampeão no Orange Bowl, nos Estados Unidos, considerado o campeonato mundial juvenil.

Luis Nova/Esp. CB/D.A Press
Já Cláudia, um dos principais nomes do tênis brasileiro nos anos 1980, começou no esporte ainda mais nova. Por influência do irmão mais velho, aos 3 anos, já estava dentro das quadras. O esporte era tratado de forma séria desde cedo e as competições começaram aos 5. “Eu não tive que escolher o tênis, foi tudo muito natural”, conta. A jogadora encerrou a carreira profissional em 1994 por causa de uma tendinite no ombro. Antes disso, havia se tornado a primeira brasileira a conquistar quatro medalhas nos Jogos Pan-Americanos, em Havana-1991: uma de ouro, duas de prata e uma de bronze. Além disso, representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona.

Carlos não chegou a jogar pelo profissional adulto. A carreira, que decolou cedo, terminou aos 23 anos. Ele avalia que o destaque prematuro e rápido foi o que mais o prejudicou. “Em vez de eu estar brincando na quadra e treinando em grupo, eu estava treinando individualmente por ter um diferencial”, lembra. Aos 16, quando estava no auge, ele já se sentia saturado. “Eu estava cansado de todo o envolvimento e fui perdendo o prazer de estar em quadra.”

 

Lado positivo

Apesar de lamentar a carreira curta, Carlos vê um lado positivo. Com o conhecimento das falhas do passado, ele espera não repetir o erro com o filho. Pedro tem tido destaque nas competições. A última conquista foi o título de campeão em simples e em duplas na Copa Gerdau, principal torneio infanto-juvenil do Brasil. Segundo o pai, Pedro tem evolução acima da média dos outros garotos da idade, mas sabe dosar até que ponto desenvolver isso. “Meu papel é mostrar para ele que isso é um processo lento. Nem sempre ele será o campeão”, afirma.

A tia demonstra preocupação com a carreira do sobrinho, mais um influenciado pela família a empunhar uma raquete desde cedo. “A criança tem de brincar para depois ser um jogador. Sempre falo para ele ir se divertir na quadra”, diz. O pequeno tenista é tímido, mas, quando fala em um sonho, logo solta: “É ser tenista”. A preparação para torneios e viagens, na idade de Pedro, também é importante para o futuro. Chapecó assegura que mantém cautela. Ele voltou a se envolver com a modalidade por causa do filho e, hoje, é um dos treinadores do garoto.

Luis Nova/Esp. CB/D.A Press
O pai ainda modera a quantidade de torneios de que Pedro participa, pois não acha bom que ele esteja presente em todos. Além disso, inscreveu o pequeno em uma escola de tênis para que ele pudesse treinar em grupo, com outras crianças, pois duas vezes na semana faz a atividade sozinho. A cobrança dos estudos também é prioridade para Carlos. Quando Pedro vai para algum torneio fora da cidade, leva os livros para fazer os deveres de casa e estudar. “Ele já está se conscientizando de que tem de dar satisfação para a escola e os estudos”, avalia.

Antes mesmo de começar a treinar o filho, Carlos tinha experiência na formação de jogadores. Após deixar as quadras, ele se mudou para o Japão, onde desenvolveu a carreira de técnico. Hoje, é coordenador do núcleo de Brasília no projeto Massificação do Tênis do Instituto Tênis, sediado em São Paulo. O programa visa a difundir a prática do esporte em todo o Brasil e trabalha com foco em crianças de 4 a 10 anos. Atualmente, 6.800 crianças participam do programa no Distrito Federal.

 

Integração social

A tendência de se envolver em projetos sociais que desenvolvem a modalidade também está presente na vida de Cláudia Chabalgoity. O desejo veio após o fim da carreira como profissional. Em 2000, a atleta começou a trabalhar com o tênis em cadeira de rodas e fundou o projeto Inserir, responsável por apoiar a prática do exercício pelos cadeirantes. “Como o tênis é um esporte individual, você pode trabalhar muito o autoconhecimento”, avalia.

Por falta de patrocínio, o programa acabou em 2007 e Cláudia prefere não falar do assunto. “Não foi um desejo meu. Pelo contrário, foi uma fase muito ruim, de depressão, porque me afastaram do tênis”, lamenta. Porém, o mau momento passou e, neste ano, ela pretende inaugurar o Tô no Jogo. A nova proposta, também de cunho social, tem como base o tênis integrativo e é destinado a crianças maiores de 5 anos com deficiência intelectual, além dos cadeirantes. Com patrocínio do Banco de Brasília (BRB), 50 vagas gratuitas serão oferecidas para crianças que não têm condição financeira de pagar por uma atividade esportiva.

“Não é uma escola direcionada somente a aprender o esporte em si”, esclarece. A ideia é unir a prática da modalidade com o desenvolvimento psicológico. A veterana agora é estudante de psicologia e está empolgada com o objetivo. “Vamos desenvolver integralmente aquela pessoa por meio do tênis”, comenta. O interesse no curso veio ao reparar a falta que esse apoio psicológico teve na própria carreira. “Antigamente, não havia muito essa coisa da equipe multidisciplinar”, recorda.

Para a aluna do sexto semestre, a disciplina é fundamental para ajudar o atleta a passar por todas as emoções dentro do alto rendimento. Portanto, a formação do ser é completamente importante. “O tênis é um esporte de muita cobrança e você tem de estar preparado emocionalmente para saber sentir suas emoções”, ressalta.

Serviço

Tô no Jogo (projeto de tênis integrativo)
São 50 vagas gratuitas para crianças acima de 5 anos com deficiência intelectual ou cadeirantes, no Clube Assefe. Mais informações no telefone (61) %u2060%u2060%u206099636-8587